A história se repete: de eleições em eleições o Brasil vai ao abismo

Por JACHELINE BATISTA PEREIRA

Tomei conhecimento da pesquisa realizada pelo Diap – Departamento Intersindical de Assessoria parlamentar, órgão que a mais de 20 anos presta seus serviços de assessoria parlamentar e análise da atuação do Congresso Nacional, para minha consternação me deparei com o retrato do terror das eleições, repetindo-se a cada pleito: velhas raposas e políticos envolvidos em escândalos e corrupção, serão reconduzidos com facilidade ao parlamento.
Sob vários ângulos e colhendo informações nos Estados, o Diap indicou o futuro retrato do Congresso Nacional.
Na pesquisa resta clara a permanência de mais de 50% dos atuais parlamentares, com um detalhe muito importante: até aqueles que publicamente estão envolvidos de forma direta e indireta nos desvios e na corrupção imperante nos meios políticos, terão seu prêmio por sua atuação, serão reconduzidos ao parlamento por suas bases políticas.
O Diap chegou a traçar o perfil do eventual novo-velho Congresso Nacional (se me permite essa denominação, pois de novo, não se revelará nada), indicando partidos nos estados e possíveis nomes com sucesso na árdua tarefa do crivo das urnas.
Me desesperei em ver a repetição de quadros políticos que continuarão exercendo a mais sagrada função do Estado, ou seja, a função legislativa, voltada a construção de normas jurídicas voltadas a sociedade, acolhendo suas inspirações e interesses coletivos/públicos.
Pelo perfil formatado do Congresso Nacional, os interesses privados, as armações e a corrupção continuarão com todo seu furor, perpetuando a situação de miséria, exclusão social, desemprego e total subdesenvolvimento do país.
Para a nossa amada cidade de Maringá e região, sobrou o amargo de manter quadros políticos que desde os primórdios da década de 90, vem se mantendo no poder político, priorizando seus interesses privados e enriquecendo-se a custa do erário público.
Esse horizonte político é velho e antigo, pois a cada eleição vemos a vitória do poder econômico, da manipulação dos meios de comunicação de massa, da ineficiência do Poder Judiciário para aplicar a lei aos infratores da legislação eleitoral, da falta de informação e consciência da população, da reeleição dos mesmos deputados, do uso de cargos públicos como meio de se chegar à um cargo mais elevado, entre outros.
Projetos políticos alternativos emergiram nesse pleito como via de opção séria e compromissados com a transformação da realidade social de nosso país, mas pela simplicidade das campanhas, estão chegando ao fim da eleição, encerrando sua participação como apenas uma contribuição cidadã ao país, pois se colocaram de livre e espontânea vontade na disputa, vislumbrando um novo horizonte para nossa amada pátria.
Novamente o povo perdeu a oportunidade de mudar o rumo do Brasil, começando por nossa cidade e região, tudo indicando que elegerão os mesmos candidatos com seus interesses escusos, totalmente alheios as aspirações sociais, agravando a situação do país induzindo-o a um abismo sócio-político-econômico e social.
Ressalte-se a presença de candidaturas alternativas que durante todo o processo trabalharam arduamente tentando indicar ao povo um novo horizonte, e aqui não colocarei nomes, para não cometer nenhuma injustiça, me restringindo a considerar que merecem crédito e oportunidade para mostrarem seu trabalho, mas pelas formulações do Diap e de pesquisas extra-oficiais, não foram bem sucedidos em sua brilhante disposição de contribuírem com a edificação de uma nova sociedade.
Assim sendo, a história se repete e novamente agonizaremos mais quatro anos de escândalos e corrupção, permanecendo o país no caos.
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(*) Jacheline Batista Pereira - Advogada, membro do Conselho Permanente de Direitos Humanos do Paraná, ex–presidente do Conselho Municipal da Mulher de Maringá