Meu diário

Em 1976 meu pai mudou-se para Goiânia, numa sociedade com Valdemar Granja, ex-gerente da Catarinense de Maringá. Eu tinha 12/13 anos, e guardo a viagem no Fusca verde, os queijos à beira da estrada, o descanso nos postos de gasolina. Moramos três meses na capital de Goiás, conheci a TV Anhanguera, a rua 8, a chuva diária no meio da tarde, a experiência, que nunca mais esquecerei, de sair de meu estado natal.
Estudávamos, eu e minha irmã Cássia, numa escola distante do Setor Rodoviário. Lembro que a gente atravessava um loteamento chamado Canaã. Na escola, Nossa Senhora de Fátima, fizemos um amigo, Valdison Francisco dos Santos. Quando voltamos para Maringá, ele mandou uma cartinha - mas não chegamos a trocar correspondência.
Eis que, 32 anos depois, Valdison me acha pela internet. É um senhor de 49 anos, chefe do departamento estadual de águas em Turvânia (Goiás possui municípios de nomes fortes), 3 filhos, avô. Contei pra minha mãe, mas não consigo achar minha irmã em Florianópolis (SC) para contar a novidade da semana. Reatamos a amizade, depois de 32 anos. A internet me propicia a oportunidade de me redimir e retomar a correspondência - que, numa época rude como essa, faz um bem danado ao coração.