31.5.08

O nome é Angela Maria Slongo

O artigo de Diogo Mainardi (sobrinho do futuro presidente da Paraná Esporte, o marialvense/maringaense Marco Aurélio Saldanha Rocha), na Veja desta semana, é sobre a mulher do padre Olivério Medina (que esteve em Maringá em 98/99, a convite do PT local). Leia aqui.

12 pitacos:

Anônimo,  13:46  

FUNDÃO DO ALVORADA - volto a acreditar em seu blog, parabéns, pela publicação.

Anônimo,  13:48  

Gostaria de saber o que o Diogo Mainardi escreveu sobre o/a mâitre do FHC que ganhava R$ 50.000/mês para se deslocar até Brasília para dita o Cardápio do "Farol de Alexandria" ? O que Diogo Mainardi escreveu sobre os vinhos de R$ 15.000 cada garrafa que o presidente privatista degustava - não como enólogo, mas como "homem de fino trato" ? O que escreveu o Diogo Mainardi sobre o pênis de borracha (um único) adquirido no cartão corporativo da Presidência da República com a desfarrapada desculpa de que era para uma aula educativa ?
O governo Lula tem muitos contratos que não concordamos, mas tem havido muitos distratos que aplaudimos. Exemplos ? a mesma Polícia Federal - SOB NOVA DIREÇÃO - já atingiu mais 500 ações de desmonte de quadrilhas históricas e das instaladas no governo FHC (ambulâncias do Serra).
Gostaria, e muito, que o Congresso votasse uma lei instituindo um órgão regulatório da imprensa. Se todos precisam de "regulamentação", por que não a imprensa ?

Anônimo,  15:56  

Nossa esse cara ainda está no Brasil, pensei que tivesse ido para a França. Ele e a Veja se merecem, quem le este lixo também.

Anônimo,  16:00  

Aqui tem um tema bom para o colunista da veja escrever "ROUBALHEIRA NO RIO GRANDE DO SUL É DOS TUCANOS"

Anônimo,  17:51  

um cara q falou p todo vender seus bens e comprar dolar q o pais ia quebrar da para acreditar nesse imbecil ,nao compre a veja ,diogo va p p q p .........

Anônimo,  18:39  

A pessoal!!! Alguém tem que dizer ao DIOGRO que o escandaloso caso do propinoduto tucano paulista da ALSTOM está correndo solto sendo denunciada pela imprensa internacional, já que a imprensona nacional é vendida para os DEMos/Tucanos não fala nada, fique caladinha, muda de assunto toda hora.
O caos no trânsito de SP, o apagão de SP , escolas paulistas com a pior média do Enem nacional, também passa despercebidas em largas nuvens, não tem nada a ver com SERRA, pois ninguém o chama para dar explicações na falta de investimento e incompetência do governo demotucano!
O Estado de São Paulo até parece que não tem governo estadual e municipal. A imprensa golpista deve estar louca de vontade para anunciar que São Paulo é apenas uma jurisdição do governo federal para colar culpa em Lula!

Anônimo,  19:18  

Aproveitando o ensejo em que se menciona as F A R C, confiram a história de


INGRID BETANCOURT

“Ajude-me a suportar o que não posso compreender.

São Francisco de Assis

Ajude-me a mudar o que não posso suportar.”


“O princípio ético supremo é a reverência pela vida.”

Rubem Alves



“Quem disser que a natureza é indiferente às dores e preocupações dos homens,

José Saramago

não sabe de homens

nem de natureza.”

A selva é claustrofóbica e abafada.

Os raios de sol mal conseguem romper a copa das árvores.

A luminosidade chega preguiçosa ao solo,

e o ar úmido traz um cheiro forte de decomposição.

Permanecer encarcerado num ambiente tão inóspito esmaga as resistências do corpo e quebranta as forças da alma.

Quão desumana a humanidade tem se tornado, a ponto de infligir tal pena a uma vida.

Ingrid Betancourt sobrevive há seis anos numa prisão na selva, como refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, FARC.

Seis longos anos,

uma vida interrompida...

