11.1.08

A lição do democrata Obama

De Barack Obama, no livro "A audácia da esperança":

- A ênfase em programas universais, e não em programas de cunho racial, não é apenas uma boa política; é também uma boa ação política. Propostas que somente beneficiem minorias e separem os americanos entre ‘eles’ e ‘nós’ podem gerar umas poucas concessões no curto prazo quando o custo para os brancos não for muito alto, mas não podem servir de base para o tipo de coalizão política ampla e autosustentada necessária para transformar a América. Por outro lado, atrativos universais em torno de estratégias que ajudem todos os americanos (escolas que ensinam, empregos com bons salários, serviços de saúde para todos que precisem, um governo que socorra logo depois de uma enchente), ao lado de medidas que garantam que nossas leis serão aplicadas a todos sem distinção (...), podem servir de base para tal coalizão, mesmo que essas estratégias ajudem as minorias de uma maneira desproporcional (... ) Qualquer estratégia para reduzir a pobreza tem de estar centrada no trabalho, não em assistencialismo — não somente porque o trabalho provê independência e renda, mas também porque provê ordem, estrutura, dignidade e oportunidades para o crescimento na vida das pessoas.

3 pitacos:

Rudá Ricci 09:58  

Perfeito. Já torço para ele vencer as prévias só para Lula ouvi-lo. A política de cotas parece correta, mas é marcada pelo medo e populismo. O medo se dá em função do resultado do enfrentamento do racismo empresarial do Brasil. Segundo PNUD, os negros desempregados no Brasil têm maior nível de escolaridade que a média dos empregados. No trabalho infantil, as crianças negras nesta situação somam o dobro que as brancas. O trabalhador negro recebe menos que o trabalhador branco na mesma função e cargo. Como a cota resolverá esta situação? Nestor Duarte dizia que o problema do racismo brasileiro é que ele se apóia na tradição da Casa Grande (que tratava a ama de leite e seus filhos como quase-da família) e não a Senzala (onde o pau comia). Os negros são tratados como quase-cidadãos no Brasil. E Lula vem com esta quase-política, ao invés de aplicar com rigor a Lei Afonso Arinos, instruir as Delegacias REgionais do TRabalho para realizarem blitz em empresas, prender empresários racistas, desenvolver programas educacionais específicos, criar redes de Escolas da Cidadania para aumentar a autonomia e o conhecimento dos direitos da população brasileira. O populismo de Lula se baseia em evitar abrir um debate franco com os movimentos negros do Brasil. A maioria propõe o sistema de cotas por mera cópia dos EUA, sem base sociológica e leitura nacional. Uma parte apóia por quase desamparo histórico, ou seja, é algo no meio do nada. Mas é algo que trata o negro como quase-brasileiro. É pouco, muito pouco.
Rudá

Anônimo,  11:49  

Ou seja. Se o tio Obama está pregando que É ISSO que deve ser feito no maior país do mundo, é sinal que lá também as coisas não são do jeito que deveriam ser? Pregam mas não fazem? Falam para o mundo mas não dão exemplos de nada? Violência policial (contra negros principalmente), desigualdades brutais entre negros e brancos (vide enchentes do furacão que arrasaram com as casas de negros e nem sequer houve uma visitinha do presidente)...

Rudá, concordo com vossa senhoria, inclusive, dia desses defendi, em aula de direito constitucional, a inscontitucionalidade de leis que dividem raças como o regime de quotas para negros. Isso é uma aberração. O que se tem que fazer não é criar quotas para entrada desse ou daquele, mas, aumentar o número de vagas em universidades públicas. Até concordaria se, por exemplo, tivéssemos 40 vagas na UEM para direito e, fossem criadas mais 20% (mais 12) de vagas para afro, que aumentaríamos o número de vagas, mas, não diminuir da quantidade universal. Isso está "tirando" em vez de "agregando".

Os governos não conseguem prover condições necessárias para acesso a todos nas universidades e ficam criando empecilhos ou maneiras de barrar esses ou aqueles. E isso não é de hoje não. É do tempo da implementação do VESTIBULAR por volta de 1930. É antigo isso.

FHC não conseguia prover empregos e com o aumento de desempregados, instituiu que, adolecentes com menos de 16 não poderiam trabalhar e, temos hoje um bando de moleques tudo desocupados, sem nada saberem fazer... é assim.

E.T. O trabalho foi desenvolvido em 3 alunos, 1 branco (eu) que é casado com descendente e tem filhos de negros (que é pra não taxar de racista) e dois amigos negros (amigos de ir em casa, fazer churrasco e tomar todas) que também não concordam com esse tipo de regime instituído de cima para baixo.

Anônimo,  19:39  

Há pelo menos dois pontos de ingenuidade em tudo isso. Primeiro, quem não sabe que plano de campanha é uma coisa, e ações concretas de governo são outra coisa? Acreditar que o texto representa de fato o pensamento do candidato, é ingenuidade demais.
Segundo ponto: em qualquer regime capitalista o desemprego é uma necessidade sistêmica. Em qualquer setor onde há pleno emprego (nas raras vezes em que isso acaba ocorrendo), trata-se logo de ´resolver a questão´, gerando uma massa (maior ou menor) de desempregados que terminam por forçar o valor dos salários para baixo. Ora, isso é próprio do capitalismo. E se é assim, em qualquer regime capitalista ou se pratica em algum grau o assistencialismo, ou pessoas irão morrer de fome. Não tenho dúvidas de que o Obama sabe disso. Nós é que insistimos em comprar idéias ´enlatadas´, e como se fossem a oitava maravilha!!!
JM

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