9.12.07

A história da canafístula

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Recapitulando: este blog publicou ontem pela manhã a informação de que a administração municipal de Maringá queria cortar uma árvore centenária no terreno dos Villanova, na avenida Tuiuti - uma canafístula, árvore nativa da região, neste final de semana, "de qualquer jeito". Eu tinha a informação desde a quinta-feira, por conta do vazamento de uma conversa entre diretores da Urbamar. Dois deles comentaram que precisavam da autorizaração do IAP para cortar agora "ou nunca mais" poderiam cortar; imagino que sabiam que o corte de uma espécie nativa é proibido por lei. Na conversa, citaram que Paulino Mexia, chefe do IAP em Maringá, estava sendo pressionado e que "por ser b(*)-mole" iria dar a autorização o mais rápido possível.
Hoje às 8h um diretor da prefeitura, Edson Cantadori, que desde setembro negociava com a família Villanova a desapropriação do terreno, chegou com as máquinas para derrubar as árvores e fazer a limpeza. Só que a autorização do IAP "só" permitia a derrubada de sete araucárias, árvore-símbolo do Paraná.
Fui o primeiro a chegar lá, depois de receber um telefonema. Em seguida chegaram o advogado Alberto Abrão Vagner da Rocha, presidente do Partido Verde, e o professor e ambientalista Jorge Villalobos. Servidores estaduais da Força Verde estiveram lá e, depois de uns engasgos, concordaram que não havia permissão específica para a derrubada da canafístula, ela não seria derrubada. A saída da madeira foi feita sem o selo do IAP, como estabelece a legislação, mas a FV não se incomodou. Eles foram embora, disseram que iriam atender um caminhão cheio de pneus que estava pegando fogo. Nisso chegou o secretário de Serviços Públicos, Diniz Afonso, e disse que iriam derrubar a canafístula; mostraram pra gente e para os proprietários do terreno (que foi desapropriado no primeiro dia de dezembro) um documento da prefeitura e não do IAP. Aí, reunidos, decidimos por subir na árvore para impedir o corte. A turma colocou um pano branco em torno dela e arranjou uma escada que deu o maior trabalho pra montar. Disse ao Alberto e ao Jorge que subiria. Mesmo estando em cima da canafístula de cerca de 30 metros - onde um casal de gaviões tem ninho -, o pessoal ainda cortou alguns grandes galhos perto de onde eu fiquei.
A PM chegou a ir lá, os policiais foram muito educados e garantiram que nada seria feito para me tirar de lá. Disse a eles que sairia assim que visse o documento autorizatório; eles procuraram junto com os funcionários da prefeitura e também não encontraram. Perceberam que o objetivo de todos que estavam ali era sério e legal. A chegada novamente da Força Verde fez prevalecer o bom senso pregado por Alberto Abrão e Villalobos: não se corta a árvore enquanto não existir autorização. Agora é ficar em cima do Paulino Mexia e fazê-lo ver que deve tomar uma decisão que favoreça o meio ambiente.

PS - O primeiro número da revista Página 9 que fiz trouxe Inocente Villanova Junior na capa. A edição comemorou o centenário de nascimento do primeiro prefeito da minha cidade. Hoje subi numa árvore que ele cuidava (Villanova dizia para as netas que ela nunca deveria ser derrubada), vi outras que ele plantou serem postas ao chão e a casa que ele cuidou começar a ser destruída. Mas creio que o domingo fez muito bem ao meu coração.

9 pitacos:

Anônimo,  17:10  

Rigon, é preciso não ceder aos encantos da histeria em momentos históricos. Toda análise objetiva acaba se confundido e a crítica séria caindo no ralo da histeria e tudo vira berreiro, histeria, sem que nada seja feito de construtivo. E aí a gente perde a capacidade de discernir a tempestade no horizonte.
Eu posso estar enganado (vejam que admito a hipótese antes de entrar num território pantanoso em que vou entrar, porque não tenho medo de entrar nele), mas acho que a derrubada da árvore de 120 anos não se configura num fim de mundo.
A razão é simples: a não ser que esta árvore seja como aquelas da California, que vivem mais de 2 mil anos e cujo desenvolvimento do caule acompanha a história da humanidade, desde Jesus Cristo, ela estaria condenada a morrer em alguns anos. Isto é simples. Morreria na casa que pertenceu ao Sr. Inocente Vilanova ou se o lugar fosse uma floresta.
Assim como araucárias não são novidades e estão sendo derrubadas aos montes neste momento em algum lugar do estado.
O problema, e é claro que existe um problema, é que não há o menor plano de renovação da espécie nativa. A necessidade do resgate da cobertura vegetal do planeta onde isto é possível é cada vez mais urgente. E dela depende (se ainda existe solução) a própria sobrevivência da humanidade.
Se a gente pegar o Bosque dos Pioneiros, que demagogicamente está sendo cogitado a ser chamado de Bianchini da Rocha (e este negócio dele ser jardineiro e coisa e tal da cidade tem também muita demagogia, ele era apenas um agronomo sonso que cumpria sem nenhuma poesia e objetivadade histórica o seu trabalho na Cia de Terras), aquilo ali poderia ser transformado até pela proximidade numa área de preservação de espécies nativas que ainda existem no horto florestal. Incluindo, aí, espécies desta árvore centenária que foi derrubada na casa que pertenceu ao Sr. Inocente Vilanova.
O problema da histeria é que daqui dez dias o assunto será esquecido e outra histeria vai tomar conta do lugar e nenhuma política ambiental séria será colocada em prática.
Isto é mais sério.
É assustador viajar de Maringá para Londrina e ver extensas áreas (que pertencem a gente rica que especula com a terra) esturricando sob o sol sem uma árvore e sem que haja um IAP ou uma instituição ou mesmo um estado forte e interessado capaz de botar árvores naquelas terras.
A região Noroeste do Paraná vai virar deserto em algumas décadas se não houver um projeto sério de reflorestamento, principalmente com as ainda existentes espécies nativas. Dentro em pouco elas vão desaparecer.
O caso da Rodoviária já é outro: tem coisa errada ali. E se colocada abaixo, vai ser um prejuízo histórico. Impressiona que os arquitetos na cidade não se manifestem de forma clara e imperativa. Aquilo não é mais lugar para terminal de passageiros e muito menos para comércio. Deve ser preservado e os direitos dos comerciantes devidamente compensados. O resto é safadeza.
Então, o problema não é a derrubada das árvores ou histórias que o Sr. Inocente contou para as netas. Mas a falta absoluta de uma política ambiental para o município e de uma forma mais ampla para a região Noroeste do Paraná, que vai virar um Saara e nossos netos serão transformados (se o planeta continuar vivo) em novos Beduínos. Ou se preferirem, um novo Kalahari. Qué é um deserto e não aquela boate que existiu na cidade nos anos 70.