Ingrid Betancourt Pulecio nasceu em Bogotá, Colômbia, em 1961,

filha de Gabriel Betancourt, ex-Senador e ex-Embaixador colombiano,

e de Yolanda Pulecio, ex-Miss Colômbia.

Passou parte de sua juventude em Paris, pois o pai era embaixador na UNESCO.

Com uma infância e uma juventude especialmente agraciadas cultural e existencialmente, a bela Ingrid habituou-se a conviver com pessoas como o poeta Pablo Neruda, o pintor Fernando Botero e o escritor Gabriel García Márquez, amigos da família.

Fez seus estudos no Instituto de Estudos Políticos de Paris, onde se licenciou em Ciências Políticas.

Foi em Paris também que conheceu Fabrice Delloye, com quem se casou em 1981.

Dessa união nasceram seus dois filhos, Mélanie e Lorenzo, que vivem atualmente na França.

Em 1990, divorcia-se de Fabrice e o destino a faz regressar à Colômbia para empreender uma carreira política baseada na luta contra a máquina de corrupção movida pelo dinheiro do narcotráfico.

As longas conversas que mantém com seu pai, nas quais por vezes discorrem sobre a situação confortável da família na Europa e o sofrimento por que passa grande parte da população de sua terra natal, certamente contribuem na sua decisão de regressar à Colômbia.

Ingrid resolve seguir o chamado do seu coração,

ciente de todos os riscos e desafios que tal decisão acarreta.

Em 1994 é eleita Deputada, com a maior votação registrada no país.

Nesse mesmo ano, casa-se com o publicitário Juan Carlos Lecompte.

Paladina da cruzada anti-corrupção, abraça também a causa ambiental, criando, em 1998, o ‘Oxigênio’, um pequeno partido ecologista.

Logo em seguida, consegue eleger-se Senadora, outra vez com a maior votação já registrada para o cargo no país.

Em 2001, candidata-se à Presidência da República.

Em 23 de Fevereiro de 2002, em período de plena campanha presidencial, é seqüestrada por guerrilheiros das FARC, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

Desde esta data, teve a vida interrompida.

À dor de ver sonhos e projetos políticos e humanitários interrompidos, sobrepõe-se o sofrimento ocasionado pela separação abrupta das pessoas que mais ama...

Seis anos longe dos filhos, Mélanie e Lorenzo.

Por seis anos, impedida de abraçá-los.

Seis longos anos de separação forçada,

tempo suficiente para transformar crianças em adolescentes, e adolescente em jovens adultos.

Por seis anos impedida de acompanhar a vida dos filhos, de quem a apartaram ainda pequenos...

Mélanie, que na época do seqüestro de sua mãe tinha 16 anos, está agora com 22.

Lorenzo, que contava com 13, completou recentemente 19 anos.

Deixando de lado muitos dos afazeres dos jovens da sua idade, empenham-se por mobilizar a opinião pública e os governantes em busca de uma saída, uma solução.

Por seis longos anos, Mélanie e Lorenzo percorrem universidades, escolas, ruas e praças,

concedem entrevistas, reúnem-se com autoridades e artistas,

de modo a não permitir que a situação de sua mãe, e de tantos outros reféns, caia no esquecimento.

participam de eventos, manifestações e passeatas,

Não se faz necessário falar o mesmo idioma que eles para entender o que procuram dizer ao mundo.

Basta conhecer a linguagem do olhar,

- reparar nos seus olhos todo o peso de uma dor que desde cedo tiveram que aprender a carregar nos seus peitos.

A sua cruzada não visa apenas ao resgate da sua amada mãe,

é, antes, a nossa cruzada em busca do resgate da nossa humanidade perdida na selva do esquecimento...

Orações, esperanças,

vigílias, sonhos...

Orações, esperanças,

vigílias, sonhos...

Somando-se à dolorosa espera dos filhos está a da Sra. Yolanda Pulecio, mãe de Ingrid.

Era o ano de 1961 quando ela soube que estava grávida.

“Ainda a barriga não cresceu e já os filhos brilham nos olhos das mães”,

escreveu certa vez o poeta.

