10.8.06

Impressões sobre a entrevista com Lula - 2

De Fernando Rodrigues:

Lula toma um “ calor” do “JN” e admite que Zé Dirceu e Palocci estavam “envolvidos”

Pronto. Lula tomou um “ calor” do “JN”. Não foi mole. Muito mais da metade da entrevista (agora, a cobertura eleitoral da Globo, vejam só, é patrocinada pelo Bradesco!) foi sobre corrupção na adminstração federal do PT.
Resumindo: pela primeira vez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu, em público, que afastou dois de seus principais colaboradores por causa de envolvimento com ações impróprias --corrupção ou seja lá o que for. Ao ser apertado agora há pouco pelos apresentadores do "Jornal Nacional", da TV Globo, Lula disse: "Eu afastei o Zé Dirceu. Afastei o Palocci. Afastei outros envolvidos". O candidato do PT respondia sobre sua atitude diante das acusações de corrupção e mal feitos em geral dentro da administração federal.
Quando Zé Dirceu saiu da Casa Civil e Antônio Palocci saiu do Ministério da Fazenda, o presidente não foi nem de longe tão explícito. Justamente o oposto. No caso de Palocci, chamou-o de irmão.
Qual o saldo dessa entrevista de Lula para o "JN"? Difícil dizer. Lula estava meio atarracado (ele é baixinho) atrás de uma mesa comprida na biblioteca do Alvorada. Sua equipe poderia ter colocado uma cadeira com assento mais alto. Sua cara também não estava muito boa (a barba e o cabelo poderiam ter sido mais bem aparados).
O petista repetiu mais ou menos as explicações carentes de verossimilhança de outras oportunidades. "Eu não sabia, eu não sabia...".
Perguntas que não foram feitas: “Mas, presidente... O sr. está dizendo que Zé Dirceu e Palocci estavam “envolvidos”. Eles eram seus auxiliares mais próximos e mais importantes. Como o sr. não soube de nada? Eles eram então excelentes atores?”.
Outra: “Presidente, por que o sr. dá tão poucas entrevistas coletivas, com liberdade total para que os repórteres possam perguntar?”
No mais, os apresentadores do “JN” foram um pouco prolixos nas perguntas (sobretudo William Bonner). Muita enrolação. Seria bom depois alguém cronometrar quanto dessas entrevistas são ocupadas pelas perorações do casal. Por que não fazem perguntas diretas, com sujeito, verbo e predicado? Por exemplo: “O sr. reafirma que nunca soube de nada a respeito do mensalão? ". Ou então: "O sr. acaba de citar Zé Dirceu e Palocci como 'envolvidos'. Envolvidos com o quê?".
E o que foi aquilo de chamar o presidente da República só de “candidato”? Para quê? Foi conselho de César Maia em seu exótico ex-blog. Mas com Heloísa Helena foi diferente. Até de deputada ela foi tratada (e de senadora, que de fato é o cargo que ocupa).
Será que o “JN” acha que passa alguma imagem de maior independência por chamar o presidente da República de “candidato”? O sujeito é candidato e presidente, ao mesmo tempo.
Para concluir antes que este post exceda o número de caracteres permitido, minha impressão é que a entrevista de Lula foi de neutra para ruim para o petista. Boa é que não foi. Até os 8 minutos e meio (a duração total é de 11 e meio) ele estava respondendo sobre mensalão e outras mazelas de seu governo.
Como ele só repetiu o que costuma dizer sobre esse assunto, teremos de aguardar um pouco para saber o efeito real.
Já para Antônio Palocci, a coisa ficou mais feia. Ele é agora um “envolvido”.
Post blog: eu não iria comentar, mas já postaram nos comentários as gafes lulistas, quase uma praxe acadêmica a esta altura. Ele falou de MILHÕES de km de fronteira! Disse que é preciso combater “a ética”. E que a única coisa que está caindo no Brasil "são os salários”. Waaal.

0 pitacos:

Postar um comentário

Vê lá o que vai escrever! Evite agressão e preconceito. Eu não vou mais colocar xizinho; na dúvida, não libero o comentário.

  © Blogger templates 2008

Para cima