CME coloca em xeque a laicidade da educação
O Conselho Municipal de Educação de Maringá, órgão público que representa todas as instituições de ensino do município, na última quinta-feira tomou uma decisão que representa um retrocesso histórico para os educadores: a conquista da laicidade da educação. A atual presidente, professora Neusa Maciel Ramires, desde a primeira reunião do Conselho convoca os integrantes a realizarem uma oração (o Pai Nosso). Dia 19, terceira reunião ordinária dessa gestão do CME, antes que a oração se realizasse, solicitei à presidência a suspensão da reza e a transformação do pedido em tema de pauta da reunião para que pudesse explicar os motivos. Minha fala foi a de defesa da conquista da laicidade da educação, que é muito mais ampla do que simplesmente a não oferta do ensino religioso nas escolas públicas brasileiras. Defendi, igualmente, que as diferentes manifestações religiosas devem ser respeitadas e que um Conselho público não deve fazer a opção por uma única forma de manifestação religiosa.
Ao apresentar os argumentos fui interrompida por uma professora integrante do Conselho que afirmou que o Pai Nosso era uma oração universal, no que foi apoiada por outros integrantes, demonstrando total falta de conhecimento sobre as mais importantes e diferentes religiões que são praticadas hoje.
Apresentei a proposta de não realização da oração pelo Conselho. Ela foi rejeitada veementemente por todos os integrantes do Conselho que decidiram, à contramão das conquistas democráticas e históricas da educação brasileira, realizar a oração em todas as reuniões.
O Conselho feriu direitos, rejeitou conquistas históricas, demonstrou falta de conhecimento sobre manifestações religiosas, rejeitou a ciência e enveredou pelo obscurantismo. É esse o Conselho Municipal de Educação de Maringá, do qual faço parte, sem muito orgulho nesse momento.
Ivana Veraldo
(professora Doutora do Departamento de Fundamentos da Educação da Universidade Estadual de Maringá)
21 pitacos:
Eu pensei que decisões tomadas a partir da consulta ao interessados também fosse uma conquista democrática... E vamos falar a verdade: todo direito individual deve ser respeitado. Mas no que toca a este tema, muitas vezes o problema é a aversão de certas pessoas a tudo o que se refere ao religioso ou às instituições religiosas. Não confundamos as coisas. A dimensão religiosa é parte integrante da formação de todo ser humano. Não é uma doença que precisa ser erradicada para tornar a humanidade mais sadia.E depois, estamos vendo e sentindo na pele, as consequências da laicidade do estado...Quem sabe um pouco de religião não ajudaria a sermos mais éticos, mais honestos, mais caridosos, menos egoístas, mais pacifistas, menos preconceituosos, enfim, mais humanizadores.
"Eu pensei que decisões tomadas a partir da consulta ao interessados também fosse uma conquista democrática..."
De fato. Pelo jeito só é considerada uma conquista democrática quando ela corresponde as expectativas de um ou outro. De outra maneira, deixa de ser democrático e vira retrocesso. Maldita ditadura da maioria...
Não se trata de relegar tudo o que é religioso, trata-se de de respeitar as diversas igrejas sem privilegiar nenhuma delas. Como pede ou manda a nossa constituição. Estudo bíblico pode, religioso, não.
Agora, as igrejas evangélicas poderiam adotar ou admitir o pai nosso como uma oração que estivesse acima das religiões e igrejas. Não significaria, imagino eu, submissão ou deturpação de nenhuma delas. Pacificar e apaziguar são objetivos de todas elas. Quer dizer, as satâncias, dos porões secretos, ficariam contrariadas.
Ivan
Com certeza, mais de 90% dos participantes da reunião são cristãs. Considero mais radical o ponto de vista da Ivana. O Brasil é um Pais cristão. Rezar o Pai Nosso não agride ninguém.
Anônimo das 09h45, ou seja, você quer dizer que devemos ignorar as crenças religiosas dos outros 10%? Budistas, ateus, muçulmanos não rezam Pai Nosso.
E, como já diria Nietzche: "Deus está morto".
Sugiro que você apenas dê uma olhada neste vídeo: http://youtube.com/watch?v=soHt_iuaSYw
Abraços!
