Do lodo aos diamantes

Do Migalhas:

Nem foi preciso garimpar. O veio era tão rico que ao passar as peneiras, lavando o cascalho, estava lá, ele, sobranceiro. Foi assim, ontem, o julgamento no STF sobre o que impropriamente se qualifica de candidatos com “ficha suja”. A cada lance de peneira, uma nova pedra. De fato, a AMB, pretendendo sei lá o que, entrou no STF pleiteando o não registro dos candidatos que estivessem sendo processados. Querendo emparedar a Corte (como se não fossem magistrados), a Associação ainda promoveu uma pesquisa de opinião pública, mostrando que a grande maioria da população era a favor do pedido. Ah! Mas se dão ao Supremo o lodo, ele devolve brilhantes. Se dão mancha, ele vê manchão. Com efeito, a diamantífera Corte produziu ontem preciosa decisão. O aquilatado ministro Celso de Mello, relator, deu o tom que pautaria o entendimento final, afirmando que não se pode negar a presunção de inocência. Mas não foi solitário. Oito ministros o acompanharam no brilho. O ministro Peluso, magistrado de carreira, não deixou de notar as estranhas motivações da Associação, a qual deveria se pautar pela sobriedade; ao que faríamos acrescentar, para também não decair da temática, a polidez. Depois de lavrado o solo, lavra-se agora a lapidar sentença. E ao presidente da AMB (que - se é bem intencionado - deve ter aprendido a lição), não sobrou um xibiu que fosse.
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