Em 25 de dezembro de 1961 a vida lhe presenteou com o nascimento de Ingrid,

um presente de Natal que lhe alegrou o coração, uma inestimável jóia em sua vida.

tornando a separação ainda mais dolorosa.

Um laço profundo de amor e admiração liga Ingrid a seus pais,

Haverá dor maior do que aquela sentida por uma mãe apartada de seu filho?

Ainda maior é esta dor, se a separação se deve à desumanidade, à injustiça humana...

“Deus não pode estar em todos os lugares e por isso fez as mães.”

Ditado judaico

“Os filhos são para as mães as âncoras da sua vida.”

Sófocles

pensador grego

“Acho que não existe uma situação mais triste e mais dura para uma mãe do que essa.

Eu sofro muito, desde que abro meus olhos estou sofrendo, a cada manhã.”

Yolanda Pulecio

Possivelmente, jamais conseguiremos alcançar as profundidades da dor que a mãe e os filhos de Ingrid carregam no coração.

Porém, para sondar, mesmo que superficialmente, o seu pesar, devemos regressar um pouco no tempo...

No início dos anos 90, uma mulher resolve deixar para trás o conforto mundano, e partir da capital francesa rumo à Colômbia.

Num mundo onde a fria omissão e a apiedosa indiferença se fizeram regra, uma mulher ousa sonhar, e parte na sua jornada pessoal em busca de um mundo melhor.

À sua frente tem riscos e desafios.

Na sua bagagem leva Coragem e Esperança.

Lança-se na arena política, munida de compaixão,

- virtude que há muito se desvaneceu da esfera política, não somente colombiana, mas mundial.

Faz do combate à corrupção a sua bandeira.

Torna-se uma árdua promotora da justiça social, da promoção da educação, da valorização da vida em geral.

Por abordar anseios tão caros à alma humana, e por defendê-los com tal vivacidade e convicção, não tarda em conquistar muitos corações.

Primeiramente, elege-se Deputada, logo em seguida, Senadora, e em 2001, candidata-se à Presidência.

“Sabem como são poderosos, na Colômbia, os cartéis da droga, esta droga que mina a vida dos nossos jovens. Certamente que têm ouvido falar das matanças e dos escândalos políticos que eles causam.”

“Mas, por trás destas organizações mafiosas, está o meu povo – um povo corajoso e orgulhoso que deseja libertar-se desta engrenagem infernal.
É por ele que luto."

“Estou consciente dos perigos, mas estes não me farão recuar.

Ingrid Betancourt

É nisso que reside a minha esperança.”

Quando candidata, em meados de fevereiro de 2002, - alguns dias antes de ser seqüestrada -, ela reuniu-se com representantes dos guerrilheiros das FARC, juntamente com um grupo de outros candidatos presidenciais, a fim de discutir as condições para a paz.

“A primeira coisa que vocês têm que fazer é acabar com os seqüestros”,

afirmou enfaticamente durante o encontro.

“Não mais seqüestros!”,

repetiu seguidamente, dirigindo-se ao representante das FARC.

Poucos dias após estas fotos, - onde ela aparece com a camiseta que leva o slogan da campanha à presidência, “Colombia Nueva” -, ela seria seqüestrada.

23 de fevereiro de 2002.

Estrada para San Vicente, a emboscada, a pista bloqueada pelos guerrilheiros.

Ingrid Betancourt é arrancada do veículo, e levada prisioneira para o cativeiro na floresta fechada.

Algumas vidas são mais duramente testadas do que outras...

Exatamente um mês após o início do seqüestro, no dia 23 de março de 2002, o pai de Ingrid, Sr. Gabriel Betancourt, vem a falecer, em decorrência de problemas cardíacos.

Pai e filha eram muito apegados.

A família de Ingrid faz um apelo humanitário para que ela seja liberta, de modo a poder participar do funeral do pai.

O pedido é ignorado.

Somando-se a todas as agonias do cativeiro, Ingrid ainda teria que carregar no peito a tristeza de não poder estar ao lado do seu amado pai nos últimos momentos de sua vida.

O número de seqüestrados mantidos pelas FARC é de algumas centenas de prisioneiros, - políticos, militares e policiais, em sua maioria.

