A morte espreita a faixa
Por SERGIO MAGGIO
sergio.mg@correioweb.com.br
Adoro mostrar Brasília aos amigos forasteiros e aos amigos dos amigos forasteiros. Pego o carro e saio pelo trajeto monumental, parando de palácio em palácio. Quando estou dirigindo, torço para que aconteça algo de que me orgulho profundamente. Espero o momento de parar na faixa de pedestre. A sensação é de plenitude, quando o cidadão se impõe à máquina. Há cinco anos morando nesta cidade, vi duas cenas que seguem comigo na memória. A primeira delas no asfalto nobre do Sudoeste. Um morador de rua, com enorme saco preto nas costas, deteve o fluxo do trânsito. O indivíduo inexistente para a sociedade desfilou, com a dignidade que lhe cabe por direito, diante de fileiras de modelos de luxo. A outra foi surreal. No Parque da Cidade, um cachorro avançou de súbito sobre a área demarcada para a travessia. Os motoristas, às gargalhadas, frearam para que o animal cumprisse a sua passagem.
O respeito à faixa de pedestre é uma conquista de que não podemos abrir mão. Infelizmente, o Correio tem dado a triste notícia de série de atropelos e mortes sobre a área de segurança. Basta passar para o lado do pedestre para saber como está difícil deter os carros em alta velocidade. É gente desatenta com celular aos ouvidos. Outros acreditam que os 30 segundos, que levarão parados na faixa, vão alterar o cotidiano, marcado por tantos minutos de desperdício. É preciso acenar com a mão. Dá vontade de gritar. “Não quero morrer na faixa!” Fico pensando, com que moral esse motorista vai atravessar a área de segurança quando se transformar em pedestre. E seus filhos, amigos e familiares, que precisam caminhar com segurança?
Na quarta-feira, na faixa do estacionamento externo do Brasília Shopping, um taxista parou bruscamente em cima de dois pedestres. Refeitos do susto, eles reclamaram. De volta, ouviram xingamentos e gritos de um homem descontrolado. O preocupante é que se trata de profissional do trânsito. É preciso que o novo governo do DF retome, com vontade, as campanhas de educação. Conscientizem os motoristas de que parar na faixa de pedestre é construir uma Brasília diferente desta associada aos políticos canalhas, que fazem da cidade um escritório para arrancar dinheiro público.
(Correio Braziliense - Opinião 23/12/2006 )
1 pitacos:
Concordo com você, é preciso retomar a educação no trânsito em Brasília, antes que ela se torne uma Maringá, estúpida, que pensa que pedreste é um NADA e, que só é necessário parar na Avenida Brasil, lá onde não tem semáforo.
Mas não coloque um pignata que pensa que é um magnata e que pobre (e para elles pedestre é sinônimo de POBRE) não é GENTE, infelizmente!
Em nenhuma parte da cidade de Maringá alguém pára para você passar na faixa. É um HORROR!
Socorro (eu não sou o vendido do humberto becker) Miura!
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Vê lá o que vai escrever! Evite agressão e preconceito. Eu não vou mais colocar xizinho; na dúvida, não libero o comentário.