O fim é só o começo
Antonio Carlos Moretti
Participei da reunião em Londrina que criou a associação de jornalistas que acabou dando origem ao atual sindicato ao qual somos vinculados hoje.
Naquela época, 87, 88, não me lembro, éramos ligados a Curitiba e sofríamos com o peleguismo incrustado na antiga diretoria daquele sindicato, que chegou a perder o piso salarial por algum tempo.
Como se dependia da famosa carta sindical, concedida pelo Ministério do Trabalho (resquício de ditaduras), a estratégia era criar a associação e futuramente transformá-la em sindicato, como acabou acontecendo.
A associação e o sindicato, em seguida, nasceram sob a bandeira da defesa do diploma, mas nunca consegui me definir se sou contra ou a favor do dito cujo. Trabalhei com jornalistas formados que escreviam “esperando neném”, em vez de está grávida e com jornalistas não
formados que não perdiam a oportunidade de tascar “abiscoitar” como sinônimo de conquista.
Como nunca abiscoitei nenhum diploma, sempre vi essa luta como menos importante para os jornalistas. Justamente por isso abandonei a militância sindical, depois de algumas participações na diretoria da seccional de Maringá.
Com a decisão do Supremo, espero que os sindicatos replantem os pés em solo firme e percebam que o diploma não pode ser a única bandeira de luta. No mundo inteiro ele não é exigido e os sindicatos de jornalistas são fortes e atuantes.
Como jornalistas, não nos convêm olhar apenas para nossos umbigos. Principalmente num país cheio de diferenças sociais como o Brasil. Precisamos nos conscientizar, assim como os cozinheiros que Gilmar Mendes desrespeitou fazem no seu sindicato, que devemos também ajudar a pensar um futuro melhor para uma sociedade que ainda busca identidade.
E nosso fórum para isso são os sindicatos. Nós trabalhadores, nunca daremos bananas a eles. Os patrões já o fazem há muito tempo, mas eles também têm o seu sindicato e é por meio dele que negociam conosco.
Justiça se faça. Embora muitos colegas achem pouco, os sindicatos do Paraná conseguiram importantes conquistas nas últimas décadas. A jornada de cinco horas foi mantida e o piso salarial de R$ 1.961,62, é o maior do país.
Se considerarmos que nem 5% dos trabalhadores brasileiros ganham mais de R$ 800,00, a situação dos jornalistas não é tão dramática.
Sem diploma para pensar, a união deve ser maior em defesa de outras necessidades da categoria. Os sindicatos de jornalistas não nasceram com o decreto dos militares em 1969 e tampouco morrerão com a decisão do Supremo.
Mais do que nunca, o mundo precisa de jornalistas, formados ou não, mas dispostos a levar a informação às classes mais pobres.
O domínio da Internet é uma falácia.
Hoje, de cada cem habitantes do planeta, apenas um tem computador. Seis detêm 59% das riquezas, sendo os seis norte-americanos. Oitenta vivem em condições subumanas, setenta não sabem ler, apenas um tem educação universitária e cinquenta são desnutridos.
Diante dessa realidade, o fim do diploma é só o começo.
3 pitacos:
O Moretti sempre lúcido e com toda rezão. A única coisa é que apesar do PR ter o maior piso do Brasil, poucos tem respeitado. O Diário mesmo, nesta era Michael, paga pouco, explora os jornalistas, cria clima de terrorismo e faz um jornalismo medíocre. Maringá merece mais. Muito mais.
O sindicato está desesperado com o fim do diploma. No entanto, até hoje - apesar das denúncias e amplo conhecimento de toda diretoria - não resolveu (e faz vistas grossas) para os graves problemas existentes em Maringá e em toda sua área de atuação, como o não pagamento de piso e montagem de esquemas para não registrar jornalistas. Uma vergonha!!!
PS: quando fizerem mais um churrasco na sede, em Londrina, por favor, convidem a gente! Eu - e vários sindicalizados de Maringá - também temos direito de comer uma carninha macia e tomar uma Skol trincando de gelada!
O MORETTI é o exemplo do jovem que se "formou jornalista" na "escola" do trabalho constante e na arte de escrever em jornais, começou de baixo, tendo sido um excelente DIAGRAMADOR ná época dos "past-up".Ele um vivenciador de bons redatores e ai, creio, veio o seu "despertar" para o jornalismo, tornando-se um nome respeitado e de valor. - CAL -
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Vê lá o que vai escrever! Evite agressão e preconceito. Eu não vou mais colocar xizinho; na dúvida, não libero o comentário.