Toda nudez da mulher é castigada
Por MARIA NEWNUM
Em Maringá uma jornalista foi demitida do jornal que trabalhava após a exibição não autorizada de fotos suas na internet em posições sexuais. O ex-namorado, autor da façanha criminosa, continuou devidamente empossado em seu cargo num shopping de prestigio da cidade, como se nada tivesse acontecido. De fato, sua vida em nada foi abalada, nem mesmo um grande número mulheres, responsáveis pela manutenção do emprego do sujeito, tomou qualquer posição para demiti-lo. O que mostra a conivência e a falta de entendimento do poder feminino mesmo nas situações em que elas podem efetivamente decidir ou ainda uma evidente consciência máscula de que a mulher “vagabunda” teve o que mereceu.
Em Marília uma estudante de direito foi vítima do mesmo crime e teve que ser escoltada pela polícia para conseguir sair da faculdade, pois uma multidão lhe dirigia palavrões, lhe atiravam objetos e ensaiavam um linchamento ou coisa semelhante. Também nesse caso, as mulheres estavam lá, prestando-se ao papel patético de simples expectadoras. Partiu de um rapaz a iniciativa de chamar a polícia para acudir a moça.
Novamente ao autor do crime, um colega da mesma faculdade, nada aconteceu, não tentaram linchá-lo. Ele ficou devidamente protegido pela sua condição de “macho”. A moça, não. Era mulher e conseqüentemente uma “vagabunda” que precisava de correção ou no mínimo um grande susto. De tão assustada, deixou de comparecer as aulas e embora tenha alegado que as fotos foram montagens, sofreu o castigo.
Esses não são os únicos casos ocorridos no Brasil. A falta de um código penal atualizado e a ineficiência da justiça confere aos “machos criminosos” o poder supremo de punir mulheres. A atualização do código no que tange aos crimes na internet é lenta porque só tem afetado mulheres. Uma denúncia aberta, que elas continuam sendo cidadãs de segunda classe no país onde as leis, em sua maioria, são elaboradas por homens.
Apesar do constatado gosto pela pornografia evidenciado no imenso mar de revistas e sites pornôs, há um contra-senso de que as mulheres devem ser castigadas por sua nudez, e quanto maior a punição, melhor. No fundo desse túnel macabro há um painel de luzes reluzentes dizendo: “A nudez da mulher só é permitida sob controle dos machões.” Por isso, nas revistas e sites pornôs é permitida a nudez da mulher porque ela está sob controle e para o deleite exclusivo dos machos. E quanto mais explicita for essa nudez, melhor. As poses são sempre de submissão. Ajoelhadas a chupar pênis “grandiosos” que lhes banham as faces com o fluído do poder dos machos, essas mulheres mostram constantemente quem tem o poder sobre elas e sobre os seus corpos.
Daí o desejo de linchamento da mulher de Marília, daí a preservação do posto do sujeito de Maringá, num aviso contundente do controle que os machos detêm sobre o corpo da mulher a ponto de expô-las quando e como quiserem. Pois a justiça não fará nada, os homens não farão nada e nem as mulheres farão coisa alguma, já que não acreditam possuir poder, nem mesmo sobre seus corpos; seus corpos pertencem aos machos e suas mentes não estão preparadas para romper com esse poder “grandioso”.
A teóloga Ivone Gebara em Poder e não poder das mulheres p. 11, afirma: “As mulheres foram e ainda são vítimas de uma forma autoritária e excludente de viver o poder. Ainda lhes é negado qualquer participação social mais ampla, qualquer forma de decisão político-societária que toque os interesses da maioria e parece que este campo de batalha não começou a apaixoná-las”.
Somente a partir dessa paixão pelo apodeiramento feminino e pelo entendimento de que o poder não é dádiva exclusiva dos homens é que a mulher poderá assumir o poder de seu próprio corpo. Do contrário a nudez da mulher continuará sendo usada como a fórmula mais covarde para desqualificá-la como indivíduo e como integrante da sociedade como um todo. A nudez desse poder é o pior castigo das mulheres.
Que não paire o engano. Ao castigar uma mulher, castigam-se todas.
_____________Em Marília uma estudante de direito foi vítima do mesmo crime e teve que ser escoltada pela polícia para conseguir sair da faculdade, pois uma multidão lhe dirigia palavrões, lhe atiravam objetos e ensaiavam um linchamento ou coisa semelhante. Também nesse caso, as mulheres estavam lá, prestando-se ao papel patético de simples expectadoras. Partiu de um rapaz a iniciativa de chamar a polícia para acudir a moça.
