Manual de Etiqueta
De Ruth Bolognese, na Folha de Londrina:
Como se comportar diante de um Deputado envolvido em CPIs
A vida brasileira está trazendo novos desafios de como se comportar em sociedade. Já está superada a fase da convivência com ex-mulher, ex-marido, ex-cunhados ou ex-qualquer coisa, pela popularização da figura do ex. Basta cumprimentar sem beliscar e pronto.
O desafio, hoje, para todo mundo que frequenta sala de aeroporto, ante-sala de terapeuta, salinha íntima de presídio e plenários de casas de leis, é saber exatamente como se comportar diante de um deputado cassado, em vias de ser cassado, ou citado nas listas memoráveis de sanguessugas ou dos 40 indiciados do Governo Lula. Ou em tudo, ao mesmo tempo agora.
Como estas listas se ampliam a cada dia que passa, todo brasileiro adulto está sujeito a um encontro repentino destes, a qualquer momento. Pode ser deputado amigo, em quem se votou na última eleição, para quem se fez campanha ou mesmo conhecido, do próprio estado ou região. Por isso, é melhor prevenir agora do que passar vergonha na hora H.
Para colaborar com o bem do público, enumeramos aqui uma lista (sempre ela) de como agir no momento crucial. Vamos lá.
O que não se deve fazer
Ao encontrar o deputado ''listado'', em qualquer circunstância você não deve, sob hipótese nenhuma:
1) Olhar para ele, baixar um dos ombros e dizer ''Aaaahaaa!''
2) Cumprimentá-lo com a mão direita e tentar esconder a carteira com a esquerda
3) Perguntar, antes de qualquer coisa, ''e a sua mãe, como vai?'' mesmo que conheça a mãe dele
4) Olhar, mais de uma vez para a maleta que, porventura, ele estiver carregando
5) Pedir documentos
6) Comentar que as algemas dele parecem pulseiras de prata
7) Perguntar se ele já viu o Fernandinho (Beira-Mar) tomando sol
8) Tentar acalmá-lo no caso de soar uma sirene
9) Tentar escondê-lo no caso de surgir um policial
10) Dizer que ele está mais magro. Ou mais gordo
11) Falar em ''cadeia'' mesmo que seja de rádio e TV; ''caçar'', mesmo que seja no Mato Grosso; ''roubar'', mesmo que seja o tempo dele; ''quadrilha'' mesmo que seja de São João; ''cueca'' mesmo que seja uma piada e ''propina'', mesmo que seja só entre ele e você
12) Apresentar um amigo como ''Fulano de Tal, advogado''
13) Falar mais alto para disfarçar as vaias
14) Afirmar que jogar ovos e tomates desse jeito é desperdício
15) Aconselhar: ''corra enquanto é tempo''
16) Gritar: ''pega ladrão'' porque já será tarde, e
17) Jamais tente enxovalhar um deputado ''listado'' em público, jogá-lo na lama, ou pior, lutar contra ele na própria lama. Lembre-se sempre: os dois vão se sujar. A diferença é que ele vai gostar.
* Esta coluna é uma homenagem ao ex-deputado federal José Borba (PMDB), que renunciou antes de ser cassado e que estava no aeroporto de Maringá, sábado passado, embarcando no vôo das 6h20m.
1 pitacos:
Disseram que esse ex-deputado (bem sem vergonha, diga-se de passagem) fez uma festa de casamento para o filho dele com pompa de família real britânica.
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Vê lá o que vai escrever! Evite agressão e preconceito. Eu não vou mais colocar xizinho; na dúvida, não libero o comentário.