23.10.06

"As coisas acontecem aos soluços, aos regurgitos"

Mandei um e-mail pro Luis Miura, ex-diretor de Trânsito de Maringá, perguntando das coisas, e este é um trecho da resposta:

Continuo exercitando a dificil ciência do ócio (rs). Sem deixar-me dominar pela indolência. Não quero perder a virtuosa capacidade da indignação. Indignar contra a desonestidade. Indignar contra a incompetência profissionalmente cultivada. Indignar contra a prepotência. Indignar contra a próvisória capacidade "divina" comprada por alguns para exercita-la por quatro anos, renovável por mais quatro. Enfim, manter-me vivo para cultivar o que de bom conquistei juntos com pessoas que cuidam desses mesmos sentimentos.
Continuo em Brasília, retomando algumas relações que a distância esfria naturalmente. Mas sem me esforçar muito pra isso.
Passamos por um período que todos estão cegos, exceto para as tragédias épicas. As coisas acontecem aos soluços, aos regurgitos. Infelizmente faz parte da nossa cultura. A continuidade depende de capacidades pessoais, e de eventuais "caprichos" políticos dos "semideuses. Digo capricho quando defino vontades que, na primeira barreira ou eventual aparente perda política, não resistem e mudam os rumos dos projetos e eventuais programas. Ignoram solenemente pareceres e normas técnicas. Profissionais que acumularam ao longo do tempo experiências e valiosos conhecimentos, são simplesmente "manipulados" para concretizar projetos políticos, nem sempre úteis para a sociedade.
Para não citar outros, digo-lhe que o governador do Distrito Federal foi eleito, e prometeu retirar os pardais. Definir uma única velocidade para ser fiscalizada eletronicamente. Colocar barreiras eletrônicas (a dos portais) em todos o locais críticos. Como se esses locais pudessem ser identificados objetivamente e onde ocorrem acidentes fossem pontuais!
Com essas promessas, se efetivamente o Governador cumprí-las, dificilmente ele fará um trânsito educado e civilizado. Terá enormes dificuldades em efetivar um programa efetivo de pacificação.

9 pitacos:

Paulo Araújo 14:07  

Importante lembrar q o novo governador do DF é aquele que estava envolvido com o escândalo do painel do senado

Anônimo,  14:40  

Maringá não merecia ter perdido esse grande profissional. Mas infelizmente não deixaram ele trabalhar seriamente.

Anônimo,  15:11  

Já foi tarde, que não volte mais aqui com estas idéias de jerico dele

Anônimo,  15:44  

existem pessoas que não sabem valorizar o trabalho das outras... por simples ganancia ou inveja...

Anônimo,  19:19  

Discordo do sujeito que assina como "altamir dos santos".

Nós, população de Maringá, perdemos com a saída do Miura. A prova está nos números dos acidentes e MORTES da última semana.

GRANDE MIURA, pelo pouco tempo, pela grandeza de espírito e, principalmente, pela nobreza da intenção de querer sempre melhorar, independentemente de quem se está atingindo: OBRIGADA!

Ana Maria

Anônimo,  19:57  

Eu discordo plenamente.Quem vem a Mga fica admirado com os motoristas parando na faixa.Eu sei que isso pode ser pouco,mas acredito q apenas faltou-lhe tempo,competencia nunca.

Anônimo,  21:19  

Hum! "Capacidade divina", "semideus", até parece que o Miura está falando do prefeito perfeito, aquelle que se acha!!!

É, Miura, você, na sua simplicidade e humildade não combina com essa "gente" que mente tanto ao POVO. O mesmo POVO que o elegeu pela carinha bonita, jeito de enganar, próprio de quem dá cursos no Sebrae...

Mas há aquela frase "ninguém consegue enganar todo mundo o tempo todo"! Seu tempo está contado!

Faça minhas as palavras da Ana Maria: "Obrigado" e, mais, procure um lugar que o aceite pelo que você é e, principalmente, porque seu trabalho, realmente, SALVA VIDAS!

Anônimo,  21:57  

QUE BOM SABER DO MIURA. EMBORA AS COISAS NÃO ESTEJAM COMO ELE GOSTARIA E COMO A GENTE DESEJARIA QUE ESTIVESSEM, É SEMPRE BOM SABER DO MIURA.

Anônimo,  23:59  

Maringá, antes e depois do Miura - depoimento pessoal:

Antes, eu até arriscava parar na faixa para o pedestre parar, mas era sempre com um frio na barriga, pois estava arriscando receber uma batida. Cheguei a ouvir buzinadas ou frases como “Você é louca !”. Esperar o farol vermelho chegar até a última fase para avançar com o carro, era um verdadeiro sacrilégio. Cheguei a pensar em fazer um pequeno cartaz para pregar no meu carro: “CUIDADO: eu respeito sinal de trânsito”. Talvez por achar que um carro é antes um instrumento que pode causar a morte de inocentes, do que simplesmente um meio de transporte, dirijo sempre com certa tensão. Quero continuar a dirigir sempre assim, pois não quero dirigir como se a rua fosse só minha e que “os outros carros que se arranjem na parte da rua que eu não for usar”.
Quem é de Maringá pode acompanhar o reconhecimento cada vez maior do excelente trabalho do Miura. Trabalho que depois, por motivos alheios à sua vontade, infelizmente, foi interrompido. Porém este foi um trabalho que deixou seus frutos. Hoje quando paro, sem sobressaltos, para um pedestre passar, quase sempre lembro do Miura. Além de nunca mais ouvir buzinadas, quase todos pedestres, quando passam, me dão um sorriso, dizem obrigado ou fazem sinal de positivo. Eu fico pensando: puxa, o que faço é minha obrigação, estou cumprindo a lei. Tenho que obedecer a sinalização. Mesmo assim as pessoas agradecem, como se eu estivesse lhes fazendo uma gentileza. Nessas ocasiões tenho uma sensação que acabei definindo como elegante. Isso mesmo: elegante, por estar sendo cordial e educada com os pedestres. Está aí a palavra chave: educada. Quando você sobe no elevador, você pode não cumprimentar ninguém, mas as regras da boa educação recomendam que você cumprimente. Ao ir a uma loja, a pessoa que está ali é paga para lhe atender, mas você diz : por favor..., é o mínimo que se espera de uma pessoa educada. Eu posso não cumprimentar as pessoas, posso não usar o “por favor” ou o “obrigada”, posso também não respeitar a faixa do pedestre e posso ainda jogar lata de refrigerante na rua. Mas, a cada vez que procedo como uma pessoa educada, sei que posso tornar a mim mesma, cada vez mais, uma pessoa elegante.

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