28.12.06

O inferno é aqui

Por DOMINGOS TREVIZAN:

Foi mais uma madrugada de terror no Rio de Janeiro. Mais uma, porque nos últimos anos a barbárie tem sido incorporada à paisagem da cidade – antes maravilhosa – e a violência assumiu a condição de rotina. É impressionante como a população aceita passivamente os crimes mais chocantes. É como se dissesse: é assim mesmo, ninguém vai dar jeito nisso.
Estou há cinco anos no Rio, onde moro pela segunda vez. Como jornalista, acompanhei nos anos 80 vários casos policiais de repercussão nacional. Nada se compara ao atual momento. Há um ano, bandidos atearam fogo no ônibus 350 e mataram cinco pessoas queimadas, entre elas um bebê. Na noite passada incendiaram um ônibus da Itapemirim que saiu do Espírito Santo para São Paulo. Mataram covardemente sete passageiros, que só serão identificados por exames de DNA.
Em outros pontos, uma mulher foi morta a tiros de fuzil. O filho dela, de seis anos, foi baleado na cabeça. Os dois atravessavam uma rua movimentada de Botafogo, bairro da nobre Zona Sul. Um policial também foi executado no mesmo local. Outro homem morreu no ataque a uma delegacia, na Zona Norte. O cidadão tinha ido fazer boletim de ocorrência, pouco depois de ser assaltado.
É, mas é assim mesmo, tem jeito não... A frase é repetida como se a morte violenta fosse banal, tão rotineira quanto o trabalho dos garis, do caminhão do gás, dos medidores de luz, do trânsito congestionado ou mesmo das enchentes em dias de verão.
Será esse o retrato final do brasileiro? Seremos sempre um povo resignado com o desgoverno, o descumprimento das leis, a falta de ética e o desrespeito à vida, que é nosso bem maior?
Meus amigos perguntam o que faço nesse lugar. Respondo que trabalho. Aliás, não deve haver outro motivo para um “forasteiro” morar no Rio. Só que a preocupação maior não deve ser com o local onde moramos, mas com o que está acontecendo no nosso país. Se em São Paulo e no Rio os moradores são reféns de traficantes-bandidos ou policiais-bandidos, é o resultado catastrófico de uma degradação social que acontece há tempos e nada tem sido feito para estancá-la. Governantes corruptos + cidadãos omissos = terra sem lei.
Não pensem, meus amigos, que nossa querida Maringá não está ameaçada. Como gafanhotos que acabam com plantações inteiras, os criminosos expandem rapidamente suas ações. As principais capitais já sofrem os efeitos. Depois o caos chegará às cidades médias. Será que os maringaenses já não estão sentindo isso? É só dar uma olhada nos índices de criminalidade. Vejam os números dos crimes contra o patrimônio e contra a vida. Crescimento assustador dos assaltos, homicídios, tráfico de drogas, crime organizado etc.
Embora só vejam o caos pela televisão, os brasileiros de todos os Estados deveriam se preocupar. E muito. A raiz do mal está na nossa sociedade apodrecida, na corrupção, na falta de sensibilidade dos governantes, na desinformação e no conformismo. Se não reagirmos, continuaremos como já alertava Raul Seixas: “...com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar”.
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(*) Domingos Trevizan é diretor de jornalismo e apresentador da TV JB, no Rio de Janeiro

5 pitacos:

Anônimo,  20:49  

Poisé Trevisan. Eu adorava (no bom sentido, heheee.) você à época da Band, entre as 19:00 e 19:20, com o jornal local da Band, descendo o pau na administração do Jairo Gianotto do PSDB. A adm. da Band, local lógico, no estrito cumprimento do dever legal da verba, da propina, da rapinagem, do dinheiro fácil, da putaria que se instala e se instalou na indústria jornalistica nacional, te demitiu, pois, viu (talvez nas verdinhas) que você pudesse apresentar perigo ao órgão do grupo Malucelli. Daê, se não me engano, entrou a tal mulher, repórter, bem light que só falava bem da administração do PSDB, com a conivência da câmara municipal, onde o presidente era o mesmo que é hoje, o tal joão, mesmo dando merda do jeito que deu, a nossa querida Cecília Fraga, com horário pago pela prefeitura (na verdade acerto de Jairo e Paolichi com os malucelli lá em Curitiba para compra de horário). Hoje vossa senhoria, está, espero com a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo e a Bondade Divina, em nova emissora, após ser castigado em nossa cidade e a menina propaganda das más administrações, está, talvez sem a graça de Deus, em Portugal, sofrendo as amarguras. É por isso que sigo sempre em frente com honestidade e fé em Deus. Através dos exemplos que temos em nossas vidas e na vida de outros. Abraços fraternos de quem mesmo sem ser seu amigo, sabe e seguiu sua vida pelos percauços que passou. Fique com Deus e sempre com a Justiça.

