16.2.07

Tragédias, o motor da segurança pública

Por CLÁUDIO MARQUES DA SILVA

Mataram o pequeno e indefeso João Hélio. O Brasil está de luto. São até compreensíveis os discursos inflamados do Governador do Rio. Ele não deveria ficar surpreso com a violência do momento atual. Esta é a amarga colheita de uma administração que, em se tratando de segurança, vê como eficiente a supremacia da opção política sobre a opção técnica. Nossa sociedade, inconscientemente, traçou um roteiro pós-tragédia. Cada crime violento é seguido por uma onda de indignação que logo se desvanece com a ocorrência de outros crimes ainda mais bárbaros. Esta é a regra. Após o carnaval, poucos irão se lembrar do pequeno João Hélio. Somente os pais carregarão a lancinante dor da perda de um filho ainda em tenra idade. Por conveniências políticas, adotamos na segurança uma prática que visa tão somente agir em meio às crises. Já está demonstrado que propagandas oficiais podem angariar votos, mas é medida inócua na diminuição da violência. Sem estudo, sem criatividade, sem planejamento e sem metas, por maior que sejam os investimentos na área, não haverá Governo que consiga reduzir os índices de criminalidade a níveis aceitáveis. Neste momento está em discussão a questão da maioridade penal. É o mesmo roteiro. Discursos inflamados de políticos, opiniões de especialistas, Governantes dizendo que darão um basta, elaboram novas leis, e ...pronto. É só aguardar que a lei nova resolverá tudo num passe de mágica, até que a próxima tragédia ocorra, e o ciclo vicioso se repita. Estou cansado de ouvir a surrada argumentação de que se um menor de 16 anos pode votar também pode responder por seus crimes. Quanta “sabedoria”! Com a “qualidade” de nossos políticos, até um asno é capaz de votar. Sou considerado um herege em matéria de segurança, mas não vislumbro necessidade de emenda constitucional. Basta prolongar o tempo de internamento do adolescente infrator que cometa atos infracionais com violência contra a pessoa. Nossas prisões, verdadeiros depósitos de seres humanos, estão abarrotadas. O que faríamos com o enorme contingente de adolescentes que seriam presos com a redução da maioridade penal? A falta de verbas sempre foi e será o principal argumento de um administrador incompetente, mas em matéria de segurança o que vemos é uma escassez de idéias. O Governador tem razão ao dizer que o Rio é um Estado diferente. É mesmo. Foi o único que teve a infelicidade de ser governado pelo casal Garotinho. Uma lástima.

Cláudio Marques da Silva
Delegado de Polícia
Diretor Jurídico do Sidepol/PR
e-mail-delegadomarques@hotmail.com

2 pitacos:

Anônimo,  09:32  

é realmente isso aí.

Anônimo,  11:01  

O cara escreve muito. Parabéns! Em Maringá, um cidadão altamente suspeito se alia a um bandido e acha que o problema da criminalidade vai se resolver numa merda de debate que ele organiza. Tenha dó!

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