5.6.06

E viva a Copa do Mundo!

Por Valter Baptistoni:

Charles Miller, brasileiro, paulista, foi enviado para a Inglaterra a fim de estudar no país de origem de seus pais em 1884 quando tinha 10 anos de idade. Lá conheceu o futebol que é atribuído como invenção inglesa, porém existem versões que atestam os chineses como inventor deste esporte o que teria sido aperfeiçoado pelos ingleses.
Em 1894 em companhia de um amigo, Oscar Cox, traz para o Brasil na bagagem as regras do esporte aprendido. Era um desportista e implanta o futebol no Brasil. Miller faleceu em 1953.
Também existem relatos de que marinheiros ingleses, nas suas horas de folga, jogavam futebol nas praias brasileiras no final do século XIX.
Um outro ícone do futebol é o francês Jules Rimet que em 1928 presidindo a FIFA (Federation Internacionale de Football Association) cria a Copa do Mundo de Futebol. A primeira Copa foi em 1930 com 16 seleções disputando o título mundial, onde não havia ainda as eliminatórias e tendo o Uruguai como primeiro campeão.
A Copa do Mundo que acontece a cada quatro anos pode ser considerado um fenômeno econômico/histórico, afinal de contas ela movimenta uma economia fantástica em vários países, gera empregos e renda. Este ano é esperado o recorde histórico em numero de aparelhos de televisão vendidos. Só um fabricante estima vender no Brasil 35.000 televisores de plasma, a sensação tecnológica do momento e que ainda custam muito caro para nosso padrão monetário. A Nike, empresa patrocinadora da seleção brasileira estima faturar 40% a mais que em outras Copas e só na Europa calcula-se que pela primeira vez na história do mercado publicitário se ultrapasse a barreira dos US$ 1 bi. Num mesmo evento.
O Brasil é um apaixonado por futebol, disto ninguém no mundo duvida. Único país a participar de todos os campeonatos leva o maior numero de títulos e agora pretende alcançar o sexto deles. Cada garoto de 10 anos neste país, com raríssimas exceções, já deve ter sonhado um dia em ser um Ronaldinho, ou num passado recente, um Pelé, Rivelino etc.
Deixemos de lado o fato de o futebol trazer lucros financeiros para o Brasil e vamos analisar o que ele trás de pior.
Se você ligar a TV nestes dias notará que a maioria dos noticiários falará da Copa do Mundo, todos os detalhes são discutidos até a velocidade da bola em jogo e distância em metros do gol. Em cada esquina, cada roda de bate papo o assunto do momento será o mesmo.
Não é interessante a transformação urbana que acontece? Carros carregam fitas verdes e amarelas em suas antenas, janelas têm pendurada a bandeira brasileira e vejam só; o Hino Nacional, outro símbolo de nosso país é entoado em praticamente todos os lares brasileiros na hora dos jogos. Imaginar um apagão nesta hora seria suicídio político para os dirigentes da nação. Não se percebe este sentimento nacional quando ocorrem as eleições, quando o Brasil comemora sua independência; o 7 de setembro, o dia de Tiradentes e tantas outras datas históricas que deveriam servir para reafirmar o nosso ideal de nação.
Durante a copa do mundo é um dos raros momentos em que podemos ver o interesse comum dos brasileiros; não há divisão de classes nesta hora se levarmos em conta que praticamente todos os lares estarão assistindo aos jogos (é claro que as diferenças podem ser notadas quanto à divisão de classes quando a TV é das antigas ou LCD) e quando o Brasil faz um gol o grito que é entoado pode ser do favelado comendo um espeto de gato com caipirinha ou do burguês traçando uma costela ao fogo de chão com chopp, mas o grito de gol é o mesmo. Acaba a Copa, voltamos a nossa rotina e ostentamos no peito a camiseta brasileira, (em tecido ¨dryfit¨ou falsificada) quem sabe se com a sexta estrela, e podemos nos orgulhar: somos o numero um no mundo.
Triste realidade; acordamos do lúdico e passamos ao nosso cotidiano de primeiro no mundo em arrecadação de impostos, entre os primeiros no mundo com a pior distribuição de renda e olha que somos ¨o celeiro do mundo¨.
Dá pra saber que somos um país alegre, acolhedor afinal de contas temos o melhor time de futebol do planeta, a maior festa popular, mas o Brasil tem seus antagonismos e diferenças sociais gritantes, quando será ou qual será a geração corajosa que começará a agir e mudar isto?
Nos anos setenta um hino tornou-se popular que dizia ¨este é um país que vai pra frente¨ ou ¨eu te amo meu Brasil, eu te amo, ninguém segura a juventude do Brasil¨. Resta sabermos onde está esta juventude, onde está este povo que não tolera corrupção, que não aceita ver seu compatriota desempregado, que não se conforma com um brasileirinho morrer na porta de um hospital sem atendimento.....Acorda Brasil!

(*) Valter Baptistoni - Historiador
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Imperdível: olhem este desenho animado aqui, que trata do mesmo assunto.

1 pitacos:

Fábio Linjardi 09:53  

O historiador tem que aprender a enxugar o texto.

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