Objeto e pé

Do informativo Migalhas:

O presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Britto, endossou ontem as declarações do ministro Gilmar Mendes contra a divulgação que a AMB pretende fazer de listas de candidatos que respondam a ações judiciais. Sem repetir o termo “populismo”, empregado por Mendes, Ayres Britto disse não ser possível “ignorar parâmetros objetivos da Constituição”. “[Mendes] está preocupado com o contexto e não quer que o juiz se arvore como justiceiro”, afirmou.
Alguns jornais e jornalistas, que adoraram ver a AMB fazer o “serviço sujo” (mesmo porque lhes poupa tempo), são críticos ao ministro Mendes, que tipificou acertadamente a conduta do presidente da Associação de “populismo de índole judicial”. Mas a Folha de S.Paulo diz que são “corretas e oportunas as críticas do presidente do STF”. No mesmo sentido O Globo, para quem “são pertinentes as preocupações do ministro”. De outra banda, o Estadão qualifica as declarações do ministro de espalhafatosas.
A julgar (com o perdão do trocadilho) pelo número de matérias que a AMB coloca no seu site, mostrando a repercussão das falas de seu presidente, adulçoradas com imagens dele até na Globo, dá bem pra entender os reais motivos dessa campanha contra os candidatos com ficha suja. O presidente da valorosa Associação fala, os jornais repercutem, e ele faz publicar isso no site da Associação, mostrando o quão disseram dele. Ah! Como é doce o eco. Saem-lhe palavras, e voltam sinfonias arrajandas. É Mozart (o tupiniquim) falando, e Mozart (Amadeus) ecoando. Como já disse Migalhas, e agora ainda mais, a AMB (leia-se seu presidente) de julgadora vai acabar virando parte. É como já disse um migalheiro, falso moralismo, numa hora dessas! Conselho não se dá, diz a sapiência popular, mas arriscamos: os magistrados brasileiros, cuja sobriedade é a marca que os dignifica, deviam é se insurgir contra uma campanha dessas, de cunho absolutamente pessoal de seu inominado (aqui, é assim!) presidente.