15.1.06

Mais sobre o suposto caixa 2 de Furnas

O texto abaixo é do blog O Escriba:

A Polícia Federal recebeu nos primeiros dias deste ano um dossiê de 5 páginas com a relação dos deputados, senadores, governadores e um candidato a presidente da República que receberam quase R$ 40 milhões nas eleições de 2002. O dinheiro veio de Furnas, uma das maiores estatais do país, e não foi contabilizado. Caixa 2, isso mesmo.
O barato é que entre os beneficiários, tem muita figurinha carimbada das CPIs que estão em funcionamento em Brasília. Daqueles que gritam e soltam perdigotos nos questionamentos que fazem a acusados e testemunhas convocadas pelas comissões, acusam a torto e direito, dão declarações indignadas a jornalistas, pedem ética na política.
Além da lista dos 156 políticos que receberam a bolada, há também uma lista imensa de doares. Tem construtoras, bancos, seguradoras, estatais... é uma beleza!
A PF recebeu uma cópia dos documentos, que estão em papel timbrado da empresa, assinados por um diretor que caiu depois que Roberto Jefferson botou a boca no trombone - com firma reconhecida e tudo - e, na versão que eu baixei numa página na internet, traz até o resultado positivo de uma perícia feita pelo professor Ricardo Molina, da Unicamp. Os documentos aparentemente são verdadeiros. A própria PF já disse que os documentos são ‘consistentes’. Busca-se agora os originais do que pode ser a confirmação do que todo mundo já sabe: caixa 2, no Brasil, não é privilégio do PT. Muito pelo contrário.
Tá curioso pra saber quem figura entre os que receberam a dinheirama? Confira em http://www.pontoflash.com.br/furn@s/
Só uma curiosidade. Não há, nessa lista, um só nome do PT. Claro, em 2002, quem dava as cartas era o PSDB e o PFL...
O caso foi noticiado muito discretamente pela imprensa, nenhum político que figura no dossiê teve seu nome divulgado. Para evitar injustiças, claro. Veja aqui, por exemplo... O primeiro a dar a notícia foi o Ilimar Franco na coluna Panorama Político, do jornal O Globo, no dia 7 de janeiro. Saiu matéria em seguida na Folha e... nada. Ficou por isso mesmo.
Mas taí o link pra quem quiser ver. E divulgar.

1 pitacos:

Anônimo,  17:37  

Caro Rigon:

Porque será que não foi destaque na mídia a capa da revista CARTACAPITAL de 11 de janeiro de 2006, Ano XII, Número 375

O CAIXA 2 FOI MAIOR
A PF atesta a autenticidade do documento que estima em R$ 100 milhões os gastos de Azeredo em 1998
Por Sergio Lirio

O senador tucano Eduardo Azeredo terá de apresentar à CPI dos Correios novas e mais convincentes explicações sobre o tamanho do caixa 2 de sua campanha à reeleição ao governo de Minas Gerais, em 1998, e sobre o quanto se envolveu diretamente na arrecadação. Entre o Natal e o Ano-Novo, contrariando as tentativas do PSDB de desqualificar a papelada entregue pelo lobista Nilton Monteiro no início de dezembro último, o Instituto de Criminalística da Polícia Federal (PF) concluiu não haver indícios de fraude no principal documento repassado por Monteiro aos delegados em Brasília, três páginas que detalham as supostas fontes e os supostos destinatários de cerca de R$ 100 milhões angariados entre empresas públicas e privadas. A maior parte sem declaração ao Tribunal Regional Eleitoral.

O documento é assinado e rubricado por Cláudio Mourão, secretário de Administração de Minas Gerais durante o mandato de Azeredo e ex-tesoureiro da malsucedida campanha à reeleição. Segundo o laudo da PF, a assinatura e as rubricas são verdadeiras. Os peritos concluíram também que não existem sinais de fraude ou montagem na seqüência das páginas, registradas por Nilton Monteiro em um cartório de Belo Horizonte em meados do ano passado, conforme noticiou a Folha de S.Paulo em 29 de dezembro. “A papelada é quente”, diz uma fonte da polícia.

O “resumo da movimentação financeira” está dividido em 11 tópicos na primeira folha. O primeiro deles relata que só a SMP&B e a DNA, agências do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, teriam movimentado R$ 53,8 milhões em favor do comitê de Azeredo. Uma parte substancial, quase R$ 11 milhões, teria sido desviada de empresas públicas ou recém-privatizadas à época, entre elas o Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge), a Cemig, a Copasa e a Loteria Mineira.

As empresas públicas, descreve o autor do documento, patrocinariam o “Enduro da Independência”, uma competição esportiva bancada pelo governo do Estado. Em vez de aplicar os recursos na organização do evento, as empresas de Marcos Valério teriam desviado a maior parte dos valores para a campanha do governador.

Para provar o desvio, Monteiro anexou ao “resumo” a programação de gastos de divulgação e organização do evento que, afirma, lhe foi repassada por Mourão. Os gastos ficaram bem abaixo da milionária conta final. Da papelada em poder da PF constam ainda cálculos do contador das empresas de Valério sobre os impostos relativos à movimentação financeira do Enduro. A partir dos cálculos contábeis, deduz-se que a organização do evento movimentou os cerca de R$ 53 milhões relacionados na primeira página do documento analisado pelos peritos federais.

Outra parte das contribuições ilegais teria vindo de companhias privadas, principalmente empreiteiras como a Queiroz Galvão, a Erkal, a CBN e a Tercam. O documento não especifica a quantia. Dos quase R$ 100 milhões supostamente arrecadados, apenas R$ 8,5 milhões foram declarados oficialmente pela campanha de Azeredo.

O publicitário não reconhece a movimentação. Por meio da assessoria de imprensa, Marcos Valério informou a CartaCapital que prestou às comissões parlamentares de inquérito (CPIs), ao Ministério Público (MP) e à PF todas as informações a respeito e que não havia nada a acrescentar.

Em depoimentos às CPIs, tanto Valério quanto Cláudio Mourão sustentaram versão semelhante: o empresário teria obtido no Banco Rural R$ 11 milhões em empréstimos e repassado à campanha de Azeredo. A garantia dos financiamentos vinha de contratos das agências DNA e SMP&B com órgãos do governo estadual. Os valores não foram declarados à Justiça eleitoral. Azeredo não reconhece a dívida. As empreiteiras negam as doações.

Ainda na primeira folha, o documento indica uma outra fonte e um dos supostos destinatários do caixa 2. A fonte seria o empresário Clésio Andrade, hoje vice-governador de Minas Gerais. Andrade teria doado por fora R$ 8,25 milhões à campanha de Azeredo. Ele nega a doação.



Confira o resumo da movimentação:
http://www.cartacapital.com.br/tabelas/seupais375.jpg

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