As barreiras arquitetônicas enfrentadas pelas pessoas cegas
A inclusão das pessoas com deficiências visuais ainda está longe de ser alcançada, podemos comparar que estamos na idade da pedra em relação às outras deficiências. O meio de transporte adequado para as pessoas cegas ainda é a maior barreira - pontos de parada de ônibus sem indicativos em Braille. Dentro dos coletivos carece de assentos adequados informações de itinerários, dispositivos para solicitar parada em Braille. Na verdade, sem esses mínimos requisitos não tem como os deficientes visuais ter acesso aos equipamentos urbanos.
Contudo, é evidente o descaso da sociedade com essas pessoas, a começar nas indústrias, supermercados, shopping center, e comércio em geral, em primeiro momento o acesso ao interior desses estabelecimentos é um fato, tais como: falta de piso tátil, informações em Braille, atendimento de pessoal qualificado.
Se não bastasse, essa falta de sensibilidade do comércio, a forma com que os produtos estão dispostos nas prateleiras dá a impressão de que realmente existe uma exclusão. É comum ver em todos os seguimentos comercial produtos fora do alcance dos deficientes visuais, sem contar que as pessoas de baixa estatura também sofrem com essa discriminação. Um levantamento feito nas associações demonstra que 80% dos deficientes visuais são diabéticos, assim sendo essas pessoas usam produtos que contém vários ingredientes nocivos a sua saúde pelo simples fato de não conter elementos informativos nas embalagens tais como: data de fabricação, ingredientes, prazo de validade, preços. Todas essas informações deveriam constar em Braille os deficientes visuais não querem ser tratadas diferentes, mas sim em igualdade, pois tem o tato bem aguçado.
O fim de ano se aproxima e com ele a necessidade de ir às compras, esses deficientes visuais na verdade, estarão comprando sem saber o que estão levando para casa. Por quê? O código de defesa do consumidor é omisso e excludente deveria ser aplicado defendendo o direito das pessoas com deficiências visuais. Necessitamos banir a poeira do comodismo e procurar ser justos com as minorias.
Será que as pessoas deficientes visuais necessitam de comprar usando a visão dos outros? Do que adianta escolas ensinar Braille se a sociedade ainda reluta em não incluí-las? Ainda existe uma forma excludente impregnada em atitude social, por simplesmente achar que as pessoas com deficiências visuais são seres fora do processo produtivo, tremendo engano, são seres quando colocado em ambiente adequado podem superar seus limites, apesar de suas limitações.
O mundo acessível é aquele que independente de suas limitações as pessoas exercem o direito sagrado de ir e vir. Infelizmente os desiguais são tratados como iguais tornando-os ainda mais desiguais. Uma sociedade só se evolui quando as diferenças são erradicadas.
Vicente Lugoboni é jornalista e deficiente físico
lugoboni@gmail.com
1 pitacos:
Isso é fato e ocorre em todos os lugares desse nosso Brasil abarrotado de preconceito e despreparo para disponibilizar acessibilidade aos portadores de deficiência física ou mesmo mental. As barreiras arquitetônicas existem sim, mas a maioria das vezes isso acontece por falta de legislação e fiscalização de âmbito municipal. Muitas dessas barreiras já se impõem ao profissional da arquitetura pela própria clientela, sem falar que, no caso de dispositivo que indique paradas de ônibus ou assentos especiais, não cabe ao arquiteto a decisão, mas às exigencias que deveriam existir por parte das prefeituras com as empresas de transportes públicos.
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Vê lá o que vai escrever! Evite agressão e preconceito. Eu não vou mais colocar xizinho; na dúvida, não libero o comentário.