Coluna do Ronaldo Nezo (quarta)

Câmara
Os vereadores confirmaram ontem, em última votação, a mudança no horário das sessões do Legislativo maringaense. A proposta aprovada é de que os vereadores se reúnam todas as terças e quintas-feiras, às 18h.

Sucesso
A medida visa atrair a população para o plenário da câmara. Atualmente, são poucos populares que acompanham o Legislativo. Particularmente, estou apostando no sucesso da iniciativa. Deve ocorrer um acréscimo de 200% a 300% na participação dos eleitores. Se hoje aparecem por lá três ou quatro interessados em assistir o que debatem os parlamentares, certamente poderemos ter o registro de 10 a 15 pessoas em cada nova sessão.

Reconhecer
Ironias à parte, embora pense que a mudança de horário das sessões da câmara não altere a rotina do plenário, preciso dizer que é louvável a iniciativa dos vereadores – pelo menos estão tentando alguma coisa para levar o povo à Câmara de Maringá.

Trânsito
As ações dos agentes de trânsito são sempre muito bem-vindas. Entretanto, certas coisas precisam ser revistas. Por exemplo, na noite de segunda-feira, servidores da Setran foram até uma faculdade da cidade e multaram todas as motocicletas estacionadas na calçada.

É legal
O ato dos agentes é legal; contudo, é de uma total ausência de bom-senso. A calçada ocupada fica num local de pequena circulação de pedestres. Os transeuntes geralmente são os próprios alunos e, na verdade, a circulação não fica comprometida, porque o espaço ocupado é pequeno – sobra um corredor de largura considerável.

Espaço
A situação é bem simples: como não há vagas para tantas motocicletas e carros na rua, os alunos estacionam sobre o passeio público. Para isso, utilizam como referência o alinhamento das árvores. No entanto, sabe lá por que, os agentes resolveram implicar com as motos.

Palpite
Cá com meus botões, tenho um palpite: é muito mais fácil combater a ilegalidade que não incomoda, aquela que está parada - sem risco de fuga. Fiscalizar ruas e avenidas, veículos em movimento, semáforos etc, dá mais trabalho e, do ponto de vista econômico, rende menos.

Ocupação
Condeno o tipo de ação empreendida pelos agentes do Setran. Eles têm muito mais por fazer. O trânsito da cidade carece do trabalho deles. Entretanto, optam por se ocupar com tarefas menores e que, convenhamos, não trazem nenhum tipo de benefício para reduzir as infrações cometidas, a mortalidade e o número de acidentes registrados em Maringá.

Comparando
Apenas a título de comparação, aproveito o espaço para discutir um problema que realmente incomoda. Enquanto proprietários de motocicletas são multados por ocuparem o espaço de uma calçada com pouca circulação de pedestres, restaurantes e bares mantêm suas mesas nos passeios públicos sem nenhum tipo de punição.

Comparando II
Curioso é que as motocicletas, que não falam, não riem alto, não bebem, não intimidam os pedestres, são passíveis de multa. Já essas empresas com seus clientes estão livres e até possuem o direito de uso das calçadas.

Questionamento
Ao publicar essa discussão no blog Repiquete, um leitor anônimo questionou se eu estaria legislando em causa própria. Caso essa também seja sua pergunta, respondo já: não, caro leitor. Embora não concorde com certas coisas, sou cuidadoso para evitar situações como essas. Sei que nem sempre é possível confiar no bom-senso do poder público.

Defesa
Quanto à defesa dos alunos, faço com a consciência tranqüila. Sei que os agentes têm razão; entretanto, penso que só depois de resolver uma série de problemas que o trânsito de Maringá enfrenta a Setran teria direito moral de multar motociclistas que estacionam numa calçada não usada por pedestres - pior: enquanto estes estão em sala de aula e não podem sequer argumentar com os agentes.

Concluindo
Portanto, reitero aqui a minha opinião: deixarei de reclamar de atitudes como essa quando souber que o restante da cidade onde moro tem todo o trânsito sob o olhar dos agentes da Setran. Enquanto houver falhas na fiscalização de quem está circulando (numa moto, carro, caminhão, carroça etc), não haverá justificativa para ações como a retratada nesta coluna.