Por Ruy Castro:
Na madrugada de terça-feira, um grupo de 20 homens encapuzados (as primeiras notícias falavam em 40) rendeu o vigia de uma marmoraria na Água Branca (zona oeste de São Paulo), armou uma quantidade de explosivos de uso exclusivo do Exército e detonou uma parede para chegar ao interior do prédio ao lado, que abriga uma transportadora de valores.
Os bandidos roubaram cerca de R$ 10 milhões em malotes e, armados de fuzis e metralhadoras, fugiram em dez carros. A explosão disparou um alarme que alertou a PM. Esta os perseguiu pela rodovia dos Bandeirantes, houve troca de tiros e dois bandidos morreram. Parte do dinheiro foi recuperada em quatro carros que eles abandonaram. Foi uma operação espetacular, mas que deu prejuízo.
No dia seguinte, em Brasília, outro grupo de 40 homens (as previsões falavam em apenas dez) rendeu 130 milhões de eleitores e, usando de prerrogativas exclusivas, como a de botar o rabo entre as pernas para votar, explodiu de vez a confiança do brasileiro no Senado ao derrubar o processo de cassação do senador Renan Calheiros.
Suas Excelências não precisaram fugir do local às pressas, nem trocar tiros, nem foram perseguidos pela polícia. Terminada a operação, cada qual voltou tranqüilamente para seu apartamento funcional em Brasília, onde, qualquer que seja o bairro, estão todos a salvo do povo e de cobranças pessoais. Apesar de se terem encapuzado para votar, é possível identificar a maioria desses elementos, embora os mais cínicos estejam simulando repudiar o próprio voto. Outros, que se "abstiveram", estão pulando miudinho para explicar por que cuspiram em seus eleitores. Tecnicamente, todos morreram.
A diferença entre as duas operações é que a dos senadores não se passou por reles R$ 10 milhões.
Continue lendo