Sou a primeira vítima
Quando começaram a aparecer as cercas elétricas profetizei aos meus botões que elas ainda fariam muitas vítimas. Mas nunca imaginei que eu seria a primeira.
Como sou um cara de sorte, investi minhas parcas economias em uma pequena chácara no Jardim Atlanta, bem ao lado daquela famosa mansão que foi notícia no Fantástico, quando a Polícia Federal invadiu a casa porque ali funcionava uma empresa (a prefeitura não sabia disso e a PM estava sempre lá e continuou indo depois da invasão) que vendia produtos pela Internet e não os entregava.
O dono da casa não mora aqui, está no Japão. E para garantir a segurança do imóvel, montou seu próprio campo de concentração às avessas. Instalou uma cerca elétrica, e nunca fez manutenção. Há alguns dias, um jardineiro apareceu por lá e podou as arvores e as folhas das palmeiras que estavam entrelaçadas com a cerca. Parte da maçaroca jogou para o meu lado. Outra parte jogou no terreno que é fundo de vale.
Tentei falar com alguém na casa, mas apenas uma moça com duas carreiras de estrelinhas tatuadas debaixo das orelhas apareceu. Ela disse que entraria em contato com o dono. Passaram-se dias, e nada de dono. A maçaroca está lá.
Preciso roçar a área, mas o cara que deveria fazer o serviço não quer fazê-lo porque tem medo dos fios. “Quem pode garantir que não estão ligados”, disse-me.
Liguei para a delegacia porque me disseram que essas cercas precisam de autorização da polícia para ser instaladas. Uma telefonista muito gentil (quem diria, até a delegacias estão mudando!) disse, enquanto perguntava a um delegado que estava por perto, que o assunto é com a prefeitura.
Liguei para a prefeitura e percebi que essa coisa é levada tão a sério pelo poder público quanto a maioria dos assuntos que dizem respeito à segurança das pessoas.
Mandaram registrar uma queixa no telefone 156 (“Fale com o Prefeito), para que um fiscal vá ao local em um prazo de sete dias e verifique se há irregularidades.
Liguei. Primeiro a moça disse que era propriedade privada, depois, como lhe contei toda a história novamente, registrou a minha reclamação.
Estou esperando... Enquanto isso, não posso mexer na minha propriedade por conta de uma cerca elétrica que não é minha.
Pensei em arrumar algum equipamento de plástico e tentar jogar toda a maçaroca de galhos e fios para o lado do dono. Mas pensei naquilo que o roçador falou. “Quem pode garantir que não estão ligados?” Além disso, se mexer por conta própria, posso ser acusado pelo proprietário de danificar aquilo que está me danificando. Sem contar que os precedentes da casa não são lá essas coisas.
Nunca me passou pela cabeça arrombar residências. Mas estou odiando as cercas elétricas e as “otoridades” que as autorizam sem nenhum critério de fiscalização.
Neste país de miseráveis, até onde elas irão, controladas apenas pela ganância de quem as vendem, pela ignorância daqueles que insistem em acreditar que a fome é caso de polícia e, com certeza, pelas propinas que alguns “representantes do povo”, recebem para aprová-las?
Não demorará muito e algum faminto vai ser vítima dessa invenção Hitliana. Com certeza, muita gente vai comemorar (está cheio de neguinho por aí que acha que matar pobre é solução, e tudo na esquerda como diria o presidente Lula), mas eu vou repetir os versos de Fabrizio de Andrè em Nella Mia Ora de Libertà:
...
C’hanno insegnato la meraviglia
verso la gente che ruba il pane
ora sappiamo che è un delitto
il non rubare quando si ha fame
ora sappiamo che è un delitto
il non rubare quando si ha fame.
...
É inacreditável, mas o “sistema” está me deixando do lado dos arrombadores. Eu também odeio cercas elétricas. Por outro motivo, obviamente, mas odeio.
(Antonio Carlos Moretti)
9 pitacos:
mais como a prefeitura vai arrumar um problema em um terreno particular????
(está cheio de neguinho por aí que acha que matar pobre é solução,
Racista essa sua fala. Eu digo que tem muito mais branquinho natando pobre.
Com relação as cercas elétricas elas tem que ter um responsável técnico ou, seja, um engenheiro eletrecista, neste seu caso registra um boletim de ocorrência e pede para o CREA fazer uma fiscalização na empresa que fez o serviço para seu vizinho, pois só assim ficará documentado.
Parabens mais um insatisfeito com poder de grito, imagina aquele que não tem ferramentas, tais como escolaridade e internet para gritar por socorro, aquele que muitas vezes tem que usar a garganta e truculencia para ser ouvido.
Além de nada estético, dá uma impressão que você está em uma prisão na sua própria casa.
Simples.
Entre na justiça com uma ação de Danos Morais cominada com multa diária pela não retirada do equipamento do seu terreno.
Na hora q doi no bolso aparece o dono, fique tranquilo.
Moretti... aqui perto de casa caiu um fio desencapado em uma cerca dessas e ela descarregou e queimou... deu sobrecarga...
De repente, aí,do nada, caia também um fio desses e quem sabe resolve o seu problema...
Acontece muito isso...
então você está dizendo que devemos deixar nossas casas desprotegidas para os "famintos" invadirem para roubar? Uai, inversão de valores total. Pobreza não dá o direito de roubar ninguém. Temos sim que nos proteger de vagabundos que querem nos prejudicar, seja com cerca elétrica, câmeras de vigilância, vigias nas ruas.
Caro anônimo das 17:28, você esqueceu uma arma: a ignorância.
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Vê lá o que vai escrever! Evite agressão e preconceito. Eu não vou mais colocar xizinho; na dúvida, não libero o comentário.