12.11.06

Domingão do Laércio

O escritor Laércio Souto Maior, que no final de semana lançou seu novo livro em Maringá, é assunto de página inteira de dois jornais neste domingo: Gazeta do Povo e O Diário.
Trecho do texto no jornal curitibano, em entrevista a José Carlos Fernandes:

A marcha secreta de Caruaru
O advogado e jornalista pernambucano Laércio Souto Maior, 67 anos, é o protagonista de uma pá de histórias. Participou da luta armada, nas décadas de 60 e 70, e ocupa tribuna de honra entre os homens de imprensa que mais resistiram à ditadura no Paraná – estado que passou a chamar de seu a partir de 1962, quando se mudou para Maringá, Norte do estado.
Mas nenhuma passagem desse arquivo pessoal se compara àquela em que Laércio figura como um observador silencioso e reverente, o famoso “rosto na multidão”. O episódio começa nos tempos dourados de JK, por volta de 1958, quando o moço de Caruaru, mal-chegado à lira dos 20 anos, vê, em meio ao empurra-empurra de um comício, a imagem de um pálido Luiz Carlos Prestes, cujo perfil tinha conhecido ao ler Cavaleiro da Esperança, de Jorge Amado.

Do alto da tribuna, Prestes teria discursado sobre temas pouco palatáveis para um garoto de primeiras barbas e com gana de mudar o mundo – “uma análise de conjuntura política, nacional e internacional”, de acordo com depoimento dado por Souto Maior ao pesquisador Fernando Ponte de Sousa, publicado em 1994 no livro Histórias inacabadas, da Universidade Estadual de Maringá. Mas foi o bastante para que ali nascesse um desejo que consumiria, tempos mais tarde, quase duas décadas de pesquisa na vida do militante, incluindo encontros com o maior mito da esquerda brasileira e até a promoção de uma palestra na antiga sede do Instituto Brasileiro do Café, em Maringá. “Naquele dia, me emocionei. Vi os homens mais ricos da região se levantarem para aplaudir Luiz Carlos Prestes”. O garoto de Caruaru tinha ido longe.

Em O Diário, o texto inicial de Fábio Massali:
"Esse negócio de prisão política sem tortutra é mentira"
O pernambucano Laércio Souto Maior veio para Maringá em 1962. Formado na UEM, foi advogado trabalhista e praticamente trabalhou em todos os jornais maringaenses na década de 70, inclusive em O Diário, onde foi editor-chefe em 1977.
Souto Maior conseguiu da direção de O Diário carta branca para montar a equipe que quisesse e liberdade para escrever em plena ditadura militar. A diretoria do jornal conseguiu resistir às pressões durante oito meses, quando, finalmente, o dispensou.
Como todo o jornalista, Souto Maior tem muita história para contar. Socialista radical, participou de um movimento revolucionário armado sediado em Maringá. Foi preso três vezes durante o regime militar e torturado. Por causa da prisão, precisou assinar seus artigos publicados em O Diário com o pseudônimo de Zé Caruaru.
Hoje, Souto Maior é do quadro de advogados do Estado do Paraná e ocupa três cargos na Secretaria do Trabalho. É coordenador do programa estadual do Seguro Desemprego, advogado responsável pelo programa Teleconsulta Trabalhista e, recentemente, foi convidado para presidir a Comissão de Processo Administrativo e Disciplinar da Secretaria.
Nas horas vagas também é escritor. Já lançou cinco livros. O último é uma antologia sobre poemas escritos por diversos autores, brasileiros e estrangeiros, em homenagem a Luis Carlos Prestes e um ensaio, de sua autoria, sobre o Cavaleiro da Esperança. O lançamento em Maringá foi na sexta-feira.
Seu próximo livro será sobre a "pendência Brasil x Estados Unidos", trazendo fatos como a esquadra norte-americana que abriu fogo contra a Marinha em plena Baía da Guanabara em fevereiro de 1894. Apenas um navio respondeu ao ataque.

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