Faixa de pedestres - Fala Miura

Por LUIS RIOGI MIURA

Caro cidadão Christian Bonemer, o senhor é contra, sim. Não entendeu ainda o que está acontecendo na sua cidade. Está mais preocupado com os problemas que sente, ou alguém seu, vai enfrentar quando, e se eventualmente atropelar um pedestre. Está com medo. Medo que não o deixa ver os resultados muito animadores de uma campanha em sua fase ainda inicial, incipiente. Compare os resultados de antes com o pós-lançamento da campanha, que nada mais é do que se fazer cumprir o que está na lei há 30 anos! O senhor está costumado com uma forma de domínio dos espaços. Agora, está tendo que cedê-los. E isso incomoda. Provoca uma sensação, mesmo que sub conscientemente, de perda, de diminuição. Ainda não reconheceu ou não percebeu que a vida dos 40% de atropelados mortos no trânsito, não tem identidades. A maioria crianças e idosos. As crianças ainda em formação. Os idosos que sabem tudo, eles tiveram pais como os seus, que os ensinaram. Entretanto, seus reflexos não atendem o que mentalmente comanda. A visão limitou-se. Ainda, alguns, bêbados. Estes, o álcool embalsamou. Nem por isso temos o direito de matá-los. Mesmo que todos culpados.
Mas é bom! Esse seu medo o faz tomar cuidados que antes não tinha. Esse seu medo faz com que observe se o Poder Público não está respondendo a contento. Esse medo o fez despertar para a existência de um “objeto” novo. Um ser que está lutando, tendo a coragem de exigir o que lhe é de direito. O pedestre. Aquela criança, aquele idoso, aquele bêbado. Isso está lhe custando um pouco mais de atenção. Um pouco mais de cuidado. Mas também algumas satisfações? O que sente quando pode parar seu carro e observar aquela criança, aquele idoso atravessando em segurança na sua frente?
Continue avaliando o que, e como o Poder Público está gastando o seu dinheiro. Não só a Prefeitura, mas também o Estado, o Judiciário, o Ministério Público, o Legislativo, existem por que nós bancamos. Cobre do Ministério Público, lá atuam os fiscais da Lei! Denuncie este abuso da Prefeitura! Mas também faça a sua parte, aceite como inevitável o reconhecimento do direito do pedestre de viver. E viver sãos, sem muletas ou cadeiras de rodas para pode se locomover. Cobre sim da Prefeitura que eles tenham os seus espaço, a calçada livre para se locomoverem. Sem mesas e cadeira de “barzinhos” que os expulsam para a rua, forçando-os a disputar espaços com os veículos. O que é uma covardia. Os 30kgs, 60kgs sem armaduras, disputando com as toneladas de ferro, plástico e aço, às vezes manobrados por psicopatas.
“Respeitadas as normas de circulação e conduta estabelecidas neste artigo, em ordem decrescente, os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres”. (CTB)