Refleqções auto-referentes
Algumas refleqções de Millôr Fernandes (se sou eu quem escrevo refleqções...):
1. Também não sou um homem livre. Mas muito poucos estiveram tão perto.
2. Não adianta me exaltarem. Sou apenas um homem comum levado a suas extremas conseqüências.
3. Sou civil desde nascença.
4. Estou escrevendo minha biografia. Mas ainda não decidi se vou morrer no fim.
5. Quando fizerem minha autópsia encontrarão o Rio no meu coração.
6. Declaro aqui a ciência que, hoje, admiro mais. É a mais moderna – a arqueologia.
7. Ser brasileiro me deixa sempre um pouco subdesenvolvido.
8. A cada dia aumenta em mim a sensação perturbadora de ser feliz num mundo em que isso é considerado reacionário.
9. Eu não nasci só pra viver, mas pruma coisa muito melhor que ainda não descobri o que é.
10. Minha especialidade e meu orgulho – sou o maior leigo do país.
11. Sou carioca de algema (com música de Carlos Lyra).
12. Até os 12 anos morei em casas, espécie de apartamentos primitivos.
13. Eu sempre sei do que estou falando. Tirando isso não sei mais nada.
14. Cada vez mais cético, não acredito nem no refluxo da maré. Sei que um dia ela não volta.
15. Não há nada mais equivocado do que ter certeza.
16. "Ver para crer." Vou além de Mateus. Vejo e não creio.
17. Muitos dão a vida por suas crenças. Nunca arrisquei a vida pelo meu ceticismo.
18. Quando acordo de manhã tenho a certeza de que não morri de noite. E fico feliz com isso.
19. Neste mundo não há felicidade. Eu sou feliz assim mesmo.
20. Só conheço uma verdade definitiva: a do compasso.