O voto de Minerva

Vale a pena ler o que revelou Milton Ravagnani (foto) em sua coluna de hoje, em O Diário:

A fiel Minerva
Na mitologia grega havia muitos deuses. Atena - que dá nome à capital da Grécia até hoje - era a deusa da sabedoria. Presidindo o julgamento de Orestes - que matara Egisto, amante de sua mãe, Clitemnestra, vingando a morte do pai, Agamemnon - precisou dar o voto de desempate (a decisão era tomada por 12 cidadãos, que se dividiram ao meio, a favor e contra o réu), declarando-o inocente. Atena era também conhecida por Minerva. Daí o nome do "voto de Minerva" que desempata as disputas ou julgamentos. A eleição da nova mesa diretora da Câmara de vereadores de Maringá teve algo muito parecido. Não seja afobado com o resultado final, de 10 votos para a chapa atual e cinco dispersos em três outros candidatos. Nos bastidores a história foi bem diferente, e a disputa muito mais apertada do que o resultado final demonstra. Um voto decidiu a nova conformação da mesa diretora.

Forte
Na situação - embora sem assumir publicamente - o atual presidente João Alves Correa, o John (PMDB) contabilizava votos declarados de Mário Hossokawa (PMDB), Francisco Gomes dos Santos, o Chico Caiana (PMDB), e Edith Dias (PP), o seu próprio, além dos não manifestos Márcia Socrepa (PSDB), Belino Bravin (PP) e Aparecido Regini, o Zebrão (PP).

Virando o jogo
A candidatura da oposição, com Humberto Henrique(PT) à frente, contava com os votos dos colegas de chapa Mário Verri (PT) e Valter Viana (PHS) e de Marly Martin (PFL). Na véspera da votação, uma nova chapa foi montada, com Odair Lima, o Fogueteiro (PTB), Altamir dos Santos (PL) Dorival Dias (PSDB), e Walter Guerlles(PTC), este último pleiteando a presidência. Tudo indicava uma vitória pacífica de John Alves, mas esses dois últimos grupos resolveram se unir. Juntos teriam oito votos, suficientes para tirar do atual presidente o seu quarto mandato como presidente da casa.

Fidelidade
Durante toda a manhã da segunda-feira os oito estiveram reunidos e a articulação parecida acertada. Mas logo no início dos trabalhos da sessão extraordinária, que elegeria a nova mesa diretora, Viana anunciou aos colegas que votaria na chapa da situação. O anúncio fez implodir a possibilidade de vitória do grupo encabeçado por Guerlles, pois garantia os oito votos necessários à reeleição da mesa, e este se desarticulou. Ao final dois votos mais engrossaram o grupo vitorioso, o de Altamir e Fogueteiro. O resto é história.
Houve dentre os remanescentes quem insinuasse uma certa, digamos, "trairagem". De jeito nenhum. O que houve foi fidelidade. A fidelidade de Viana aos seus companheiros. Foi dele o "voto de Minerva" necessário para o grupo vitorioso.