4.11.05

Bertholdo: um novo Waldomiro Diniz?

Em 11 de julho o blog reproduziu matéria veiculada no Jornal de Brasília sobre Roberto Bertholdo. O título: "Um novo Waldomiro Diniz?". Recapitulemos:
"A posse de Silas Rondeau Cavalcante Silva no Ministério das Minas e Energia pode ter aberto uma bem remunerada vaga no Conselho de Administração de Itaipu Binacional, que já teve donos polêmicos. O primeiro foi o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que cedeu seu lugar ao advogado paranaense Roberto Bertholdo. Este, um homem no mínimo polêmico, encarado por muitos como uma bomba-relógio que pode estourar no Palácio do Planalto e na política paranaense.
Para começar, pela própria trajetória de Bertholdo. Casado com a filha do ex-deputado paranaense Erwin Bonkoski, um dos líderes do Centrão na era Sarney, seu nome veio a público nos anos 90, logo depois de perder a eleição para deputado estadual no Paraná pelo extinto PRN, quando tornou-se lobista da Construtora Tibagi.
Era, então, o melhor amigo do comandante Jorge Bandeira, piloto e sócio de PC Farias, falecido tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Teria conseguido, à época, por suas ramificações no governo, travar no Conselho de Contribuintes da Receita Federal cinco processos nos quais a Tibagi era multada em quase US$ 1 milhão, por sonegação de impostos.
Mesmo depois da queda de Collor, o lobby de Bertholdo ainda funcionava. Em fevereiro de 1995, os processos contra a empresa dormiam na gaveta da conselheira Marian Seif, presidente do Conselho, indicada por Cláudio Vieira, ex-secretário de Fernando Collor. Mas em agosto daquele ano, o então secretário da Receita, Everardo Maciel, demitiu Marian e fez uma faxina no Conselho.

Advogando - Bertholdo, então, saiu da Tibagi. Mas não da vida pública. Tornou-se, com o termpo, advogado de pesos-pesados da política paranaense, entre eles os deputados federais José Janene, líder do PP, e José Borba, ex-líder do PMDB. Pelos bons serviços prestados, acabou sendo indicado por Borba, no começo de 2003, para o cobiçado cargo de conselheiro de Itaipu Binacional.
Borba, aliás, utilizou por vários anos os serviços de Bertholdo. Primeiro, como advogado especializado na área tributária. Depois, como um assessor parlamentar. Bertholdo, muito simpático, encantava a assessoria da Comissão de Orçamento e Finanças, de acordo com comentários de quem trabalhava lá. Promovia ainda, segundo algumas testemunhas, festas animadas numa casa alugada no Lago Sul. Mais recentemente, comenta-se, Bertholdo teria redigido a polêmica e dura nota de despedida de Borba da liderança do PMDB, na qual ele acusou o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza de lotear cargos no governo federal.

