2.5.09

"O câncer no palanque"

Trecho de reportagem de Otávio Cabral na Veja, intitulada "O câncer no palanque":

Desde que anunciou o diagnóstico de linfoma, um câncer no sistema linfático, a ministra Dilma Rousseff não teve o direito que assiste a toda pessoa que se descobre paciente de uma doença grave: o recolhimento e o silêncio. Nada disso. Mal se soube da doença e ela passou a ser vista sob o único e exclusivo ângulo do animal político. O câncer é bom ou ruim para sua candidatura à sucessão de Lula? A doença fragiliza ou humaniza a candidata, tida como dama de ferro? As pesquisas vão apontar se o anúncio da doença foi positivo? Foram essas algumas das questões que fizeram submergir as mais comezinhas considerações humanas com a pessoa Dilma Rousseff. Compreende-se até certo ponto. O presidente vem trabalhando para conferir musculatura eleitoral a Dilma, que, aos 61 anos, nunca enfrentou as urnas.

A assessora desconhecida deixou o ostracismo e se converteu em candidata viável. Há um ano, a “mãe do PAC” registrava 3% em uma pesquisa de intenção de voto do Datafolha. Hoje, está a 30 pontos do primeiro colocado, o governador paulista José Serra, do PSDB, mas já alcança 11%. O tratamento do linfoma, no entanto, pode reduzir a exposição pública de Dilma e congelar as articulações em torno de sua candidatura. Diante dessa ameaça, o governo partiu para uma exploração despudorada do câncer da ministra, a fim de manter o nome de Dilma na ribalta.
A senha para o aproveitamento eleitoral da doença foi dada por Lula em um comício em Manaus, ao lado da ministra, realizado apenas dois dias depois da entrevista coletiva em que se anunciou a enfermidade. Disse o presidente: “Se você não rezava toda noite, agora trate de começar a rezar, porque esse povo vai precisar muito de você daqui pra frente”. Seus subordinados seguiram em – aparente – ordem-unida. Com ainda menos sutileza, deixaram claro que gostariam de ver o câncer convertido em lucro nas urnas. “Pode fortalecer a identidade da ministra no projeto que se confunde com a superação das dificuldades do próprio país”, disse o ministro da Educação, Fernando Haddad. “Tenho a impressão de que deve ter impactado muito favoravelmente na opinião pública do país”, afirmou Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência e notório por ter comemorado com gestos de “top top” um laudo – que, para ele, teria efeito positivo para o governo perante a opinião pública – do acidente aéreo que matou 199 pessoas em São Paulo em 2007.

4 pitacos:

Anônimo,  08:57  

sem duvida que é bom politicamente , temos um exemplo no parana uma vereadora com cancer fez um drama danado com seus $$$$ amigos """""jornalistas""" $ todosd rezando,orando e etcsss e acabou se reelegendo .........afffffffff que nojoooooooo.

Anônimo,  10:31  

E o caso da pessoa que se candidatou dep. e antes soltaram um cancer na midia? esta eleita!!

Anônimo,  10:36  

O titulo desta Veja é simplesmente de um mal gosto e falta de respeito, quando Mario Covas foi a reeleição em São Paulo não houve nenhuma matéria com este título da Veja.
Bom estamos falando da Veja, braço dos DEMOTUCANOS, e é só o que deveria vir delles....

Anônimo,  11:08  

Rigon, eu nunca vi em outro pais, um ministro de Estado marcar coletiva para anunciar uma doença, eu acho que foi uma coisa estranha, não tenho nada contra a Ministra, mas eu acho que se ela tivesse ficado quietinha e quando a saúde dela tivesse boa ele falasse da sua experiencia teria sido bem melhor, ela falou que descobriu o cancer graças as consultas que ele faz todos os anos, agora porque ninguem perguntou a ela quantos brasileiros e brasileiras podem fazer o chekape que eles politicos fazem, se para fazer um exame de mamografia demora quase seis meses.

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