As bengaladas do Papai Noel
Por MARCOS CAPELLAZZI
As bengaladas que Yves Hublet, 67, escritor e artista de filme de comédia caipira deu no Zé Dirceu foi a desonra e humilhação maior que este sujeito podia passar dia antes da sua cassação. Não pela violência ou força, me parece até que o claudicante Senhor não conseguiu realmente bater, mas pelo significado do ato de realização do repúdio da nação brasileira a este sujeito e o que ele representa.
Estou pensando sobre a consternação do povo brasileiro em face da nossa realidade, nacional e local e, também, de como seria a bengalada do Papai Noel em nós em razão do nosso “espírito natalino” nestes dias.
No rádio do carro, jornais escritos, tv, revistas e internet sou metralhado por informações que me enchem “o ....” com preocupações de ordem econômico-financeira, a beleza e vaidade das pessoas. Seria isto uma espécie de luxúria?
Ouço, vejo e leio que o Natal se aproxima e o sentimento que me acomete é o do consumismo desenfreado. O sistema me impinge uma situação de que sem consumo nem eu nem ninguém poderá ser feliz. Que um presente é o que vai realizar o meu Natal, o da minha família e da minha turma.
A preocupação é total em relação aos que querem faturar e aos que querem gastar. Estamos dependentes do consumismo e da realização das nossas vaidades para sermos felizes, mesmo que nos endividando. Se não houver presentes não haverá Natal!
Mas a reflexão que se impõe em minha mente é o dilema da Sra. Divina (significa Maria de Jesus para os cristãos, mãe daquele que nasceu no dia de Natal), 60 e poucos anos, negra, três filhos, um desempregado, e dois excepcionais (deficientes mentais), sendo um deles mãe de duas crianças.
A preocupação dela quando me procurou na Secretaria de Assistência Social era o IPTU e as mensalidades da sua casa no conjunto Guaiapó, 40 m2, onde reside, atrasados há anos.
Mas alguns minutos depois descobri que um problema maior afligia aquela senhora já decepcionada pela vida. Com os olhos lacrimejando e consternada, demonstrou que sua maior dificuldade naquele dia era a comida, não para ela, mas para os netos.
Como será a bengalada que o Papai Noel nos reserva para este Natal? A vida é uma grande aventura que Deus nos proporciona, que não a desmereçamos.
(*) Marcos Capellazzi é presidente do Instituto República
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