27.1.06

Perdoa-lhes, mas eles sabem o que fazem

Por LUIZ FERNANDO RODRIGUES

É um tanto quanto retrógrada a posição da atual administração municipal frente aos problemas da cidade. Um prefeito autoritário que se diz defender a democracia, mesmo tirando das mãos dos pais o direito de decidir sequer quem serão os diretores das escolas onde seus filhos estudam.
A atual administração diz defender a democracia e o diálogo, porém não sabe dialogar sequer com seus servidores. Através de decreto decidiu ampliar a jornada de trabalho dos servidores da saúde que há 15 anos trabalhavam numa jornada de 06 horas diárias, uma luta nacional defendida em Conferências de Saúde (nacionais, estaduais e municipais) há vários anos e que ganhou tal importância que é defendida por boa parte da Câmara dos Deputados em Brasília, inclusive com projeto votado na câmara e encaminhado ao senado. Mas em Maringá é diferente: ao invés de dialogar com os servidores e com a população (cujo Conselho Municipal de Saúde a representa) e chegar a uma conclusão sobre o assunto, a administração usa o poder da caneta e tacha o sindicato de desordeiro.
Maior ainda é o problema do transporte coletivo: a tarifa não foi reduzida conforme o prometido, todos os horários de ônibus foram alterados, diminuindo o número de veículos nas ruas (gerando economia para a concessionária), os cobradores foram demitidos e a planilha de custos continua a mesma. O que vemos hoje é um transporte público que deixa a desejar, provocando acidentes tanto no trânsito quanto dentro dos coletivos, gera desemprego (aliás outra promessa de campanha não cumprida), linhas com atrasos e menos ônibus circulando nas ruas. E, novamente, a população não foi ouvida. No debate público sobre o transporte organizado por mais de 30 entidades da sociedade civil de Maringá, a administração e a empresa concessionária não mandaram sequer representantes.
No caso da Privatização (que a administração prefere usar o termo de parceria/terceirização) a situação ainda é mais complicada. A Conferência Municipal de saúde colocou como diretriz a não privatização / terceirização do serviço público de saúde e o Conselho Municipal de Saúde defende esta diretriz, mas a administração prefere seguir na contra mão. Sucatearam o serviço público de saúde de Maringá, faltam médicos nos postos de saúde, faltam remédios e até mesmo materiais básicos de procedimentos como algodão, seringas, gaze, etc. Não há mais equipes do Programa Saúde da Família, tido como a solução dos problemas da Saúde no país, pois faz a promoção da saúde e não a remediação. Quantas pessoas acamadas estão sem atendimento desde o dia 23 de janeiro, sem medir pressão, fazer curativo... Ao final de 2004 eram 64 equipes do programa na cidade e hoje não temos nenhuma. Novamente entidades se organizam juntamente com a população para dar o seu grito, porém a administração não se manifesta. Aliás, ao contrário, envia “capangas” para provocar confusões e intimidar servidores municipais e lideranças que ali estavam filmando-os e fotografando-os. Que democracia é esta? Que cristão é esse que usava até o nome de Deus para chegar ao poder? Será que virou as costas à ele?
Na mensagem de João Paulo II, em preparação ao XVIII Dia Mundial do Enfermo, em 6 de agosto de 1999, há um trecho que nos ajuda a assumir nossos deveres: ‘’Trata-se de um grave escândalo, diante do qual os Responsáveis das Nações não podem deixar de se sentir comprometidos em prodigalizar todos os esforços, a fim de que a quantos vivem na penúria de meios materiais seja dada a possibilidade de atendimento, cuidados médicos de base’’. Merece ainda a devida atenção as seguintes palavras nesse documento: ‘’Penso ainda de maneira particular nas graves desigualdades sociais no que diz respeito ao acesso aos recursos médicos’’
Que possamos refletir como Cristãos e cidadãos e lutar cada vez mais por uma sociedade mais justa e solidária.

(*) Luiz Fernando Rodrigues é da Pastoral da Juventude/Arquidiocese de Maringá, e conselheiro do Conselho Municipal de Saúde

1 pitacos:

Anônimo,  11:05  

Resta rezarmos para que essa semente do mal não germine!

Ou, para os que não acreditam no poder da fé, devem "torcer".

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