Como já dizia minha sábia bisavó: "Quando um não quer, dois não brigam".
concordo com o anonimo das 8:25 em relação a democracia..porem caro anonimo é de conhecimento de VOSSA SENHORIAS que esse Conselho Municipal é TOTALMENTE MANIPULADO pela gestora da secretaria de educaçao e isso é desagradavel... SALIENTANDO QUE ELA É EVANGELICA ISSO SO COMPLICA.... MAS TEREMOS UMA GESTAO EDUCACIONAL EVANGELICA NO MUNICIPIO DE MARINGA
O QUE DEVERIAM É SE PREOCUPAR É COM A PÉSSIMA QUALIDADE DO ENSINO EM MARINGA, DAS MARACUTAIAS NA seduc.. DOS DESMANDOS QUE A SECRETÁRIA FAZ COM AS COORDENADORAS E GERENTES.. UMA VERGONHA MUNICIPAL..ISSO SIM DEVERIA SER REVISTO... MAS A SOLUÇAO É UM BOM DESPACHO DE UMBANDA NESSA SECRETARIA DE EDUCAÇAO E DESPACHA A MARCIA E CIA LTDA PARA OUTROS LOCAIS.. AS GERENTES ESTAO CADA DIA DE ENGALFINHANDO.. AGORA QUEREM DAR A RASTEIRA NA GRASIELA... A SANDRA E A CELIA ESTAO ARMANDO PARA A GRAZI COITADA DA GRAZI.. CLEUZA RESOLVA ISSO..PORQUE TA FEIOOOOO BONS TEMPOS QUE VC MANDAVA E ALI ACATAVAM SUAS ORDENS CLEUZA.. AGORA TA UM BALAIO DE GATO MISTURADO COM PORCO E TATU
Ditadura da maioria, foi um ótimo termo Stephen. Um dos grandes motivos de se fugir ao senso comum e estabelecer leis que suplantem a "boa intenção" deste ou daquele sujeito por regras objetivas e válidas independentes é a proteção às minorias de uma sociedade. E isto é o que pode ser denominado respeito à diversidade de fato. Aqueles que não podem entender a laicidade como uma conquista são pessoas que não deveriam ter cargos num Conselho Municipal de Educação. A separação do Estado e da Igreja aconteceu a mais de um século, cabe um pouquinho de esforço intelectual aos que não conhecem a história para que percebam os fundamentos da discussão. E isto NÃO É UM ATENTADO À RELIOGISIDADE DE NINGUÉM! Cada um crê naquilo que quiser, e ensina seus filhos da maneira como quiser. Dae a achar que isto é universalizável é deplorável.
E ao comentador acima: 90% não é 100%. E nas salas de aula, pode ser que haja "10%" de alunos que não sejam cristãos e que não são obrigados a ouvir O SUPER UNIVERSAL PAI NOSSO.
Por que raios as pessoas que possuem uma religião acreditam ser superiores ao ponto de fazer valer sua opinião sobre um ateu, por exemplo? é por situações como esta que cada vez mais acredito que o problema não é a religião, são as pessoas que não conhecem o verdadeiro significado do verbo "religare".
E finalizando, já que n cabe muito mais a ser dito sobre esse xiitismo presente num "Conselho" de Educação: se uma pessoa dentre 190 milhões afirmar que não crê no mesmo deus das outras 189.999.999, o que a maioria faz? Se for em Maringá, matam o dissidente. É mais fácil pensar como manada do que realmente respeitar a minoria.
Só mais um adendo:
"Eu pensei que decisões tomadas a partir da consulta ao interessados também fosse uma conquista democrática... "
é, de fato, a consulta aos interessados deve ocorrer... a única discrepância que tenho com esta posição é que quando se fala em reuniões ou atos relacionados ao Estado, a consulta já ocorreu, está presente num texto chamado Constituição e representa a vontade do povo em geral. E há não ser que estas reuniões do CME sejam na verdade encontros de paróquia disfarçados sob o nome, a laicidade deve prevalecer, e ninguém deve ser constrangido a ter que presenciar manifestações religiosas que só cabem a alguns, mesmo que estes alguns sejam, repetindo o que disse a Stephen, a maioria e sua vontade de ditadura.
Antes a democracia do que a ditadura, mas democracia significa a vontade do povo, e esse povo tem suas opiniões e escolhas. A vontade da maioria é um conceito democrático e não autoritário. Vivemos em um momento de ditadura sim das minorias, que tentam em muitos momentos impor as suas vontades ao grupo majoritário. Triste alguém gastar tempo me criticar uma atividade como a oração ao invés de se dedicar a resolver e dar ideias para o baixo ensino em nossas escolas. Preconceito com religião é tão preconceito como outro qualquer.
NO ALMOÇO ONDE QUE O RICARDO OFERECEU AOS FUNCIONARIOS NOS DA sEDUC ESTAVAMOS LA E INFELIZMENTE NAO TIVEMOS A OPORTUNIDADE DE FALAR AO RICARDO OS DESMANDOS QUE A MARCIA TEM FEITO JUNTAMENTE COM A GERENTE QUE ELA TEM DA EDU INFANTIL... DESMANDOS E MARACUTARIAS E FALCATRUAS QUE NAO ESTAMOS SUPORTANTO.. QUE O CME NAO TEM TOMADO CONHECIMENTO ...
