O tempo que me resta
Serge Reggiani, cantor, ator e pintor falecido em 2004, aos 82 anos, com uma história pessoal muito forte, eternizou esta letra, Le temps qui reste, de J.L. Dabadie, P. Goraguer e A. Goraguer, agora no filme Não me ame mais, que assisti ontem à noite. Olha que reflexão:
Quanto tempo? Quanto tempo ainda? Anos, dias, horas? Quanto?
Quando penso nisso, como me bate o coração. Meu país é a vida.
Quanto tempo ainda? Quanto?
Eu amo tanto o tempo que me resta. Quero rir, correr, chorar, falar, e ver e crer, e beber, dançar, gritar, comer, nadar, saltar, desobedecer. Eu não acabei, eu não acabei. Voar, cantar, partir, voltar a partir. Sofrer, amar, eu amo tanto o tempo que me resta.
Já não sei mais onde nasci, nem quando. Sei que não foi há muito tempo... e que meu país é a vida.
Eu também sei que meu pai dizia... "O tempo é como o seu pão, guarde um pouco para amanhã". Ainda tenho o pão, Ainda tenho tempo, mas, quanto? Quero brincar ainda, quero rir às gargalhadas. Quero chorar rios de lágrimas. Quero beber barcos inteiros de vinho, de Bordeaux e da Itália. Quero dançar, gritar, voar, nadar em todos os oceanos. Eu não acabei, eu não acabei. Quero cantar. Quero falar até ficar sem voz.
Eu amo tanto o tempo que me resta. Quanto tempo? Quanto tempo ainda? Anos, dias, horas, quanto? Quero as histórias, as viagens. Tenho tanta gente a ver, tantas imagens, de crianças, de mulheres, de grandes homens, de pequenos homens, engraçados, tristes, muito inteligentes, bobos. Que engraçado, os bobos me rodeiam, como as folhas entre as rosas.
Quanto tempo? Quanto tempo ainda? Anos, dias, horas, quanto? Não me importo, meu amor. Quando a orquestra parar, continuarei dançando, Quando os aviões não mais voarem, eu voarei sozinho. Quando o tempo parar, eu a amarei ainda. Eu não sei onde, eu não sei como, mas eu ainda a amarei. Está bem?
1 pitacos:
Se ele continuar voando quando os aviões não estiverem mais voando, pode ir numa boa, mas é bom que ele saiba que vai voar de cabeça direto ao solo. A não ser que use asa delta. Ou paraquedas. Mas em ambos casos não é voar. No primeiro é planar e no segundo é ter uma queda amortecida por uma resistente extensão textil ou sintética, ligada ao corpo por cordas que evita que o sujeito se esborracha lá embaixo. Portanto, é bom tomar cuidado. Assim como falar sem voz, é um pouco complicado. O pessoal que trabalha em rádio sabe disso quando fica afônico. Pode continuar falando sem voz, mas o ouvinte não vai ouvir nada. E quem ver o cara falando sem voz vai pensar que ele ficou maluco. E quanto a nadar em todos os oceanos, tudo bem, desde que seja em um de cada vez. Não conheço ninguém que fez isto simultaneamente. Outra coisa, se ele continuar dançando quando a orquestra parar, de duas uma: ou o pessoal vai achar que ele encheu a cara e está querendo atrapalhar a festa ou os músicos vão pensar que ele é surdo e estava fingindo que ouvia a música enquanto eles tocavam. Tudo bem que o sujeito se entusiasme, mas é prudente não desafiar a lei da física e tampouco a lei dos homens. Na melhor das hipóteses ele pode ser preso. Na pior nem quero pensar.
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Vê lá o que vai escrever! Evite agressão e preconceito. Eu não vou mais colocar xizinho; na dúvida, não libero o comentário.