Não deixem os coronéis voltarem

Por VALTER BAPTISTONI:

No início do século XIX um sistema político muito comparado ao período feudal e denominado Coronelismo criou suas raízes principalmente no norte/nordeste brasileiro.
Foi no período de nossa história nacional denominado República Velha situação em que o Brasil com suas grandes extensões territoriais e, portanto, muito difícil de ser governado vê-se mergulhado neste sistema corruptível.
Os líderes desse sistema eram denominados de Coronéis que eram os latifundiários, senhores de engenho e por tanto dono de grandes riquezas, por isso detinham o poder.
A pobreza de praticamente todos os cidadãos fazia com que as pessoas fossem subservientes dos Coronéis e este era quem ditava as leis e baseado em interesses sempre pessoais.
Com o crescimento populacional e consequentemente o surgimento da imprensa no Brasil e sua expansão, associado à democracia o Coronelismo foi perdendo sua posição, mas ainda hoje resiste em algum recanto remoto desta grande nação. Por isso que a tentativa de controlar os meios de comunicação em massa tais como rádio, TV e os jornais escritos ainda acontecem como forma de ressuscitar o Coronelismo. Este controle dos meios de comunicação geralmente está voltado para a camada mais pobre da população, maior em nossa sociedade, e é neste meio que os programas dirigidos fazem o maior sucesso, pois oferecem numa linguagem simples (palavras como: nóis vai armussá) e popular conteúdos que interessam a esta classe social geralmente desprovida de escolaridade e de senso crítico. A classe de intelectuais e de pessoas com instrução representa a minoria da população, e tem a responsabilidade moral de não permitir que isto aconteça, e é por isso que existe uma remota possibilidade de se re-implantar este sistema, que significa um retrocesso na história e um prejuízo incalculável e muitas vezes pior do que o atraso que representou o governo militar. A pobreza da população é um risco iminente de oportunistas tirarem vantagens através da exploração destes indivíduos e condenar-mos à grandes retrocessos, por isso há a necessidade de combatermos a pobreza e a miséria, oferecermos instrução em todos os níveis com qualidade dando primordial importância aos direitos constitucionais estabelecidos e democráticos. Eis algumas das características do Coronelismo, veja se existe alguma coincidência com os dias de hoje e se houver tenha a convicção moral de combatê-lo para o bem comum e desenvolvimento de toda uma comunidade:
1-Autoritarismo; baseado no poder político exercido em seu meio social, o autoritário governa acreditando que é o dono da verdade e que só ele tem competência para tal, dispensa toda e qualquer participação popular.
2-Impunidade; os abusos de poder acontecem com freqüência por parte do autoritário ou de seus apadrinhados como uso do poder em causa própria e as punições não acontecem, pois existe uma cadeia de favores políticos que não se quebra.
3-Voto de cabresto; o eleitor é coagido a votar no candidato indicado e de diversas formas, sendo com pagamento de favores, seja por troca dos votos por sextas básicas, por exemplo, ou qualquer outra forma de ajuda social: dentadura, cadeira-de-rodas ,moletas,presentes em datas especiais etc
4-Currais eleitorais; as zonas eleitorais são subdivididas e os eleitores tem que votar nos candidatos apontados pelo Coronel, são chamados de currais porquê o eleitor se comporta sem racionalidade, sem pensar nas conseqüências de votar na pessoa errada pois está cego politicamente falando.
Muito admirado por sua sabedoria, um ex-presidente chamado Abraham Lincoln deixou uma frase célebre e que deve ser aplicada nos dias atuais para medirmos nossos líderes:¨Se quiser pôr à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder".

(*) Valter Baptistoni - Historiador