"Dilma não se entrega"
Trecho de reportagem de Cynara Menezes na revista CartaCapital sob o título "Dilma não se entrega":
A notícia de que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT ao Planalto, sofre de câncer no sistema linfático acabou se transformando em um desconcertante “fato novo” da sucessão presidencial. Enquanto o drama pessoal era deixado de lado, a doença de Dilma detonou toda sorte de especulação na mídia sobre seu futuro político. E nem sempre de forma elegante.
Revelada no sábado 25, a doença da ministra deu asas à imaginação sucessória e inverteu o discurso do governo e da oposição. Nome predileto de Lula à disputa presidencial no ano que vem, Dilma vinha sendo estimulada pelo presidente a vestir o figurino de candidata. Um e outro foram então acusados de precipitar o debate eleitoral.
Com o “fato novo”, a oposição, e grande parte da mídia, mudou o discurso. Ao longo da última semana, apesar das reiteradas informações de que o linfoma foi detectado na fase inicial e as chances de cura são altíssimas, as palavras câncer e sucessão presidencial andaram juntas no noticiário. O que era indesejável, precipitado e ruim para a democracia passou a ser fundamental, urgente. A horda de colunistas políticos tomou a iniciativa de decretar o enterro da candidatura da ministra. Depois, ante a notícia de que a doença pode não ser tão grave, passou a acusar Dilma Rousseff de tentar se promover no episódio, ainda que o assunto tenha virado pauta nacional à revelia da paciente.
O governo, por seu lado, procura minimizar o assunto e tenta impedir a base aliada, em especial o PMDB, de alvoroçar-se como urubu na carniça. Poucas horas após o anúncio da doença, havia peemedebistas interessados em inflacionar o passe do partido em uma eventual aliança nas eleições presidenciais de 2010 sob o pretexto de que um concorrente enfermo se tornaria um fardo mais pesado.
0 pitacos:
Postar um comentário
Vê lá o que vai escrever! Evite agressão e preconceito. Eu não vou mais colocar xizinho; na dúvida, não libero o comentário.