Jogo de empurra

O Centro de Controle de Zoonoses da Secretaria de Saúde de Maringá deve funcionar em sistema de plantão, 24 horas/dia e 7 dias/semana, sendo um serviço de emergência. Questionado em 2008 pelo Ministério Público e pelo Conselho Municipal do Meio Ambiente, o CCZ apresentou um relatório de atividades indicando que havia o plantão. A então representante da Sociedade Protetora dos Animais de Maringá no Comdema avalizou esse relatório. Porém, posteriormente, vimos que não havia o plantão nos finais de semana. Esse questionamento custou-nos a exoneração sumária do Comdema, de forma pouco clara, questão essa sub judice, ainda sem julgamento do mérito.
Há um mês assistimos ao resgate pelo Corpo de Bombeiros de um cão bravio, mestiço rottweiller, de dentro de uma residência na zona 8 e, sendo em um sábado, os bombeiros disseram que não saberiam para onde levariam o animal, falando até em soltá-lo mais adiante. A Spam autorizou o Corpo de Bombeiros a levar o cão para o canil da entidade e, na segunda-feira, pediu ao CCZ para buscá-lo, pois se tratava de animal muito bravo. Um funcionário desse órgão disse-nos que havíamos agido mal, pois o CCZ tem um acordo com o Corpo de Bombeiros para o recolhimento de animais bravios nos finais de semana. Pagamos R$ 40,00 reais pelo transporte do animal até o CCZ, por um canil comercial.

No domingo, 28 de junho, fomos acionados pela população, que já havia tentado entrar em contato com o CCZ, o Corpo de Bombeiros e outra associação de proteção aos animais, para resgate de um pitbull com convulsões, abandonado próximo à avenida Paranavaí. Encontramos o animal com paralisia parcial dos membros posteriores e zonzo devido às convulsões, e conseguimos colocá-lo no carro. Ocorre que, ao tentar tirá-lo do carro já dentro do abrigo da Spam, o cão tornou-se agressivo por causa dos latidos dos outros cães. Dirigimo-nos para o Corpo de Bombeiros para retirada do animal com o cambão, e começou o jogo de empurra. Na primeira unidade, o responsável nos disse que o local para receber animais ficava na sede da avenida Paraná. Entramos em contato telefônico com o responsável por essa unidade e o mesmo disse para levarmos o animal ao CCZ e que uma viatura estaria indo atrás para ajudar a retirá-lo do carro. A caminho, em contato telefônico com o bombeiro responsável, este nos disse que como o CCZ estava fechado ninguém iria nos acompanhar lá. Dirigimo-nos à sede do Corpo de Bombeiros da Paraná e, como o cão estivesse meio desfalecido, nesse momento, conseguimos retirá-lo do carro com uma corda e o entregamos.
Afinal, há ou não há convênio entre o CCZ e o Corpo de Bombeiros para recolher animais nos finais de semana? Por que o CCZ não implementa o plantão obrigatório? Por que o Corpo de Bombeiros não atendeu a população, mesmo em se tratando de um pitbull, que é, potencialmente, um animal de risco, fato reconhecido pela própria “lei municipal da focinheira”? Por que o Corpo de Bombeiros questionou a livre prestação de serviço que a Spam fez, praticamente nos colocando como “foras-da-lei” por havermos resgatado, a pedido da população, um animal doente, abandonado na rua? Estão todos os serviços públicos de conluio, jogando a responsabilidade de um órgão para outro, de forma irresponsável, e deixando que a população resolva os problemas por sua conta e risco e ainda seja criticada por isso?

Maria Eugenia Costa Ferreira
Presidente da Spam