O uso político do MP

Hoje, na matéria sobre a obsessão da prefeitura em derrubar o prédio da antiga estação rodoviária de Maringá, em O Diário, é citado um ofício assinado por sete promotores - a maioria, criminais - à administração pedindo providências quanto à “perturbação do trabalho e do sossego alheio, com a prática de consumo, distribuição e venda de drogas na zona central da cidade, nas proximidades da antiga rodoviária, em plena luz do dia”. A administração, claro, utilizou este documento para dizer que os promotores apóiam o projeto municipal, ou seja, de derrubada do prédio. Há uma distância abissal entre pedir providências para acabar com a violência e o tráfico de crack nas imediações da rodoviária e apoiar um projeto do município que está sub judice, por caussa de ação cível.
“Recomenda-se a adoção das medidas administrativas e jurídicas visando à solução para o prédio da antiga rodoviária, que tem se tornado foco ou ponto estratégico para ilicitudes, gerando déficit social, prejuízo ao patrimônio público e dano paisagístico ao meio ambiente”, diz o ofício. Levantei o nome de seis promotores que assinaram, e sei que nem todos apóiam a derrubada - aliás, não é isso o que está escrito. A prefeitura, independente de ser sócia no prédio, deve gerir a cidade, e aquela região faz parte da cidade e parece realmente abandonada. Gostaria de ouvir a opinião do MP sobre o uso político do ofício em favor de um empreendimento imobiliário incentivado pelo município, mas o promotor de plantão, Pedro Ivo, que também assinou o documento, não pôde atender o telefone.