Votos da semelhança

Do leitor:

Leio os pitacos dos posts e percebo que há uma tendência em se considerar o povo que elegeu o “vencedor” como uns enganados. Não concordo. Nós votamos naqueles que mantêm alguma semelhança com nosso modo de pensar e agir. Tenho uma conhecida que é incapaz de subtrair um centavo de quem quer que seja, mas não condena quem o faz. O caso dela é falta de coragem e medo de ser apanhada com a mão na massa. Ela votou no “vencedor” exatamente porque se sente, no intimo, muito parecida com ele. Portanto, os votos que elegeram a campanha vencedora não são fruto do engano e nem da empulhação, mas da semelhança, da identificação. Historicamente o povo brasileiro foi “educado” para fechar os olhos às práticas coronelistas, mas só o fazem porque gostariam também de ser coronéis. Admiram o indivíduo que consegue transformar com maestria o público em privado, que consegue levar vantagem em tudo e que sabe mentir com veracidade. Há uma procura no outro daquilo que a incompetência própria não permite obter, assim, se conseguires o que eu não consigo, já me darei por satisfeito. Seja então meu espelho, a imagem bem acabada do que não posso e nem poderei ser. É o culto aos “pioneiros” que deram certo, mesmo quando se sabe que forem menos construtores da cidade do que apregoam ter sido.