Anônimo,  17:26  

Valeu edilson pereira, gostei do comentario

Anônimo,  17:36  

Em Maringá a tropa de choque agride estudantes a mando do prefeito. A preservação do meio ambiente é rotineiramente ignorada. O IAP em vez de aplicar a lei, serve aos interesses particulares do prefeito. E o M.P. parece que nada faz.......
Até quando a sociedade vai permitir que esses administradores permanecem em seus postos?

Anônimo,  18:36  

Rigon....não teve uma arvore que mudou o desenho de uma avenida a caminho do cesumar na gestão passada?será que teremos que ressucitar o Zé Cláudio para salvar o verde de maringá. ABAIXO o nefasto duente do mal silvio-se-quem-puder

Anônimo,  14:39  

"Se a gente pegar o Bosque dos Pioneiros, que demagogicamente está sendo cogitado a ser chamado de Bianchini da Rocha (e este negócio dele ser jardineiro e coisa e tal da cidade tem também muita demagogia, ele era apenas um agronomo sonso que cumpria sem nenhuma poesia e objetivadade histórica o seu trabalho na Cia de Terras)".

Se eu fosse da família do BIANCHINI processaria esse tal de EDILSON PEREIRA, que deve ser até nome fictício.

Anônimo,  15:31  

Para o anônimo das 14:39. Já seria impossível processar vc, que esconde-se atrás do anonimato. Quanto a sugestão de processo da Família Bianchini, o que seria alegado:
1) Que ele não trabalhou a vida inteira para a empresa Cia Melhoramentos do Norte do Paraná) que devastou para vender a maior parte da floresta que existia no Norte do Paraná?
2) Ou que, apenas por razões meramente ornamentais, esta empresa, Cia Melhoramentos, não Sr. Anibal como pessoa física, plantou árvores na cidade tendo em vista um valor estético, e não de preservação?
3) Ou que o Sr. Anibal não ganhou numa jogada de marketing eleitoral na campanha de 1976 a alcunha duvidosa de "jardineiro de Maringá", sendo esta a razão da alcunha ser demagógica?
4) Ou a família deveria contestar que ele nao era agrônomo, mas sim um profeta ecológico?
5) Ou iria contestar que ele não era sonso, chamando atenção para um adjetivo periférico, num comentário em que aparece apenas de passagem?
6) Ou que ele fazia o seu trabalho com muita poesia, sem se preocupar com o aspecto financeiro?
7) Ou que ele tinha objetividade histórica - a empresa para qual trabalhava além de devastar parte do Norte do Paraná, ainda botou no chão uma reserva nativa às margens do rio Ivaí?

Anônimo,  18:23  

Rigon ..
Me desculpe mas sou um dos medicos que passou na UTI do HSR e lá ajudei o seu medico a fazer uma avaliação coronareana, e constatamos naquele momento que vc Precisava de uma cirurgia e como toda cirurgia é deleicada e complicada.
Voce não deveria nunca ter subido na arvore, o esforço poderia muito bem lhe trazer complicaçõesnão fazia 15 dias que vc tinha saido de uma grave complicação.
Mas para mim seu ato foi um ato de irresponsabilidade para com a sua vida, seu gesto pode ter sido nobre, mas a sua nobreza não lha pouparia sua vida.
Tenha mais cuidado no futuro...

Anônimo,  18:38  

E aí, cara? Será que o homi tá falano sério? Ou é mais um anomio quereno te assustá? Pela serenidade da mensagem, eu não acho a primeira hipótese descarável, embora algum engraçadinho possa ser sereno quando lhe aprouver. De qualquer forma, faz sentido. Nunca vi pós-infartado brincar de Tarzan. Se você fizer transplante, neste ritmo vai querer dar um pulo na Lua. Que, aliás, não tem nem árvore pra vc subir.

Evanildo 23:53  

Meu Caro Rigon, meu nome é Evanildo e estou Sec. do Meio Ambiente aqui em São José da Laje, AL e em nossa cidade tem uma canafístula com aproximadamente 100, e ninguem toca nela, por conciencia, por lei e por saber o valor histórico dela, por ex: ela surgiu de uma estaca de cerca em um engenho que deu origem a nossa cidade. Um abraço.

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