A grande viagem humana

Nessa época do ano muitos leitores deste blog estão viajando. Entediados e cansados com o cotidiano, todos procuram alívio nas viagens.
Drummond, em um de seus delírios poéticos imagina o homem fazendo inúmeras viagens galáticas. Assim é o início da viagem: ... O homem, bicho da terra tão pequeno. Chateia-se na terra. Lugar de muita miséria e pouca diversão... O homem viaja à Lua, à Marte, a Júpiter e, depois, chega ao sol. Porém, logo depois de explorar e civilizar cada um desses lugares, acaba achando tudo muito chato e parte para outra viagem. Depois do sol, lembra Drumond, ainda pode viajar aos outros sistemas fora do solar. E quando a possibilidade das viagens externas acabar, o que restará ao homem? Drummond poetiza: Só resta ao homem (estará equipado?). A dificílima dangerosíssima viagem. De si a si mesmo: Pôr o pé no chão. Do seu coração. Experimentar. Colonizar. Civilizar. Humanizar. O homem. Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas. A perene, insuspeitada alegria De con-viver. Obviamente, aqui mesmo na terra há inúmeras possibilidades de viagens a lugares desconhecidos por muitos de nós. Porém, compartilhamos com Drummond a ideia de que a grande viagem é autocivilizatória. E, esta viagem parece não figurar comumente na lista de desejos para 2010. Infelizmente!

Ivana Veraldo