MAS O ABAIXO ASSINADO JAESTA CORRENDO AS ESCOLAS E E AS SUPERVISORAS VAO ME ENTREGAR E EU ENTREGAREI PARA ELE... VAMOS TIRARA DIRETORA INOPERANTE QUE ESTA ENCOSTADA NA SEDUC E ESSA GERENTE QUE FICA ORDENHANDO A MARCIA... UM ABSURDO.. O RICARDO NAO SABE COMO ESTA O CAOS A SEDUC
Prezada Dra. Ivana,
Não a conheço pessoalmente mas me identifico com sua fala. Vou citar uma frase, acho que de Groucho Marx "Não entro para clubes que não me aceitam como socio"...assim como voce sou uma pessoa competente em minha área, respeitada no meio academico, e muito feliz com os conhecimentos que conquistei. Mas aqui, na cidade dos "especialistas", minha voz se cala. O que esperar de uma cidade onde o prefeito não é prefeito. Sabe de turismo mas deixa a atividade caótica por ser mal assessorado. A secretária de Educação é plenamente ignorante. A secretária de esportes, bem essa é uma falácia politica. O transito esta nas mãos de especialistas em qualquer coisa menos transito. A saúde é conduzida por um especialista em manipulação de midia. A ONG que apregoa ética recebe agradinhos para acobertar falcatruas...ora vamos, percamos as esperanças e sejamos honestos. A educação de nossos filhos depende muito mais de nossas atitudes e exemplos dentro de casa (Graças a Deus!) Desculpa a sinceridade laciva, mas voce sera mais leve e feliz quando, assim como eu, "ouvir" Groucho Marx. Um grande abraço.
Profª Dra. respeito sua opinião, mas como educador notei nesta sua colocação um certo autoritarismo que não difere muito da época em que os julgamentos se dava em cima da palavra de DEUS, portanto como educadora está perdendo uma ótima oportunidade de dentro do próprio conselho discutir e relembrar a todos as conquistas da educação, não feche esta porta rotulando pessoas que talvez não tiveram a mesma oportunidade na vida de fazer um DOUTORADO, portanto não se deixe elevar-se a PH"DEUS", discuta, contrapõe-se mas nunca deixe de EDUCAR......DE ENSINAR......
Pelo meu pouco conhecimento, o pai nosso é ecumênico.
Se os membros do CME somente uma pessoa (Ivana) não aceita a oração e os demais membros aceitam...é uma questão de opinião. Você está certa em defender sua opinião, mas isso não quer dizer que os demais membros sejam obrigados a acatarem. É uma questão de democracia.
Prfª Dra, sabemos que a Educação não é estática ela é trabalhada todos os dias, com novos conceitos, conjunturas, "modernidades" etc.Acredito que foi um grande avanço separar da Educação a Religião..digo enquanto julgamento..julgar hoje ou antigamente por convicções religiosas pode ser perigoso...mas tbm acredito que temos que reavaliar a questão da Religião dentro da Sala de aula... será que não separamos tanto e seja por isso que estamos vendo professores estressados pela falta de respeito sofrido por aluno? Muitas vezes agredidos dentro ou fora da sala? "Nessa pedagogia moderna" não estamos esquecendo de algo que até hoje ninguem explica mas sabemos que está ali e só sabermos burcar?... E assim poderia falar o resto da tarde...um abraço a todos......
Maria Newnum diz: Parabéns para professora Doutora Ivana Veraldo
Reflexões com a sua são importantes para todos/as agentes da educação e para sociedade em geral.
Há sim de se distinguir e defender o Estado Laico, conquistado a duras penas.
Para os/as que almejam viver a confessionalidade religiosa existe a disponibilidade de escolas confessionais na cidade e no País; e nisso, enseja a democracia brasileira.
Já nas escolas públicas, quem quer que sinta-se aviltado, deve e compete a denúncia com fins de garantia dessa grande conquista.
Um abraço. Maria Newnum - Teóloga e educadora
E assim estamos voltado à Idade Média! Que medo!
O quê? Isso é um exemplo do retrocesso mental em que se encontra o ensino do país.
Esse fato corrobora aquela frase que diz que a unanimidade é burra.
O credo é intimo e privado e o Estado não deve interferir nisso. Premissa básica conquistada a duras penas, guerras, milhares de mortos por vários anos (como bem frisou Wilson - toda a idade média). É um retrocesso, óbvio!
Quer rezar, reze em casa.
Postar um comentário
Vê lá o que vai escrever! Evite agressão e preconceito. Eu não vou mais colocar xizinho; na dúvida, não libero o comentário.