A difícil arte de perceber o óbvio

Alguns candidatos nos dão a impressão de que administrar uma cidade é se apossar de um saco de dinheiro, sem fundo. Basta enfiar a mão nele e tirar o recurso necessário para fazer isso e aquilo. Essa é uma maneira arcaica de governar. É o que leva certos candidatos a prefeito a prometer tudo, como se a Prefeitura fosse uma espécie de caixa mágica, de onde é possível tirar a solução para todos os males.
Esses mesmos candidatos, quando eleitos, se utilizam de obras estratégicas, que acabam enfronhadas em nosso inconsciente. Não que sejam de todas ruins, mas não podem ser tratadas como vacas sagradas. Elas são, sim, a alegria das elites e funcionam como pão e circo da modernidade.
Assim, o essencial fica camuflado, pois se dá a impressão de que tudo está resolvido. Mas, na verdade, vivemos uma ilusão. A ilusão de ir ao Posto de Saúde e não encontrar remédios, de precisar de internamento e ficar à mercê num corredor de hospital, de esperar meses por uma consulta especializada. Para citar alguns exemplos.
O que vemos por aí é uma Utopia ao contrário da de Thomas More. O que vale é contentar o povo com simbolismos, como se fossem o elixir da longa vida. O verniz é forte, mas precisamos exercitar a difícil arte de perceber o óbvio.
Boa eleição!!!

Donizete Oliveira, jornalista e professor em Maringá