Avalista - Mas a ida de alguém tão próximo do esquema Collor para a respeitável Itaipu dos primeiros meses do governo Lula teria de ter um padrinho mais engajado. Suspeita-se que seria o advogado Daniel Godoy, ex-assessor do governo do Paraná. Filiado ao PT, Godoy seria o homem que o aproximou da cúpula petista, principalmente do ex-ministro José Dirceu, apontado como o avalista final da ida de Roberto Bertholdo para o ambicionado Conselho de Administração da Itaipu Binacional, cargo com salário de R$ 14 mil e obrigação de comparecer a uma única reunião mensal.
A indicação, feita em agosto de 2003, foi um soco na boca do estômago do presidente de Itaipu Binacional, o petista Jorge Samek. Afinal, Bertholdo era filiado ao PP e disputara, em 2002, uma vaga como senador no Paraná como suplente de Tony Garcia, seu cliente e ex-deputado estadual acusado de gestão fraudulenta, sonegação fiscal, evasão de divisas, subfaturamento em importações e clonagem de veículos na administração do Consórcio Garibaldi. Seu currículo e seu modo de agir nunca agradaram, segundo se comenta no Paraná, o educado e polido presidente de Itaipu Binacional.
Samek teve de esperar quase dois anos para ver Bertholdo deixar o assento no Conselho de Administração. Antes disso, porém, teria assistido ao advogado sugerir a ampliação do escopo de atuação da geradora de energia, incluindo a ação social no Brasil como mais um pilar da empresa. Também viu Bertholdo pedir a lista de fornecedores que tinham dinheiro a receber de Itaipu, procedimento considerado estranho por um conselheiro, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães. Samek negou o pleito.
Outros procedimentos nada ortodoxos viriam em pouco tempo. Em janeiro deste ano, Bertholdo foi acusado de agredir, manter em cárcere privado e extorquir R$ 900 mil do ex-sócio Sérgio Renato Costa Filho. Por ordem do então ministro José Dirceu, acabou desligado (ou pedindo demissão) em 22 de fevereiro deste ano, após um encontro com o diretor-geral brasileiro, Jorge Samek".

Bertholdo é amigo de Janene e Borba e advoga para Ricardo Barros
"O Jornal de Brasília conversou com o advogado Roberto Bertholdo, que deu sua versão para os fatos. Com relação ao caso em que, supostamente, teria agredido seu sócio de escritório de advocacia, Sérgio Renato Costa Filho, Bertholdo afirma que jamais torturou ou tentou extorquir dinheiro de Costa. Irônico, o advogado ainda mencionou que nem mesmo os homens da SWAT aguentariam 14 horas de tortura, "ainda mais um anão alto como ele". De acordo com Bertholdo, Costa é um homem com problemas de saúde, sendo difícil que agüentasse tantas horas de tortura.
O advogado revela ainda que a investigação foi o motivo que o fez abandonar o cargo de Conselheiro da Itaipu Binacional. "Quando descobri o inquérito, pedi demissão", justifica. Ele negou, inclusive, a inimizade com o diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek. "Duvido que ele não goste de mim", afirma.
Bertholdo confirmou ser amigo dos deputados José Borba (PMDB-PR) e José Janene (PPB-PR), além do ex-deputado estadual Tony Garcia, para os quais já advogou. "Em virtude do trabalho, acabamos criando uma amizade", lembra. "E também sou advogado do deputado Ricardo Barros (PP-PR)", completa, citando o deputado federal acusado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de crime contra ordem tributária.
dirceu Sobre sua ligação com o ex-ministro da Casa Civíl José Dirceu, Bertholdo começou com uma versão e terminou com outra. Num primeiro momento, brincou dizendo que sua relação com Dirceu era apenas jornalística, ou seja, "sempre o vejo nos jornais e revistas". Depois, negou qualquer relação com o ex-ministro. "Nunca tive contato", garantiu. Questionado mais uma vez sobre o assunto, Bertholdo afirmou já ter cumprimentado Dirceu e, na terceira vez, assumiu que já haviam conversado. "Mas nunca falei mais de um minuto", insistiu.
Bertholdo também negou que tivesse feito qualquer proposta de ampliação da Itaipu Binacional para viabilizar que a empresa realizasse assistência social. "Mesmo porque há muito tempo ela presta assistência social, principalmente para o Paraguai, por necessitar mais", explica Bertholdo.
Sobre uma possível viagem feita por ele em um jato Learjet 31, de propriedade da Vip Jet, que é fornecedora da Itaipu, a seqüência de respostas de Bertholdo foi "não sei", "acho que não", "jamais", "quase certeza que não", "nem conheço" e "todos os meus vôos são feitos com meu dinheiro, dinheiro particular".
Esta última informação, porém, está em desacordo com os registros da Itaipu, onde consta o pagamento de viagens para Bertholdo entre Curitiba e Foz do Iguaçu e de Foz do Iguaçu para o Rio de Janeiro".

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