18.3.07

Salada com laranja

De Janio de Freitas, na Folha de S. Paulo:

Como sempre, há alguma tapeação política. Difundiu-se que o escolhido para a Agricultura é o maior produtor de sementes de soja. Que nada. O negócio mais produtivo de Odílio Balbinotti é um formidável laranjal. Feito com finalidades diversas, mas sempre de bons frutos financeiros, pela plantação de nomes de empregados seus como "laranjas". Em transações, é justo dizê-lo, que não discriminaram o próprio governo Lula.
A reação antipática à escolha do grande fruticultor causou apreensões a Lula. Com seu alto apreço pelos meios de comunicação, a ponto de querer uma TV só para uso próprio, enquanto no PT alguns pensam em um jornal, Lula adiou a oficialização do novo ministro para averiguar as reações publicadas durante o final de semana. Ou seja, transferiu para jornalistas e entrevistados a sua responsabilidade de escolha.
Com isso, difundiu as apreensões. Nomeado para o Ministério da Integração Nacional, o peemedebista Geddel Vieira Lima, por exemplo, tem justificados motivos para apreensões com o destino do seu ex-liderado na Câmara. Integrante dos memoráveis "anões do Orçamento", Geddel Vieira Lima e sua família são hoje proprietários de várias fazendas. É isso o que mais depressa se aproxima, no Brasil, de desenvolvimento agrário. Compreende-se que Geddel Vieira Lima se preocupe com seu companheiro de partido, comprovadamente dotado das aptidões para facilitar mais desenvolvimentos agrários.
Tarso Genro no Ministério da Justiça é, mais que uma nomeação, uma indagação. Cesar Maia fez-lhe há pouco, pela internet, acusações de gravidade extrema: "não terá limites", diz ele de Tarso Genro, em usar "os arquivos, as investigações e as ações da Polícia Federal" para tornar "os pedidos de financiamento do partido como ordens implícitas" às empresas. Extorsão, pois. A mim, jamais chegou o conhecimento de algo que desse sugestão sequer parecida com aquela possibilidade. De Tarso Genro sempre ouvi tratar-se de pessoa proba, e difícil no trato. Tal como Dilma Rousseff.

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