Maria da Penha venceu o medo
Por MARIA NEWNUM:
Tenho três amigas que fazem parte da minha vida. Quando éramos mais jovens, certa vez, arriscamos a fazer algo inusitado e estúpido: Pegamos carona com rapazes desconhecidos. A certa altura do trajeto, a que estava ao lado do motorista disse: “Pare o carro” e disse para nós: “Meninas desçam”.
Era noite, a estrada deserta. Mas obedecemos imediatamente, sem medo, a voz de comando. Havia uma conexão forte de confiança entre nós. Soubemos depois da proposta indecente do sujeito: “Ou dá ou desce”. Ela decidiu corretamente por todas. Hoje, já na casa dos 40, ainda rimos dessa história e preservamos nossa aliança de confiança; algo que parece incomum entre as mulheres de modo geral.
Lembrei de Maria da Penha, a mulher que dá nome a nova lei contra da violência doméstica no Brasil que entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006. Não sei quantas amigas iguais as minhas ela teve. Pois Maria da Penha foi agredida por 6 anos pelo marido que no ano de 1983 cometeu contra ela 2 atentados de homicídio. No primeiro, com um tiro que a atingiu na medula, deixando-a paraplégica e no segundo deferindo-lhe choques e afogamento.
Sem conhecer essa mulher, perguntei por suas amigas e pelas mulheres a sua volta. Onde estavam nos estágios mais difíceis de sua vida? Como chegou ao grau de sofrimento com seqüelas irreparáveis? Certamente as mulheres estavam lá. Elas estão em todas as partes, seja representando organizações de mulheres, seja como Marias e Rosas solitárias. Talvez Maria da Penha tenha tido a infelicidade de ter a sua volta mulheres medrosas, quem sabe? Não há como julgar.
A verdade é que nem no Brasil Maria da Penha encontrou suporte. Sua sorte foi que seu caso, talvez com a ajuda de uma certa “Rosa” solitária, foi parar na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que responsabilizou o Brasil por omissão em relação aos crimes de violência doméstica.
Só assim a justiça alcançou Maria da Penha; depois de 20 anos de luta.
Pessoas medrosas são perigosas. O medo paralisa e gera reações imprevisíveis. Pior, são mulheres medrosas, pois mesmo quando detém o “poder” das instituições e dos cargos que regem, não transmitem voz firme de comando que gere segurança e certeza de amparo. Daí a importância de se eleger para todas as esperas de poder, mulheres que não apenas demonstram coragem nos discursos, mas também em ações concretas às Marias da Penha vitimas de violência, a cada 4 minutos no Brasil.
Hoje, Maria da Penha representa a voz de coragem das mulheres do Brasil. Ela venceu o medo. Mesmo paraplégica, iniciou trabalhos e movimentos contra violência doméstica, pedindo fim à impunidade. E coordena a Associação de Parentes e Amigos de Vítimas de Violência (APAVV) no Estado do Ceará.
Mulheres vitimadas pelo medo, necessitam de amparo. Mulheres em posição de poder que se acovardam, merecem repúdio. E para todas as outras, fica o exemplo das Rosas, Roses, Cidas e de Maria da Penha, que mesmo quando tudo parecia perdido, resolveu mostrar à que veio nesse mundo.
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Maria Newnum é pedagoga, mestre em teologia prática, vice-presidente do Movimento Ecumênico de Maringá e Coordenadora da Spiritual care Consultoria. Para comentar ou ler outros artigos clique aqui.
5 pitacos:
Algumas Cidas não andam dando bom exemplo no poder...
E pior, ainda quer continuar lá...
fazendo o que não sabemos...
O curioso, é que nenhum grande jornal do país fez qualquer matéria - ou menção - da lei que entrou em vigor essa semana. Seria falha das pautas ou o Brasil é mesmo um país machista???
Não, o Brasil não é um país machista. Machista são os órgãos de imprensa que não dão o verdadeiro valor que a matéria exige. Ademais, não acho que nenhum órgão vai dar crédito ao GOVERNO LULA faltando 10 ou menos dias para as eleições, mesmo que isso venha em detrimento das mulheres.
Miguel
Prezado anônimo, agradeço. Mas quero dizer que não podemos jogar a água suja junto com a criança. Felizmente há no poder algumas "Cidas" que fazem diferença sim e isso tenho atestado de perto.
Um abraço,
Maria Newnum
HOMENAGEM A TODAS AS MULHERES
DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Não sei por que razão, dentre as sete maravilhas do mundo não foi escolhido à mulher, pois não entendo, após os 80 anos de fundação da ABL - Academia Brasileira de Letras, é que foi reservado a primeira cadeira à escritora cearense Raquel de Queiroz.
Muito embora que a história descreva com muita autenticidade, não ficou bem esclarecido porque a guerreira francesa Joana D’arc, foi impedida de servir o Exército Francês, onde sob rigoroso sigilo, se vestiu de uniforme de homem fazendo parte do efetivo da infantaria, fatos inexplicáveis da história universal, envolvendo tantas mulheres de valores como Bárbara de Alencar, cruelmente confinada até a morte na minúscula cela do Quartel da 10ª Região Militar em Fortaleza.
Já as baianas Ana Néri, primeira mulher enfermeira a fazer parte das forças armadas brasileira, como também, Maria Quitéria, também baiana, foi mulher corajosa, vestida de soldado, conquistou ao lado de D. Pedro I a Independência do Brasil, sem falar na catarinense Anita Garibaldi, heroína da Revolução Farroupilha.
E hoje, temos a beleza sensual da modelo Giselle Bundche no cenário internacional da moda.
Admirável ainda, é a retratação da sensualidade da mulher brasileira citada pelo cantor e compositor brasileiro, Zé Ramalho, quando afirma, que Mulher nova, bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor. Picasso por outro lado, também, enaltece, retratando Monalisa, símbolo inconfundível da sensualidade feminina mundial e o cantor gaúcho Sérgio Reis, diz que panela velha é que faz comida boa.
Já Maria, mãe de Cristo, simbolizada no credo como Nossa Senhora de Fátima, homenageada todo dia 13, data também, consagrado no mês de maio, dia da Abolição dos Escravos, tendo como destaque uma mulher á Princesa Isabel, que sancionou a lei do Ventre Livre.
Podemos constatar a importância da mulher no cenário mundial, provocando intensa e contagiante fragrância feminina, inundando a paixão dos homens, graças a sua fórmula mágica e mutante de ser ao mesmo tempo: mãe, mulher, esposa e amante. Roberto Carlos, o rei, em sua belíssima canção “Mulher de Quarenta“ afirma, Não quero saber da sua vida, sua história nem do seu passado, por experiência sabe a diferença de amor e paixão, o que é verdadeiro, caso passageiro ou pura ilusão.
Cardoso Ponte
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Vê lá o que vai escrever! Evite agressão e preconceito. Eu não vou mais colocar xizinho; na dúvida, não libero o comentário.