6.3.08

Epílogos

O texto é de Gregório de Mattos e Guerra (1633/1696), o Boca do Inferno, nascido na Bahia, foi o primeiro de nossos satíricos, homem de língua destravada e fácil veia poética - e o leitor que enviou a posia acha que ele viajou no túnel do tempo e já conhecia Maringá:

Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.

Quem a pôs neste rocrócio?... Negócio.
Quem causa tal perdição?... Ambição.
E no meio desta loucura?... Usura.

Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que perdeu
Negócio, ambição, usura.

E que justiça a resguarda?... Bastarda.
É grátis distribuída?... Vendida.
Que tem, que a todos assusta?... Injusta.

Valha-nos Deus, o que custa
O que El-Rei nos dá de graça.
Que anda a Justiça na praça
Bastarda, vendida, injusta.

5 pitacos:

Anônimo,  12:19  

Pode ser para Maringá e para a maioria das cidades do Brasil. Principalmente Brasília.

Anônimo,  17:54  

O cara era bom de verbo e de vocabulário.

Anônimo,  18:09  

Até parece letra de rap. É muito bom mesmo! Tem ritmo, força, balanço. Taí algo pra musicar, em três vozes, talvez com um samba de raíz, ja que o Gregório era afinado com a musica africana.

Anônimo,  18:44  

Então faz 400 anos que ditado caipira é real: MUDA-SE OS PINTOS, AS BUNDA SÃO AS MESMAS.
Ou melhor: MUDA-SE OS ANOS, OS CORRUPTOS SÃO OS MESMOS.

Unknown 17:27  

Oi cara... tudo bem?
incrível como já nekela época as coisas e os governos já eram podres.. u.u~

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