Novamente ao autor do crime, um colega da mesma faculdade, nada aconteceu, não tentaram linchá-lo. Ele ficou devidamente protegido pela sua condição de “macho”. A moça, não. Era mulher e conseqüentemente uma “vagabunda” que precisava de correção ou no mínimo um grande susto. De tão assustada, deixou de comparecer as aulas e embora tenha alegado que as fotos foram montagens, sofreu o castigo.
Esses não são os únicos casos ocorridos no Brasil. A falta de um código penal atualizado e a ineficiência da justiça confere aos “machos criminosos” o poder supremo de punir mulheres. A atualização do código no que tange aos crimes na internet é lenta porque só tem afetado mulheres. Uma denúncia aberta, que elas continuam sendo cidadãs de segunda classe no país onde as leis, em sua maioria, são elaboradas por homens.
Apesar do constatado gosto pela pornografia evidenciado no imenso mar de revistas e sites pornôs, há um contra-senso de que as mulheres devem ser castigadas por sua nudez, e quanto maior a punição, melhor. No fundo desse túnel macabro há um painel de luzes reluzentes dizendo: “A nudez da mulher só é permitida sob controle dos machões.” Por isso, nas revistas e sites pornôs é permitida a nudez da mulher porque ela está sob controle e para o deleite exclusivo dos machos. E quanto mais explicita for essa nudez, melhor. As poses são sempre de submissão. Ajoelhadas a chupar pênis “grandiosos” que lhes banham as faces com o fluído do poder dos machos, essas mulheres mostram constantemente quem tem o poder sobre elas e sobre os seus corpos.
Daí o desejo de linchamento da mulher de Marília, daí a preservação do posto do sujeito de Maringá, num aviso contundente do controle que os machos detêm sobre o corpo da mulher a ponto de expô-las quando e como quiserem. Pois a justiça não fará nada, os homens não farão nada e nem as mulheres farão coisa alguma, já que não acreditam possuir poder, nem mesmo sobre seus corpos; seus corpos pertencem aos machos e suas mentes não estão preparadas para romper com esse poder “grandioso”.
A teóloga Ivone Gebara em Poder e não poder das mulheres p. 11, afirma: “As mulheres foram e ainda são vítimas de uma forma autoritária e excludente de viver o poder. Ainda lhes é negado qualquer participação social mais ampla, qualquer forma de decisão político-societária que toque os interesses da maioria e parece que este campo de batalha não começou a apaixoná-las”.
Somente a partir dessa paixão pelo apodeiramento feminino e pelo entendimento de que o poder não é dádiva exclusiva dos homens é que a mulher poderá assumir o poder de seu próprio corpo. Do contrário a nudez da mulher continuará sendo usada como a fórmula mais covarde para desqualificá-la como indivíduo e como integrante da sociedade como um todo. A nudez desse poder é o pior castigo das mulheres.
Que não paire o engano. Ao castigar uma mulher, castigam-se todas.
Maria Newnum é pedagoga, mestre em teologia prática, vice-presidente do Movimento Ecumênico de Maringá e Conselheira no Conselho Municipal da Mulher de Maringá.
Para comentar ou ler outros artigos clique aqui; outros artigos de Maria, aqui.
3 pitacos:
Concordo com a articulista, mas tudo isso ocorre pelo fato da mulher NÃO OCUPAR o espaço que lhe é oferecido. Infelizmente a MAIORIA são submissas, e quando querem fugir , não assumir uma responsabilidade dizem : ISSO NÃO É COISA DE MULHER. Isso ocorre na política, na administração de empresas, e outras funções. Mulher , infelizmente quer ser PROFESSORA, PSICÓLOGA. A maioria não quer assumir grandes responsabilidades. Infelizmente.
A mulher tem os mesmos defeitos que o homem. Vejam Margareth Tatcher, Condolezza Rice, Zélia Cardoso de Mello. Dê o poder para uma pessoa e a conhecerá de verdade. O poder não transforma as pessoas. Ele as revela. E como o homem a mulher é igualzinha. Vão ocupar todos os espaços possíveis em menos de uma geração e ganharão igual ou até mais que os homens. Mas o mundo não será melhor nem pior. Será igual. O poder faz isso com as pessoas. Ou melhor as pessoas fazem isso quando tem poder
As colocações desse "Odeio Silvio ii" são ridículas. Pensando assim que sujeitos como aquele fez o que fez com a Rose. E esse rapaz em nada difere daquele.
Postar um comentário
Vê lá o que vai escrever! Evite agressão e preconceito. Eu não vou mais colocar xizinho; na dúvida, não libero o comentário.