O tempo passa
O fotógrafo Nelson Pupin, o famoso Jaca, percebeu dias atrás que está ficando velho. Ele foi abordado na rua por uma senhora que queria saber onde ficava o Luzamor. Respondeu:
- Sabe onde é a feira de domingo?
Um amigo que estava ao lado observou que a feira de domingo deixou de ser ali faz tempo. Jaca tentou dar outra referência:
- Sabe atrás do Jumbo?
Aí foi pra acabar...
6 pitacos:
Huahuahuhua...
Sabe o que é pior, Angeloso?
Nós sabemos... As duas referências são familiares...
abs pra vc e pro amigo Jaca que há muito não vejo...
Pacheco
Podia ser pior: ele podia dizer, fica perto do Aero-Clube, ali depois do Hospital Modelo, do Doutor Pasquineli. Quase atrás, do Cine Paraná.
Só faltou ele perguntar.
Sabe o Aero Clube???
O Jaca fotografou o corte da primera árvore de Maringá. Dizem que chegou aqui antes das onças. Tem muita história pra contar!
O exemplo serve para mostrar o quanto é difícil ler esta cidade, mesmo para quem mora nela hà mais de 20 anos. A perda de referências urbanas conduz ao mesmo sentimento de um analfabeto ante um telegrama. A cidade se torna confusa, estressante, assustadora...
Uma das funçoes do patrimonio arquitetônico é preservar este sentimento de familiaridade com a cidade, preservando seus símbolos legíveis. Com a destruiçao do patrimônio histórico, aos poucos a cidade vai ficando sem identidade, sem memória. Sem estas referências fica mais difícil cultivar a auto-estima ou o sentimento de pertença, cuja base sao os valores culturais.
Numa cidade onde tudo muda ao som da caixa registradora, as pessoas acabam se tornando objetos, maquinas anônimas descartáveis, sem cara, sem direitos, sem passado e sem esperança no futuro.
O Jaca não andou na arca de Noé, mas pisou na lama.
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Vê lá o que vai escrever! Evite agressão e preconceito. Eu não vou mais colocar xizinho; na dúvida, não libero o comentário.