22.5.06

Código Da Vinci - a farsa

Por IVES GANDRA MARTINS

Raramente tive a oportunidade de ver a consagração de uma farsa como está ocorrendo com o livro "Código Da Vinci", um amontoado de distorções fáticas inadmissíveis, de monumental ignorância histórica, de má-fé comprovada e espetaculares mentiras com ares de mistério, capaz de gerar o interesse das pessoas pouco avisadas.
O livro não é ruim. É péssimo. Se o autor percorreu as bibliotecas internacionais para escrevê-lo, não tem a menor capacidade de pesquisa, nem de senso crítico.
As afirmações históricas o excluiriam de qualquer medíocre escola, por serem quase todas absolutamente incorretas e externando monumental ignorância, como por exemplo, que "Godofredo de Buillon era um rei da França" ou que a Bíblia é uma coletânea de textos feita por Constantino! Em que livro, de ciência ou de história há a afirmação de que, na Idade Média, a Igreja matou 5 milhões de mulheres?
Em que Faculdade do mundo ensina-se que as Cruzadas foram realizadas para destruir documentos secretos no Oriente, quando se sabe que os grandes líderes das Cruzadas, muitos deles não eram sequer letrados?
Em que livro de história está que Cristo foi casado com Maria Madalena e que esta fundou o verdadeiro cristianismo?Em que manuscrito do Mar Morto está a verdadeira história do Santo Gral, visto que os manuscritos, descobertos em 1947, não fazem a menor referência a ele, até porque impossível, à época em que foram escritos, tal referência? Tais manuscritos são guardados pelo Estado de Israel - que permite o livre acesso a todos que querem vê-los - e mostram exatamente que a Bíblia tinha razão.
No mundo da informação comprovada e dos acessos às fontes, como admitir que se consiga desvendar um segredo não revelado - de 2 mil anos atrás - de que Cristo teve uma filha?
Todos os historiadores do mundo não descobriram o que o oportunista Dan Brown descobriu, em investigações cujas fontes é incapaz de citar. A história é pisoteada por alguém que, sem vergonha e sem escrúpulos, mente sobre tudo.
Quem conheceu João Paulo 2º, João Paulo 1º ou João 23 poderia admitir que fossem chefes de uma máfia, com claro objetivo de assassinar pessoas, encarregando um "monge da Opus Dei" de fazê-lo? Esses papas seriam, pois, assassinos!
Qualquer estudante de Direito Canônico sabe que a Opus Dei é uma prelazia pessoal, que objetiva dignificar a condição humana e que não tem monges, por não ser uma instituição religiosa, mas secular.
Deixo minha estupefação ao verificar que tal coleção de inverdades, que objetiva macular pessoas e instituições, só é possível, em face da liberdade de expressão e do livre arbítrio, valores pregados pelo cristianismo no mundo.
Gostaria de saber se o autor Dan Brown teria a coragem de dizer tantas inverdades contra o islamismo ou Maomé. Até nisto, ele demonstrou seu oportunismo e objetivo maior, qual seja, ganhar dinheiro à custa dos incautos e da curiosidade gerada pela produção de escândalos fabricados.

(*) Ives Gandra Martins - Jurista e professor de Direito Constitucional da Universidade Mackenzie, São Paulo

5 pitacos:

Fábio Linjardi 00:20  

A velha máxima já prega que futebol, mulher e religião são gostos muito pessoais, cujo debate está fadado a chegar a lugar nenhum. Mas, gostei do filme. Como sou avesso aos fanáticos e ao lugar comum, achei de bom gosto o questionamento dos poderes mirabolantes atribuídos a Cristo.

O Código Da Vinci é uma obra de ficção, que irrita muita gente pelo fato de se auto-intitular como verdadeira. A maior atração da obra está na polêmica entre aqueles que levam a sério a afirmação do autor sobre a veracidade da história.

O que irrita alguns cristãos é a possibilidade de Jesus não ter sido um e sim um homem comum, que se apaixonou e teve relações sexuais como qualquer outro sujeito. Há pesquisadores que defendem que Maria Madalena foi mesmo sacaneada pela Igreja, nunca tendo sido prostituta e sim uma apóstola.

Como disse no início, podemos comentar o tema por séculos sem chegar a lugar nenhum. O fato é que muito pouco provavelmente alguém vá deixar de ser cristão porque viu o filme ou leu o livro. Ou nem vai deixar de ser ateu pela mesma experiência.

Acho que o melhor da obra está em poder apreciá-la sem correr o risco de ir para a fogueira ou de ser banido da sociedade. A humanidade avançou e podemos hoje discutir antigos tabus civilizadamente. Já é um motivo para comemorar.

Anônimo,  02:54  

Para ver como esse escritor é medíocre, é só ver o documentário "Da Vinci Decodificado", que é narrado em tom de piada (todas as suposições do livro são quase ridicularizadas), do Discovery Channel.

Todo mundo tem direito de escrever um livro, mas tentar "desmascarar" uma religião é ato oportunista, qualquer que seja a religião.

Numa crítica que li, o autor diz para os cristãos não terem medo do filme, já que a cada suposição no filme acompanha uma gargalhada da platéia, no estilo "que besteira". É claro que o filme será admirado por alguns, provavelmente os mesmos que acharam "Matrix: Revolutions" uma obra prima.

Anônimo,  11:42  

Josenilton e Fabio
O grande problema do Livro de Dan Brown é a página inicial onde ele afirma como verdadeiros o Priorado de Sião e que Leonardo da Vinci e outras personalidades da História fizeram parte dela, a Opus Dei, como um braço da Igreja Católica estremamente conservador. Isto é, utiliza fatos reais para tornar reais seus pensamentos.
Tanto o Documentário do Discovery como do National Geografic criticam exatamente isto. Fatos como o Vinagre que destroi o documento é comprovadamente uma farsa, já que os documentos sobreviviriam mais de 24 horas mergulhados em vinagre.
Como história de ficção é uma grande obra, ou autor teve uma grande imaginação (ou plagiou, considerando os processos).
O Primeiro Matrix apesar de atacar alguns preceitos cristãos, não teve toda esta polêmica porque em nenhum momento criou a ideia de que aquilo era real (ou pior, nada daquilo era real)era uma obra de ficção. Se tornou um marco na história do cinema, alguns efeitos especiais são conhecidos como Antes ou Depois de Matrix.
Se Dan Brown não tivesse escrito aquela Introdução, e não usado uma instituição real como a Opus Dei, com certeza a polêmica seria menor.

Anônimo,  12:32  

Agora burrice mesmo é ficar essa idiotice de pessoas se matando por um livro de ficção que saiu da cabeça de um idiota, onde outros tantos idiotas se degladiam com suposições..... Na minha idiota opinião, ele (o autor) conseguiu exatamente o que queria... polemizar para ganhar dinheiro, e muito dinheiro. Eu não comprei o livro e nem assisti o filme, talvez quando estiver o DVD na Americanas por 9,90, talvez eu compre.

Anônimo,  13:34  

O objetivo desses exportadores de lixo para o Brasil, é criar a polemica, pois isso lhes dao o resultado financeiro que é o unico objetivo deles. Temos varios filmes nacionais de qualidade superior a esses lixos, chamados de filmes estrangeiro, que aportam por aqui

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