Quase todos os prisioneiros são homens, o que torna a rotina ainda mais dura para as poucas mulheres seqüestradas.

O policial colombiano chamado Pinchao, um ex-companheiro de cativeiro de Ingrid Betancourt, conseguiu escapar em maio de 2007, após ter caminhado dezessete dias pela selva.

Permaneceu três anos preso no mesmo acampamento que ela.

Ele a descreve como uma mulher forte e combativa, que, no início, passava longas horas, noite adentro, discutindo política com seus seqüestradores.

Pinchao diz que a admira pela forma como ela conquistou o respeito dos rebeldes.

Para Ingrid, a separação da sua família foi a dificuldade mais árdua.

Ela soube da morte do seu amado pai ao ler uma matéria a respeito em um jornal velho abandonado num acampamento.

Nascida numa família que sempre valorizou a educação, Ingrid cultivou, desde pequena, o hábito da leitura, tornando-se uma leitora voraz.

Por três longos anos, ela suplica a seus seqüestradores que lhe arrumem algum livro, ou mesmo uma enciclopédia velha.

Tem todos os apelos ignorados.

Aprisionada, atormentada, torturada, abandonada por inúmeros governantes, encerrada nas trevas remotas que beiram o desespero.

Seus carcereiros fazem de tudo para privá-la de suas faculdades mentais e de sua sensibilidade.

Mas Ingrid Betancourt permanece lúcida. E corajosa, heróica.

E livre.

Ela tenta fugir cinco vezes.

Em uma das ocasiões, passa vários dias perdida na selva antes de ser recapturada.

Como punição, tem as botas confiscadas e passa a ser mantida acorrentada.

Outra punição para os fugitivos capturados nos acampamentos é atormentá-los durante o sono com tarântulas e cobras.

Um ex-senador recentemente libertado afirmou que as condições do cativeiro “são as mesmas de um campo de concentração.”

Em cada acampamento, são mantidos grupos de aproximadamente dez prisioneiros, vigiados por guardas armados.

Os grupos deslocam-se com freqüência, de modo a dificultar possíveis missões de localização e resgate.

Noite e dia em constante deslocamento, sob as ordens de rebeldes armados.

À escuridão da noite, somam-se o desalento e a escuridão da selva.

Juntar os poucos pertences e, sob a mira de armas, buscar forças para conseguir atravessar mais um rio, prosseguir em mais uma penosa marcha.

As chances de incursões militares visando resgatar os presos serem bem sucedidas são mínimas.

O elevado risco de que, num fogo cruzado na mata fechada, os seqüestrados venham a se tornar alvos praticamente descarta esta possibilidade.

As longas marchas mata adentro tornam-se especialmente penosas para Ingrid Betancourt por causa de sua saúde fragilizada pelos seis anos de dura rotina.

Na madrugada de 24 de outubro de 2007, os rebeldes decidem tirar a fotografia de Ingrid Betancourt e filmá-la.

O material será enviado às autoridades e à sua família como prova de vida,

- uma mulher com uma vida tão bela e nobre transformada em moeda de barganha.

Olhos baixos, mãos cruzadas sobre o colo, cabelos muito compridos e o rosto magro e afilado.

A sua imagem transmite toda a dor e o desalento que podem num certo momento caber num coração humano.

Da escuridão da floresta fechada, essa foto foi a “prova de vida” que os seqüestradores mandaram para a sua família.

Vida, sim, mas vida que parece esvair-se na tristeza e no desamparo de quem se sente vencida por um desumano e prolongado tempo de sofrimento.

2001

2007

Os guerrilheiros entregam-lhe papéis e caneta para que ela, também como prova de vida, escreva uma carta para sua família.

Escrita num só fôlego, com uma caligrafia uniforme e cerrada, um manuscrito de doze páginas é entregue aos seus raptores.

Na longa carta, Ingrid se dirige à sua mãe e à sua família.

No fim das suas forças, procura dizer o essencial.

Apesar de tudo que tem passado, mostra-se forte e consciente,

deixando transparecer, no entanto, que está próxima do seu limite, do limite humanamente suportável, e que a urgência é absoluta.

