16.8.07

Pobreza, desigualdade e violência

De Glaucio Ary Dillon Soares, hoje no Correio Braziliense:

Há muitos exemplos de crescimento rápido ou de declínio rápido do crime e da violência. Nos Estados Unidos, a taxa de homicídios dobrou em 10 anos, na década de 1960 e início da de 1970. Mais tarde, o mesmo país experimentou um declínio nessas taxas de um terço no curto prazo de seis anos. Talvez um dos casos mais conhecidos de declínio nas mortes violentas seja o de Bogotá: entrou uma nova administração municipal, implementou medidas inteligentes e as taxas de homicídio e de mortes no trânsito começaram a baixar (...)
No trânsito, há inúmeros exemplos de baixas substanciais na mortalidade a curto prazo, três ou quatro anos. O Paz no Trânsito, no Distrito Federal, permanece como um dos programas mais exitosos. Na íntegra.

[O Paz no Trânsito, implantado no DF, é o mesmo que foi feito em Maringá, e pelo mesmo autor, Luis Riogi Miura]

2 pitacos:

Anônimo,  00:03  

Antes que alguém questione a autoria e responsabilidade pela implantação do Programa Paz no Trânsito no DF, faço algumas rápidas considerações. Eu era Diretor do Detran e junto com o Diretor do DER repartíamos a responsabilidade legal e técnica de administrarmos o trânsito das vias urbanas e rodovias estaduais do Distrito Federal. O Paz no Trânsito transcendeu a vontade e capacidade de uma ou outra autoridade local. Nada aconteceu porque um indivíduo ou um grupo político, religioso, econômico queria ou previa um resultado. O que aconteceu foi uma sintonia geral de vontades, intenções e capacidades para mudar algo que a sociedade já classificava e aceitava como um caos instalado. Houve uma sincronia perfeita de ações entre o Poder Público e a Sociedade Civil. Se existia alguma força contrária, ela foi minimizada, praticamente anulada pelas forças vetoriais definidas para transformar aquela realidade desastrosa. É claro que houve capacidade técnica do Poder Público, capitaneada por um Governador com visão de educador. Sem o qual nada teria acontecido. Nem o Correio Braziliense diria que lançou o Programa. Nem a Globo poderia orgulhar-se de ter suas mensagens repercutidas. Nem o DETRAN teria autonomia administrativa para contrariar, às vezes, interesses políticos temporários. Ninguém veria os órgãos de Segurança e de Educação falando uma mesma linguagem. Não havia espaço para exploração “mediolítica” (política medíocre) da existência de indústria de multas. As estatísticas mostravam de forma corajosa e transparente os resultados do sistema eletrônico de controle de velocidade. Em quatro anos aconteceu uma redução perto de 50% das mortes no trânsito! E até hoje, apesar da descontinuidade do programa, quem vem até Brasília, vê no respeito ao pedestre na faixa, uma demonstração de civilidade, de cidadania explicita. Tão admirável foi, que classifico como fenômeno, um fenômeno social. E houve quem denominou também de uma epopéia. E o que levei para Maringá não foi o Programa Paz no Trânsito, mas sim a esperança e uma amostra de que é possível transformar uma realidade. O difícil é conseguir a tal da sincronia. Sincronia entre as vontades e as intenções. Uma indicação dessa dificuldade de entendimento é o que se vê quando a Câmara Legislativa aprova a instalação de uma Guarda que tem por objetivo proteção patrimonial e não aprova a contratação de 30 Agentes de Trânsito que tem ação na proteção da vida. Se uma câmera pode ser usada para salvar vidas, imaginem um Agente atuando de forma inteligente. Mas parece que evitar furtos, depredação de prédios é mais valioso do que salvar vidas humanas. Se assim fosse, poderíamos seguramente, reduzir os óbitos também em cerca de 50%! Aí sim a cidade sentiria orgulho de uma ação que deu certo. Pelo menos mais pessoas estariam vivas para comemorar e orgulhar-se!

Anônimo,  00:47  

No fundo, mas no fundo mesmo, o tal Miura não tem nada a ver com a criação daquele programa. Quem mora aqui sabe que ele foi um mero partícipe, como milhares de outras pessoas.

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