Cemitério sem tumbas

Ao passar pela avenida Washington Luís, defronte ao Aeroporto de Congonhas em São Paulo, notei o tapume azul estrelado, coberto de palmas e flores e a bandeira brasileira a meio mastro, onde foi realizado um ato ecumênico. Participaram cerca de 300 parentes, entre eles, algumas das 150 crianças órfãs, com protesto e ato religioso no local.
É muito triste ver aquele quadrilátero cercado e vazio (apenas uma pequena árvore sobreviveu naquela áera), enquanto aeronaves sobem e descem deixando a sombra projetada sobre o solo plano e escavado pelas buscas.
Li nos jornais que as decisões e sugestões ficaram apenas no papel, que o setor vive uma “calamidade silenciosa” e que a tragédia foi analisada em duas CPIs, que resultaram em sugestões para órgãos que regulamentam o setor e para mudar a legislação. A Anac é acusada pelos familiares de não fiscalizar a própria norma que exigia os sistemas de freio em dia para pousos em Congonhas. A TAM por desrespeitar a norma e autorizar o pouso do Airbus-A320 que estava com um dos reversores desligados. A Infraero, por abrir o aeroporto apesar da de notificação do dia anterior apontarem pista escorregadia.
Segundo a TAM, foram fechados 79 acordos de indenizaçãode familiares. A Afavitam (( Associação dos familiares das vítimas da TAM) diz que há 10 processos na justiça brasileira e 70 na americana. Na quarta-feira passada, mais luto: o delegado Jair Cesário, pai de uma advogada, vítima do acidente, teve um enfarto e morreu em São Paulo.

(J Carlos Cecilio)