Nesta carta, escreve Ingrid:

“Selva colombiana,

Quarta-feira, 24 de outubro

8h34

Manhã chuvosa, como a minha alma.”

“Minha querida e adorada mamãe,

Todos os dias acordo agradecendo a Deus por ter você.

Todos os dias peço a Deus para abençoá-la, protegê-la e me permitir um dia poder encontrá-la, tratá-la como uma rainha,

junto de mim, porque não suporto a

idéia de uma nova separação.”

“A selva é bastante fechada por aqui,

os raios de sol penetram com dificuldade.

Mas é um deserto de afeição, de solidariedade, de ternura...”

“Sonho beijá-la tão forte que eu permaneça incrustada em você.”

“Sonho poder lhe dizer

‘Mamãe, mamita, nunca mais você vai chorar por mim,

nem nessa vida, nem na outra.’ ”

“Pedi a Deus para que Ele um dia me permita lhe provar tudo que você significa para mim,

poder protegê-la e não deixá-la sozinha um segundo.”

“Alimento-me todos os dias da esperança de estarmos juntas, e vermos como Deus nos mostrará o caminho,

mas a primeira coisa que quero lhe dizer é que, sem você, eu não teria chegado até aqui.”

“Mamita, estou cansada, cansada de sofrer.

Fui, ou tentei ser, forte. Esses seis anos de cativeiro demonstraram que não sou nem tão resistente, nem tão corajosa, inteligente e forte quanto pensava.”

“Travei muitas batalhas, tentei a fuga diversas vezes, procurei manter a esperança como mantemos a cabeça fora d’água.

Mas hoje, mamita, sinto-me vencida.”

“Sinto que meus filhos levam uma vida em suspenso na expectativa de minha libertação, e o seu sofrimento diário, o de todo mundo, faz com que a morte me pareça uma opção amena.”

“Juntar-me a papai, por quem permaneço de luto:

todos os dias, há quatro anos, choro a morte dele.”

“Continuo a acreditar que vou acabar parando de chorar, que agora cicatrizou.

Mas a dor volta e se lança sobre mim como um cão desleal,

e torno a sentir meu coração espatifar em mil pedaços.”

“Com a morte de papai, quase enlouqueci.

Nunca soube como isso aconteceu, quem estava lá, se ele me deixou uma mensagem, uma carta, sua bênção...”

“Mas o que, ao longo do tempo, aliviou meu tormento foi pensar que ele partiu confiante em Deus e que um dia irei apertá-lo novamente nos braços.

Tenho certeza disso.”

“Penso nos meus filhos...

Procuro-os nas minhas lembranças e me alimento com imagens que guardei na memória, em cada uma de suas idades.”

“A cada aniversário, canto ‘Happy Birthday’ para eles...

Imagino que o pão seco ou a rotineira ração de arroz e feijão é um bolo e festejo seu aniversário no meu coração.”

“Muita vida se esvaiu por entre nós, como se a terra firme houvesse sido tragada pela distância.”

“Cada segundo da minha ausência, em que não posso estar aí dedicada a eles, para tratar suas feridas, aconselhá-los, dar-lhes força, paciência e humildade para enfrentar a vida,

todas essas oportunidades perdidas de ser mãe envenenam meus momentos de infinita solidão, é como se me injetassem cianureto nas veias, gota a gota.”

“À minha Mela,

meu sol de primavera,

meu sol de primavera, minha princesa da constelação de Cisne, a ela que amo tanto, quero dizer que sou a mãe mais orgulhosa do mundo.”

“Ela é muito sensata e inteligente. E, se eu tivesse que morrer hoje, partiria feliz da vida, agradecendo a Deus pelos meus filhos...”

“Minha Mela, sempre lhe disse que você era a melhor, que é muito melhor do que eu, que você é o que eu queria ter sido, mas melhor.

Sou sua fã número 1...”

“A meu Lorenzo,

meu Loli Pop, meu anjo de luz, meu rei das águas azuis...”

“...quero dizer que, desde que nasceu até o dia de hoje, ele foi a fonte de minhas alegrias.