Feliz 2007

Anônimo,  20:52  

Infelizmente o Trevisan esta morando no Rio de Janeiro (outrora lindo),pois se aqui estivesse, ele estaria escrevvendo sobre o descaso com a segurança que o maringaense sofre, o centro de Maringa, onde achei que teria o privilegio de morar, é uma zona tao perigosa como o Rio de Janeiro, só nao acontece os assassinatos ainda, porque o maringaense esta começando a esconder-se em seus apartamentos apos as 18,00 hrs. O Trevizan faz falta a cidade de Maringa, pois quando ele saiu daqui, perdeu Martinga, espero que ele volte logo, pois jornalista do seu estilo fazem falta em nossa cidade, sao poucos os que procuram atraves de reportagens, cobrar mais empenho de nossas auoridades..

Anônimo,  00:00  

Olá Trevisan,
estou entrando como anônimo, por questões meramente operacionais, pois sou analfabeto informático confesso e uso o computador apenas como máquina de escrever. Um dia chego lá.Não pretendo chegar ao nível do Rigon, que é um craque da navegação virtual, mas pelo menos não passarei mais a vergonha de me valer do anonimato neste blog.
Quero cumprimentá-lo pela beleza e a profundidade do texto, apesar de tratar de um assunto tão delicado.De fato,estamos vivendo o reino da barbárie, que se instala nas grandes cidades e depois vai se espalhando pelas cidades médias
e aos poucos, vai se aproximando das pequenas comunas.
Voce lança um grito de alerta, que precisa ser levado a sério por todos. Nada é tão grave quanto a banalização da violência. Essa banalização cria o conformismo na população que, ao ficar no trono "com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar" oxigena a perversidade de um sistema que traga com força cada vez maior, a capacidade de indignação da sociedade. E faz pior: embota a fé e assassina a esperança. Um grande abraço Trevisan. Do amigo Messias Mendes

Anônimo,  02:27  

Espero que Deus, que sempre foi muito bondoso com Maringa, traga o Trevisan, novamente para reportar em nossa cidade, como bem fazia, e sei que continua fazendo, assim 3 ou 4 noticiaristas que aqui vivem e escrevem, aumentariam o seu pequeno grupo de bons reporteres;.

Anônimo,  08:19  

Maringá já está neste rítmo. É só ver o número de mortes ligadas ao tráfico. Quase todos jovens na faixa de 15 a 25 anos, O perfil é o mesmo.

Uma farmaćia, na esquina da Av. Morangueira com a rua Santo Antônio foi assaltada duas vezes na quarta(27), às 15:00 e às 20:00 horas. Na quinta(28) por volta de 11:00 horas nova tentativa de assalto nesta mesma farmácia, desta vez não concretizada porque havendo várias pessoas no recinto, a dupla de assaltantes parece ter desistido, mesmo após terem deixado a mostra o revólver.
Pois é 3 vezes em dois dias. Funcionários e o proprietário ficam atônitos, sem saber se vale a pena continuar na lida diária, correndo o risco de ser morto por, digamos, 50 reais.

A gente falar do descaso dos governos é fácil, mas a situação chegou a um ponto em que o controle está difícil. Cadeias não são a solução definitiva.
Penso que a solução passa por alguns pontos básicos.
A princípio o combate ao tráfico de drogas e de armas, com a prisão de líderes, que deveriam ficar incomunicáveis. Concomitantemente a isso, um expurgo nas polícias civis e militares, e no poder judiciário (incluindo-se aí um ação da OAB, a fim de acabar com os advogados do crime). Tudo isso merecendo uma mudança de algumas leis de nossa constituição.
Mas a real solução passa necessariamente por um programa que possibilite aos jovens em geral, e principalmente aos da comunidades mais carentes, acesso a esporte, lazer e educação, porque se tiverem uma agenda diária preenchida com atividades interessantes, a vontade de entrar para o crime será menor.

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