6.10.06

A mesma circular, mas sem o cobrador

Crônica de José Neto, no Realidade & Cia:

Lá se iam 20 anos percorrendo o mesmo caminho e na mesma circular. Lá se iam também 20 anos de uma grande amizade, desfrutada enquanto a circular demorava a chegar no ponto em que ele descia. Bem em frente a firma em que já trabalha há 20 anos.
Não havia um dia sequer da semana no qual não se discutia futebol, novela, família e tantos outras coisas com o amigo cobrador. Aos que estavam naquela linha só de passagem, a aparência era de que fossem compadres ou amigos de infância, quem sabe vizinhos. Mas não. Cada um morava de um lado da cidade. Mas todos os dias, com exceção do domingo, se encontravam ali, naquela circular. Por 20 anos seguidos foi assim.
Cada um conhecia a família do outro, nome por nome. Mas nunca haviam estado um na casa do outro. Nunca haviam se encontrado fora daquela circular. Mesmo assim a amizade era grande entre os dois. Era difícil, tanto para um quanto para outro, imaginar atravessar todo aquele caminho sem prosear um pouco, nem que fosse coisa rápida. Geralmente a conversa ia longe e continuava no dia seguinte.
Era entrar na circular e o amigo cobrador estava ali, sentado, com as pernas no meio da catraca e dando o bom dia com um sorriso no rosto.
Por mais que fosse cansativo e o salário não fosse grande coisa, o cobrador gostava daquilo. Principalmente por causa das amizades que fazia. Amizades como do amigo que há 20 anos conhecia e acompanhava todo dia até o serviço.
Era uma segunda quando ele embarcou na circular e percebeu que o amigo cobrador não estava lá. Talvez estivesse doente ou tomou umas a mais. Mas infelizmente não era isso.
Nem mesmo seu assento continuava ali. Uma caixa de metal ocupava seu lugar, com os dizeres “passe o cartão aqui”. Não tinha cartão nenhum. Colocou umas moedas em um buraco, a catraca liberou e ele passou. Nem sequer um bom dia ouviu.
Sentou-se no fundo da circular, abaixou a cabeça como os outros que ali estavam e seguiu calado para o trabalho. Depois de 20 anos seguindo o mesmo caminho, sentia-se como se houvesse pegado a circular errada.

5 pitacos:

Anônimo,  21:39  

Na verdade ele embarcou na circular errada sim. A do PP e a culpa é dele.

Anônimo,  22:01  

O erro foi a escolha do prefeito da cidade. Cuidado para não se cometer outros erros.

Anônimo,  18:22  

O prefeito perfeito mancumunado com a TCCC é o esponsável pelo desempPPrego de dezenas de pais de família, muitos com deficiência física.
Agora o motorista do coletivo tem que dirigir, cuidar da porta, responder dúvidas dos passageiros, resolver problemas que frequentemente ocorrem com o cartão e com os passes e ainda por cima tem que fazer troco !
"Minha gente ", tudo é para melhorar o atendimento...

Agora á Sílvio !!!

Anônimo,  18:26  

Povo mentiroso e sem argumento. Se você for andar de circular, perceberá que a peça mais descartável desde o terminal até o ultimo ponto, é simplesmente o cobrador. Ao analisarmos de maneira fria do ponto de vista da empresa, seria uma burrice continuar com esse paternalismo. Vejam o caso do meu sobrinho, moço jovem que entrou como cobrador e na iminente demissão, correu fazer o teste pra motorista (havia acabado de tirar a carteira de motorista) e hoje faz a linha do Bairro Laranjeiras. Pai de família que se preze, não espera acontecer não e nem precisa de atitudes paternalistas como bolsa-isso bolsa-aquilo, bolsa-esmola, bolsa do capeta, antes procura dar vida digna à sua prole!

Anônimo,  12:57  

Seria muito interessante se vcs, linguarudos de plantão tentassem assumir por uma semana que fosse a administração de uma empresa pelo menos, para ver a responsabilidade e a dificuldade que é. Imaginem só a administração de uma cidade.
Ao meu ver, o Prefeito Municipal tem cumprido muito bem o seu papel de administrador da cidade.
Daqui a um pouco, vão colocar no Prefeito Silvio Barros a culpa até pelo atentado às Torres Gêmeas de Nova York.
Lembrem-se sómente que TCCC é uma empresa PRIVADA, ou seja, quem faz ou deixa de fazer as coisas dentro dela é PROPRIETÁRIO da mesma.

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