Tudo que vem dele é um bálsamo para o meu coração, tudo me reconforta, tudo me acalma, tudo me dá prazer e tranqüilidade.”

“É meu filho querido, meu pedacinho de sol.

“Que vontade de vê-lo, beijá-lo, tomá-lo nos braços...”

“Tenho tanta vontade de te abraçar e dormir apertando-o contra mim, como fazíamos antes que eles me raptassem...”

“Tenho tanta vontade de cobri-lo de beijos.

E de ouvi-lo. De falar com você durante horas e você me contar tudo...”

“Você tem a vida à sua frente, procure subir o mais alto possível.

Estudar é crescer: não apenas porque aprendemos, mas também porque é uma experiência humana,

porque, à sua volta, as pessoas o enriquecem emocionalmente, obrigando-o a um maior autocontrole,

e, espiritualmente, modelando seu caráter a serviço do outro...”

“Viver é isso:

crescer para se pôr ao serviço dos outros.”

“Estou 100% com você, meu coração.

Sou sua fã número 1...

Obrigada por me dar tanta felicidade.”

“Mamita, este é um momento muito duro para mim.

De repente eles exigem provas de vida, e eu lhe escrevo com a alma esparramada sobre este papel.

Vou mal fisicamente. Parei de comer, perdi o apetite, meus cabelos caem copiosamente.”

“A vida aqui não é vida,

É um desperdício lúgubre do tempo.

Tudo está sempre pronto para partirmos às pressas.

Aqui nada é seu, nada dura, a incerteza e a precariedade são a única constante.”

“A qualquer momento, eles podem dar ordens para arrumarmos nossas coisas, e todos são obrigados a dormir no fundo de um buraco qualquer, deitados em qualquer lugar, como animais.

Esses momentos são particularmente difíceis para mim. Minhas mãos ficam úmidas, meu espírito se anuvia...

As caminhadas são um calvário...”

“A cada dia, resta um pouco menos de mim mesma.”

“Todos os dias entrego-me a Deus, Jesus e à Virgem.

Recomendo meus filhos a Deus, a fim de que a fé os acompanhe sempre e eles nunca se afastem d’Ele.

Diga-lhes que sempre foram uma fonte de alegria durante esse cativeiro tão duro.”

“Deus nos enviou essa prova a fim de que saiamos dela maiores,

sejamos humanamente melhores e descartemos tudo que é inútil e estorva a alma.”

“Mamita, infelizmente eles vêm recolher a carta.

Não vou conseguir escrever tudo que gostaria...

Obrigada a todos os amigos que nos ajudam com suas declarações de apoio...”

“Obrigada a todos por não nos deixar no esquecimento, não permitir que os reféns sejam esquecidos...

Aqui, trata-se menos da liberdade de alguns pobres loucos prisioneiros na selva do que de tomar consciência do que significa defender a dignidade humana.”

“Obrigada aos que tomaram a palavra quando o silêncio e o esquecimento nos cobriam mais que a própria selva.”

“Que Deus os guie a fim de que em breve possamos falar de tudo isso no passado.”

“Caso contrário, e se Deus decidir de outra forma,

nos encontraremos no céu e Lhe agradeceremos por Sua infinita misericórdia.”

“Mamita, tenho ainda tanta coisa a dizer...

Queira Deus que esta carta chegue às suas mãos.

Carrego você na minha alma, minha querida mamita.”

“Mamita, que Deus nos ajude, nos guie, nos dê paciência e nos proteja.

Para todo o sempre. Sua filha.”

Ingrid Betancourt

Formatação: um_peregrino@hotmail.com

A íntegra da carta de Ingrid Betancourt encontra-se publicada no livro “Cartas à mãe – direto do inferno”, Editora Agir, 2008.

Um texto que merece ser lido e relido. Palavras que resumem toda a dor e toda a grandeza do ser humano.

A edição traz também a resposta que sua filha, Mélanie, juntamente com seu irmão, Lorenzo, escreveram.

“Mamãezinha,

Lendo sua carta, reencontrei sua voz.

Nessa selva que a retém, tudo é longe, até mesmo o sol. Tudo molesta, tudo é inumano.

Entretanto, nada mais verdadeiro e correto que as palavras que você soube encontrar.”

