O pescador de Madagascar
Do português Antonio Alçada Baptista, no blog do Balestra:
A gente, antigamente, quando se tratava de falar dos pobres, dizia: São pobres. Se viviam na miséria, dizia assim: Coitados, vivem na miséria. Com os países, a mesma coisa: havia países pobres e países ricos. Dizia-se a miséria na Índia, a fome em Cabo Verde, as febres e as pestes dos trópicos, assim.
A ciência e a técnica contribuíram poderosamente para a aquisição da nossa boa consciência na medida em que substituíram palavras com conteúdo mais ou menos ético, mais ou menos acusador, por outras, inocentes e inodoras, próprias à manipulação diária, sem reflexos numa consciência sensível. Hoje a gente diz economicamente débeis, classes menos favorecidas, países subdesenvolvidos, e continuamos, serenamente, a comer o nosso almoço de sopa, dois pratos, pão, fruta, vinho e café. Mais.
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Vê lá o que vai escrever! Evite agressão e preconceito. Eu não vou mais colocar xizinho; na dúvida, não libero o comentário.