Como dói!

LUIZ CARLOS RIZZO

Ainda estou chocado e trêmulo com a morte do Toninho Fermenton. Caramba, como a vida nos reserva terríveis surpresas!
Como nossa vida é tão frágil! Vale a pena levar a vida tão a sério se, numa fração de segundos, décadas de dedicação, trabalho e perseverança terminam em nada? Absolutamente nada!
Tenho orgulho de dizer que convivi com o Toninho Fermenton por muitos anos. Além de facilidade em fazer amizades, Toninho, que não gostava de lembrar que em seu nome também havia Donizete, tinha muitas qualidades. Amigos não conseguem enxergar eventuais defeitos. É assim mesmo.
Nos anos 70, Toninho era nosso motorista do carro de reportagem da sucursal maringaense da Folha de Londrina, onde eu era repórter.
Eu sempre achava que era pouco, mas muito pouco mesmo, ele continuar na função de motorista, embora fosse um trabalho digno e respeitado.
Acontece que a inteligência do Toninho era para ser melhor aproveitada. Desperdício era continuar usando apenas membros superiores e inferiores para ganhar a vida.
Ensinei-o a produzir textos jornalísticos, o suficiente para ele se transformar em colunista social da sucursal maringaense da Folha de Londrina.
A partir daí, grandes saltos fez o Toninho em sua vida: apresentador de tv na Tibagi, em Apucarana, representante comercial até se tornar empresário.
O Toninho era um empreendedor guerreiro. Desses que acreditava no que fazia e fazia você acreditar com argumentos fortes e forte presença pessoal.
Dos anos de convivência com o Fermenton, guardo o sorriso largo, o forte timbre de voz, a segurança do que transmitia e o lado feliz de criança que ria com as pequenas coisas da vida que, na verdade, são grandes gotas de felicidade.
A morte de pessoa tão querida, que muito queria viver e muito cuidava de sua saúde e de seu bem estar físico e mental, nos leva a uma refelexão:
Pois é, pra que levar a vida tão a sério?
Não é uma convocação para o desleixo e para fugirmos de nossas responsabilidades, mas para melhor aproveitarmos a vida que é um dom de Deus e que, portanto, não nos pertence.
Ser feliz agora, já e não deixar para o incerto amanhã é o que nos resta a fazer. Desde que não seja uma felicidade egoísta. Que tal começarmos a fazer felizes aqueles que nos rodeiam? Aí, sim, alcançaremos a verdadeira felicidade.

Luiz Carlos Rizzo, jornalista e cronista