“Mamãe,

você nos despertou.

Seus sofrimentos tornaram-se os nossos, seu desespero é agora nossa urgência, seu amor e sua coragem são nossa força.

Hoje compreendo o que significa ser livre.”

“Ninguém escreveria mais bela carta de amor àqueles que ama.

Refugiei-me na doçura de suas palavras, e repito para mim:

“Você está viva! Você está viva!”

Mas sinto também despertar em mim uma angústia muito forte. Agora que a sinto tão próxima, tenho medo de perdê-la novamente.”

‘Estamos aqui, mamãe; estamos lutando para tirá-la daí. Resista.

Há muitos belos momentos à sua espera. Você ainda nos verá crescer, Loli e eu...’ ”

“Tenho apenas uma vontade, - é apertá-la nos braços e dizer:

“Mamãe, sabemos que há urgência.

Sabemos que você não está mais agüentando.

Sabemos disso. Vamos tirá-la daí.”

Imaginamos como é difícil encontrar a última dose de força para suportar outra e mais outra noite de

sofrimento, outra caminhada forçada pelo inferno, outras humilhações.

“Nesses momentos terríveis de dúvida e abandono, diga a você mesma, eu lhe suplico,

que logo ali, além da selva, estamos presentes, pensamos em você,

lutamos por você.”

“Um pouco mais distante, apenas um pouco mais distante, por trás dos cumes, milhares de pessoas não se rendem e se mobilizam para libertá-la o mais rápido possível

porque a consideram um dos seus,

uma mãe, uma irmã, uma amiga,

e estão determinadas a fazê-la não desistir.”

porque se identificam com você, com sua coragem e sua luta,

“Mamãe, quero revê-la em breve, reencontrar seu sorriso, sua alegria de viver.

Esta carta não é uma carta de despedida.
Haverá novamente para você livros, risadas e brincadeiras.

Até já, mamãe.”

Mélanie e Lorenzo

É uma carta de reencontro.

Vanderlei 19:19  

Rigon
O que incomoda a direita nesse país é que a esquerda trabalha.
A Angela é uma companheira que luta pela justiça social já faz longas datas. E faz um trabalho sério, comprometido com as causas sociais. Falar em bandidos, onde está os presos ligados à burguesia em várias operações realizadas pela PF. A cadeia é para pobres e pretos nesse país... vivemos uma midiacracia, por isso eles tem tanta vóz.

Anônimo,  21:28  

Rigon, o Cidão cheirou uma pedra estragada, tá doidão de tudo, escreva coisa fácil, Cidão quando tiver doidão no post, nada tá!

Anônimo,  01:51  

Cala a boca baptista!!!!!!

Faço minhas as "letras" do anônimo das 21:28

Anônimo,  08:13  

Nao vejo nada de anormal nessas palavras do colunista da Veja, afinal, nosso Governo se relaciona com o Governo da Colombia que está afundando em um lamaçal de corrupçao, além de estar envolvido até a cabeça com os paramilitares da Colombia (as Farc da direita) que controla a outra parte do tráfico que nao é controlado pela guerrilha. Destes narcotraficantes que estao no poder na Colombia a imprensa brasileira nao diz nada, claro, mesmo porque Uribe e sua máfia sao os queridinhos dos EUA, o país mais terrorista que existe no mundo e que também nosso prospero governo mantém relaçoes, para combater os "perigosos traficantes das farc" e controlar o tráfico de cocaína. Espera, ja ia me esquecendo: Uribe também serve à Bush no combate ao "super ditador" latinoamericano Hugo Chavez que foi, como Uribe, eleito democraticamente pelo povo venezuelano. Quanto tempo leva o Sr. Uribe no poder na Colombia?

Anônimo,  20:24  

Na Colombia, muita coisa gira em torno da cocaína. Futebol, política, etc. Inclusive os políticos de direita, os quais exigiram a extradição de Olivério Medina. Os mesmos que a Veja e esse idiota desse Mainardi defendem, a mando dos judeus americanos.

Quanto ao Marco Aurélio, ele não tem culpa de ter um imbecil desses como parente.

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