Privilégio ou isonomia?
(Era para ser um comentário a respeito do post "Olha quem quer moralização", sob o mesmo título, mas virou um post do blog. É interessante e esclarecedor)
Por LUIS MIURA:
Vejo isso como um mal geral, e é da nossa cultura, infelizmente. O que deveria ser, é exceção. De onde deveria sair o exemplo, de onde não se pode alegar desconhecimento, aparecem os pecados gritantes. Quem acompanhou a minha vida de influenciador no sistema trânsito brasileiro, sabe que sempre defendi as Auto-Escolas e as posteriores rebatizadas Escolas de Formação de Condutores, uma anomalia gerada pelo cruzamento da Auto-Escola com a Escola Pública de Trânsito. Uma estrutura anteriormente criada no Ceará foi convenientemente legalizada pelo Contran. Mas essa é uma outra história. Voltemos ao varejo. Sempre defendi as Auto-Escolas (vou continuar denominando assim) contra todas as críticas de que são alvos por conta dos maus motoristas que formam. São os habilitados com 15 horas de condicionamento de reconhecimentos de "macetes" para passar no exame. Muitas vezes, nem isso, só pagam. Algumas "muitas vezes", e Maringá foi um exemplo disso, nem pagaram. É muito recente o "limpa" feito na Ciretran. O próprio ex-diretor do Detran disse isso em alto e bom tom! Aconteceu nos últimos 15 anos!
Muito bem, dos formadores de motoristas, responsáveis por transmitir conhecimentos de legislação de trânsito, cujo conteúdo é o Código de Trânsito Brasileiro, Resoluções do Contran, Noções de Educação, Engenharia, Cidadania, Meio Ambiente, Direção Defensiva, Primeiros Socorro, e ainda ensinar a dirigir, esperava-se uma postura responsável de verdadeiros profissionais, cônscios de suas responsabilidades. Responsabilidade, acima de tudo com a vida. Responsabilidade e engajamento, em primeiro lugar com o compromisso de educar o futuro motorista para revelar-se um cidadão no trânsito. Esperava-se que em todas a iniciativas nesse sentido, a adesão fosse maciça e cuja ausência se justificaria somente em situações de extrema gravidade. Mas não é o que acontece!!! Na Campanha da Faixa de Pedestres, das cerca de 20 Auto Escolas existentes em Maringá, sabem quantas realmente fizeram alguma coisa, formando parceria com a Setran? Três! As outras possivelmente (se nem isso fizeram, a coisa "ta feia" mesmo!) restringiram-se a, talvez falar alguma coisa nas aulas. Algumas nem o adesivo colocaram nos seus veículos. Vamos ver com essa nova campanha. Será que os aprendizes ostentarão as pulseiras vermelhas?
MAS, o desrespeito nesta via (Itororó) tem antecedentes que "justificam" o que se viu. Eu denomino esse antecedente de trânsito dos privilegiados. Algumas comunidades (religiosas, políticas, judiciais, comerciantes), grupos, segmentos, autoridades, "conquistam" alguns privilégios que a comunidade como um todo e outros segmentos não conseguem. Muitas dessas sem critério técnico-legal que os ampare. É o privilégio determinado pelo interesse político. E em Maringá não é diferente. Quebra-molas, estacionamentos, semáforos, sinalizações foram instalados (autorizados) sem base legal e sequer técnica.
A Av. Itororó, é um exemplo disso, num determinado trecho, quem passa por lá já não estranha que num determinado horário e dia, a sinalização de proibição não é obedecida. Uma comunidade religiosa é privilegiada, sendo excepcionada para descumprir o que todos são obrigados a obedecer, sob pena de serem multados. E isso acontece em vários lugares. Isso a sociedade percebe, consciente ou inconscientemente, influindo no seu comportamento. Alguns até justificam o seu modo errado alegando "isonomia" para errar.
É isso, os "ensinadores" de trânsito também são gente, como já dizia um ilustre Ministro!
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(*) Luiz Riogi Miura é psicólogo e especialista em trânsito
5 pitacos:
Não só na Itororó, mas na Avenida Paraná também...
Mas sabe como é... quando se mexe com religião...
Parabéns, Miura!
Sempre fui um crítico dos privilégios que determinadas Igrejas exercem no desrespeito ao Trânsito. A Comunidade Evangélica de Maringá, na Av. Itororó, e a Igreja do Nilton Tuller, na Av. Paraná, criaram sinalização própria, permitindo que os carros dos (in)fiéis estacionem no canteiro central. BINGO! A Setran nunca exerceu fiscalização ali! É cúmplice de um crime praticado toda semana.
Talvez a orientação religiosa do prefeito e de seus secretários e assessores explique muita coisa ...!
CORTINA DE FUMAÇA! O Miura esta coberto de razão. O que lastimamos é que o mesmo não teve essa coragem que usa para escrever para corrigir tais atrocidades que são cometidas em todos os setores do trânsito local. Se curvou para 2 vereadores incompetentes e um prefeito "capiau". Pior ainda, permitiu um jogo desonesto de manipulação na estatística do 4º batalhão para apresentar redução no número de mortos. Agradou o prefeito e enganou a população.
Sr. Miura, quem morre em acidente de trânsito após o trigésimo dia do ocorrido não entra nas estatísticas por que não é cidadão ou por que é pagão?
Sr(a) Anonymous
Vou baixar um pouco o nível para responder o seu questionamento sobre a estatística: se o óbito foi da sua mãe é certo que não entra. A lógica é o seguinte: mãe de quem não existe, também não existe. Não é uma questão de religião, nem de marginalidade. É uma questão técnica. Consulte a ABNT, o Denatran, o Detran, e depois continue falando besteiras, mas consciente. Qto a correção, vc participou (ou podia influir) de uma administração que teve 4 anos, e também não corrigiu. Eu tive 1 ano. A incompetência maior não parece minha. Qto a curvar para vereadores incompetentes, admitindo que tenha ocorrido (isso não aconteceu), eu estaria respeitando a sua vontade, afinal foram eleitos pela comunidade maringaense. Por vc não, certamente, é anônimo. E anônimo não vota!
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Vê lá o que vai escrever! Evite agressão e preconceito. Eu não vou mais colocar xizinho; na dúvida, não libero o comentário.