Este é um dado que não consta da prestação de contas do PFL nem do PMDB, entregues à Justiça Eleitoral, referentes à campanha municipal de 1996: a candidatura de Antonio Carlos Pupulin somente chegou ao final por ter recebido uma injeção financeira externa, de outro partido político. Havia problemas com a arrecadação; nomes de peso do partido, como os vereadores Umberto Crispim (hoje presidente do partido) e João Alves Correa (hoje presidente do Legislativo), eram acusados de não se empenharem na campanha do seu colega. O então prefeito Said Ferreira decidiu agradar o governador Jaime Lerner e abraçou a candidatura do ex-deputado Joel Coimbra, do PDT. Pupulin, que licenciou-se da presidência da câmara para a disputa, ficou sozinho no meio da campanha; poucos assessores e amigos chegaram ao final da disputa ao seu lado.
Para Pupulin começaram a sobrar as dívidas, o que o fez desanimar. Ele, que havia começado bem a campanha e tinha chances, por falta de apoio político dentro do próprio partido e por falta de dinheiro para garantir o feijão-com-arroz de sua candidatura e dos candidatos a vereador, quis desistir. Foi então que apareceu o deputado federal Ricardo Barros, que ainda não havia sido expulso do PFL. Barros raciocinou: se Pupulin sair, as chances de Jairo Gianoto (PSDB) ou Coimbra aumentariam substancialmente. O irmão de Ricardo, Silvio II, era o candidato do PFL. Silvio II não tinha sequer um telefone em seu nome, em Maringá; à Justiça Eleitoral, havia fornecido como seu endereço residencial o endereço do advogado do irmão deputado. Para manter vivas as chances, Barros bancou a campanha do PMDB, seu rival, na eleição municipal de 1996. Silvio II ficou em segundo, na reta final; Pupulin, em quarto, 808 votos distante do quinto colocado, José Cláudio, do PT, que viria a ser eleito prefeito em 2000.
Agora, 11 anos depois, Ricardo Barros, insatisfeito por ter perdido o PMDB na convenção, onde financiou uma chapa que tornou-se conhecida como Manda Barros, está cobrando a dívida que ele quitou para os peemedebistas em 1996. A cobrança vem na forma do lançamento da candidatura de Pupulin a prefeito dentro do PMDB, criando cizânia e procurando inviabilizar a candidatura de João Ivo Caleffi. O governador Requião, que já se referiu ao vice-líder de Lula como "Gato Barros" e "picareta", vai ter que acabar intervindo no processo pré-eleitoral do seu partido em Maringá, em favor de João Ivo, se quiser manter o mínimo de coerência e de possibilidade de sobrevida de seu velho PMDB de guerra. Se não mostrar mão forte hoje, amanhã lhe tomam o controle do PMDB estadual.
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